Coleção pessoal de stefanevolpato
Nós nunca estamos com a pessoa como ela realmente é... Na verdade sempre idealizamos a pessoa como a queremos ou como um dia ela já foi e é essa pessoa que esperamos, que amamos e que cuidamos. O problema nem é na outra pessoa, porque ela esta sendo verdadeira, somos nós que estamos constantemente nos enganando esperando de uma pessoa o que ela não é, e por isso estamos nos sentindo sempre decepcionados e dizemos: "Nossa, eu não esperava isso do Fulano". É muita falta de sinceridade com nós mesmos e o pior é que ainda cobramos a sinceridade dos outros...
Fazer o que né...
A Fé não está em Deus, muito menos nos santos, acredito que a fé que é tão falada acontece em primeiro lugar quando acreditamos em nós mesmos, quando temos fé no amor e na existência de Deus, quando temos fé em tudo aquilo que queremos e também quando depositamos nossas expectativas nas outras pessoas não se importando em sermos correspondidos, nem em sermos magoados... O importante é tê-la sempre, pois é ela que traz tudo de bom que almejamos e é a falta dela que nos faz perder os nossos propósitos. Só a fé em nós mesmos pode nos tirar dos piores obstáculos da vida!
Cultive pessoas que querem o seu bem ao seu redor, de que adianta estar sempre rodeado de pessoas (falsas que ficam perto só em momentos bons) se no final elas vão embora? E você? estará sempre sozinho. Se quantidade fosse importe, não existiria qualidade. Amar a si próprio não significa que você não tenha que amar outras pessoas, ou melhor, que você não precise de que outras pessoas te amem!
Quando se ama alguém é corriqueiro dizer: "O meu coração é seu". Grandes tolos os que acreditam. Quando amamos de verdade doamos ao ser amado A PRÓPRIA VIDA!
Eu tenho medo de acreditar em você, de te desejar tanto tanto e acabar descobrindo que eu ainda tenho um coração e que ele ainda pode amar muito alguém. Não, eu digo a mim mesma, eu não vou me apaixonar e nem desejar saber tudo ao seu respeito, querer conhecer sua mãe e ser apresentada aos seus amigos.Você não sabe, mas quando eu chego em casa eu repasso cada palavra que você disse, cada gesto que você fez, cada beijo seu e me pergunto se vale mesmo a pena…
Amantes de primeira viagem… Quem me dera ainda estivesse nessa fase da vida. Por muito tempo andei me julgando por ter um amor mal resolvido que me seguia em todos os lugares como um fantasma do passado, como a divisão entre o passado e o presente, entre o errado e as possíveis certezas, mas percebi que não sou a única, venho fazendo minhas contas e acho que quem ainda não se apegou a ninguém tem sorte, por enquanto… O ruim é fazer de seu primeiro amor aquele alguém que já tem um fantasma a tiracolo porque, quem tem sabe do que estou falando. Quem já amou um dia, pela primeira vez, sabe como é. Aquele friozinho na barriga, aqueles planos para quando vocês estiverem com 80 anos de casados, aquela segurança, aquela fé de que tudo o que o outro fala é verdade, aquela fé de que, com uns olhos desses, essa pessoa jamais será capaz de te machucar. E é justamente aí que caímos. Agora, machucados e aparentemente cicatrizados, nada é como antes, conseguimos andar e falar normalmente, trabalhar e ser bons de cama como nunca, conseguimos amar mais um, dois, cinco e até trinta se você quiser. Em frente ao espelho e ao mundo juramos que com aquele lá tudo não passou de um erro. Pare. Pense. Confesse a você mesma que, infelizmente (ou felizmente), aquela história de que primeiro amor a gente nunca esquece é verdade, porque mesmo depois de anos, se seu fantasma se materializar diante de você e te pedir para largar tudo e ir com ele, você pode até pensar muito e dizer não, mas se você for louca a ponto de dar ouvidos a um coração machucado, você vai… E você sabe que vai.
Vou ser feliz, sem me importar com o que isso irá causar aos outros… o importante é que não estou fazendo mal a ninguém, pelo contrário! Estou apenas enterrando as impurezas e toxinas da minha vida e deixando brotar uma bela e frutífera árvore.
Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.
O amor nunca morre de morte natural. Añais Nin estava certa.
Morre porque o matamos ou o deixamos morrer.
Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença.
Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia.
Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados.
O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos.
Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.
O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.
O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.
Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos.
No mínimo, merecia ser incriminado por omissão.
Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria.
Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas.
Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas.
Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.
O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever.
O amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.
Não conheço vingança perfeita. Não se vingar talvez seja a melhor vingança. Fazer esperar uma resposta que nunca virá.
Fazer tudo para agradar é o caminho mais rápido para a rejeição. Todo charme tem um pouco de antipatia.
Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.
Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar.
Fechamos os olhos para garantir a memória da memória.
É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras.
Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo.
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória.
Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível.
Viver é boiar, recordar é nadar.
Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida
inteira. Amizade não é dependência, submissão. Não se tem amigos
para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da
letra. É independência, é respeito. O que é mais importante: a
proximidade física ou afetiva?
Assim como há os amigos imaginários da infância,
há os amigos invisíveis da maturidade. Aqueles que não
estão perto podem estar dentro. Amigo é o que fica depois da
ressaca. É glicose no sangue. A serenidade.
Até hoje não diferencio os cogumelos venenosos dos sadios. Como descobrir o que mata sem morrer um pouco por vez?
Uma relação nem sempre termina porque não é feliz. Às vezes termina para preservar a felicidade da memória.
O AMOR NO COLO
A dor não pede compreensão, pede respeito. Não abandonar a cadeira, ficar sentado na posição em que ela é mais aguda.
Vejo homens que não têm coragem de terminar o relacionamento. Que não esclarecem que acabou. Que deixam que os outros entendam o que desejam entender. Que preferem fugir do barraco e do abraço esmurrado. Saem de mansinho, explicando que é melhor assim: não falar nada, não explicar, acontece com todo mundo.
Encostam a porta de sua casa (não trancam) e partem para outra vida.
Não é melhor assim. Não tem como abafar os ruídos do choro. O corpo não é um travesseiro. Seca com os soluços.
Não é melhor assim. Haverá gritos, disputa, danos. É como beber um remédio, sem empurrar a colher para longe ou moldar cara feia. É engolir o gosto ruim da boca, agüentar o desgosto da falta do beijo.
Será idiota recitar Vinicius de Moraes: "que seja infinito enquanto dure". A despedida não é lugar para poesia.
Haverá uma estranha compaixão pelo passado, a língua recolhendo as lágrimas, o rosto pelo avesso. Haverá sua mulher batendo em seu peito, perguntando: "Por que fez isso comigo?"
Haverá a indignação como última esperança.
Haverá a hesitação entre consolar e brigar, entre devolver o corte e amparar.
Vejo homens que somente encontram força para seduzir uma mulher, não para se distanciar dela.
Para iniciar uma história, não têm medo, não têm receio de falar.
Para encerrar, são evasivos, oblíquos, falsos. Mandam mensageiros.
Não recolhem seus pertences na hora. Voltarão um novo dia para buscar suas coisas.
Não toleram resolver o desespero e datar as lembranças. Guardam a risada histérica para o domingo longe dali.
Mas estar ali é o que o homem precisa. Não virar as costas. Fechar uma história é manter a dignidade de um rosto levantado, ouvindo o que não se quer escutar. Espantado com o que se tornou para aquela mulher que amava. Porque aquilo que ela diz também é verdade. Mesmo que seja desonesto.
Desgraçadamente, há mais desertores do que homens no mundo.
Deveriam olhar fora de si. Observar, por exemplo, a dor de uma mãe que perde seu filho no parto.
O médico colocará o filho morto no colo materno. É cruel e - ao mesmo tempo - necessário. Para que compreenda que ele morreu. Para que ela o veja e desista de procurá-lo. Para que ela perceba que os nove meses não foram invenção, que a gestação não foi loucura. Que o pequeno realmente existiu, que as contrações realmente existiram, que ela tentou trazê-lo à tona. Que possa se afastar da promessa de uma vida, imaginar seu cheiro e batizar seu rosto por um instante.
Descobrir a insuportável e delicada memória que teve um fim, não um final feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda é melhor assim.