Coleção pessoal de SuelenJP
A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.
A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.
Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.
O presente
Amor será dar de presente ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si.
A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.
Curativos para um Coração Partido
Hoje, acordei sentindo uma grande dor no peito; sentei-me ao pé da cama, coloquei minha mão sobre meu peito, e perguntei ao meu coração:
- O que você tem? Por que está tão inquieto dentro de mim?
Você está doente?
Fiquei uns minutos em silêncio e aí foi minha alma a começar a ficar inquieta. Perguntei a ela:
- O que tens? Porque se atormenta dentro de mim?
Minha alma disse:
- Estou assim porque você está assim; você me faz perguntas, mas não tenho as respostas e sei que isso o faz infeliz. Você se sente tão pequeno, e isso me faz pequeno também. Você queria ser diferente, eu fico triste por você. Você está tão só, e eu me sinto sem você. Mais uma vez tornei a ficar em silêncio. E foi aí que meu coração
meio confuso me respondeu:
- Estou tão triste. Sinto-me tão pequeno. Estou magoado com você!
Fiquei sem jeito e perguntei:
- O que foi que eu te fiz?
Ele respondeu:
Você sofre tanto com as pessoas; preocupa-se com elas, é atencioso, procura ser prestativo e na maioria das vezes, sempre se decepciona. Você ama e depois sofre
e fala que a culpa é minha. Você espera por algo que não vem e fica triste. Aí você chora e dói em mim. Preciso de curativos para um coração partido. Curativos bons.
Perguntei ao meu coração:
- Como assim, bons?
Ele respondeu:
Curativos que estanquem essa sua tristeza, essa sua mágoa,
essa sua solidão. Que estejam com você nos dias frios e nas noites vazias, nos dias de tempestade
e nas horas que você se sentir tão só. Que eles sejam tão grandes que possam envolver seu corpo em um abraço cheio de ternura e que você se sinta seguro e amparado.
Curativos que te façam sentir o quanto você é especial e amado, mesmo que você nunca tenha sentido esse amor, nem de seus próprios pais.
Preciso de bons curativos, que não sejam eternos, afinal nada é para sempre, mas, que não sejam descartáveis. Curativos que absorvam esse sofrimento, essa dor. essa ferida que não se vê, apenas se sente.
Que sejam fortes, e a prova d’água, para que não se estraguem com suas lágrimas, que sejam macios, para poder te fazer carinho nos dias em que você se sentir carente. Curativos que, acima de tudo nunca o decepcionem,
prometendo coisas que não cumpram.
Curativos companheiros e sinceros, que se importem realmente com você. Não quero pena, quero amor. Amor de verdade. Preciso que você também se ame e prometa que vai procurar cuidar mais de mim, sou parte de você e se você sofre eu sofro também.
Queria poder colocar você dentro de mim, secar suas lágrimas, ninar você. Dizer-te que tudo vai passar e te proteger das decepções da sua vida, afinal você já sofreu tanto que não sei como ainda consigo bater forte em seu peito!
Você é especial, pena ninguém perceber isso.
A vida me ensinou a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração, sorrir para às pessoas que não gostam de mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam, calar-me para ouvir, aprender com meus erros, afinal, eu posso ser sempre melhor! Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar, a abrir minhas janelas para o amor. E não temer o futuro, a lutar contra as injustiças. Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo. Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade. Para que eu possa acreditar que tudo vai mudar.
Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. (...) Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso.
Poema de trás para frente e vice versa
Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
(Agora leia de baixo para cima. Este texto possui duas interpretações distintas conforme o fluxo da leitura)
Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.