Coleção pessoal de srtanatty

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No travesseiro, meus pensamentos são seus.

Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, um alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci pra viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar. Por isso, não me venha com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – pra sair ainda bem melhor do outro lado de lá.

Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é.

Já me falaram que pra ser interessante tem que ser bonito, que pra ser bonito tem que ser magro, que pra ser magro tem que passar fome.
Já me falaram que para ganhar dinheiro tem que trabalhar, mas que pra conseguir um bom trabalho tem que ter sorte e que sorte não se compra no mercadinho da esquina.
Já me falaram que ter sonhos é bobagem, que sonhar muito é ocupação de preguiçoso e que preguiça faz mal.
Que Papai Noel não existe e que só acredita nele quem é criança e que ser criança é tempo finito. Já me falaram que o bom é o preto no branco, que usar preto emagrece e que roupa branca se lava com água sanitária.
Que dormir oito horas é o certo, desde que se deite às 10h e se levante às 6h, passando disso te chamam de desocupado.
Já me falaram que ler é importante, mas que leitura boa é aquela de gente inteligente e que parecer inteligente ta na moda.
Que ser educada é falar baixo, cruzar as pernas quando se senta e que permanecer sentado muito tempo interfere na circulação.
Já me falaram que escrever é terapia e que terapia é coisa de maluco.
Que ser feminina é estar sempre cheirosa e arrumada, mas que mania de arrumação é irritante. Já me falaram que homem adora mulher de unhas pintadas de cor clara e sem celulite.
Que a vida de solteiro é vazia e que a vida de casado enche.
Já me falaram que homem não presta e que amor de verdade é estória de novela mexicana.
Que romantismo é coisa do passado, que pra se dar bem a gente tem que jogar.
Fingir ser.
Fingir sentir.
Fingir sorrir.
Fingir mentir.
Fingir fingir.
Mas, falaram-me tb da importância de ser fiel a mim, de fazer crescer a crença em minhas convicções.
Falaram-me: RODRIGO, seja a senhor das suas opiniões!
Que não existem verdades inexoráveis.
Então, descobri que beleza de verdade é que ta do lado de dentro, que pra ser bonito basta se sentir assim.
Descobri que comer além da conta às vezes não faz mal a ninguém e que dinheiro não é o mais importante.
Aprendi que sorte é materialização do esforço e que o trabalho dignifica qualquer conquista. Descobri que sonho é como o sangue que corre nas veias e que ter preguiça é natural.
Que permanecer criança é tão importante quanto se tornar adulto.
Aprendi que ao preto e ao branco podemos misturar cores e fazer do mundo um arco-íris. Aprendi que não importa dormir 8 min, 8 horas ou 80 anos, se o que vale é estar acordado para os sinais que a vida nos dá.
Aprendi que ser desocupado é um tipo de ocupação que estabelecemos com o nada e que fazer nada também cansa.
Que todo tipo de leitura alimenta desde que nos remexa por dentro.
Que a inteligência da moda é aquela que nos permite entender e aceitar o outro como nosso irmão.
Aprendi que ser educado é demonstrar respeito.
Que gritar limpa o espírito.
Que pra circulação é bom fazer caminhada e que é pra frente que se anda.
Aprendi que caneta e papel em mãos é arma contra a melancolia e que todo mundo precisa de terapia.
Que de médico e louco tb tenho um pouco.
Aprendi que felizes são os malucos, pois eles são livres.
Aprendi que o que irrita é necessário e que até o necessário é prescindível.
Que esmalte escuro fortalece as unhas e que celulite é feminino.
Aprendi que o que preenche a vida não é seu estado civil, mas o recheio que escolhemos para colocar dentro dela.
Aprendi que o sexo masculino é sofisma e, por isso, sempre inconclusivo e inconcluso.
Aprendi que ser antiquada é bacana e que tb posso ser atriz de novela mexicana.
Aprendi que ser mau jogadoro não me torna necessariamente um perdedor.
Aprendi que o amor tb pode vir de mãos dadas com a dor.
Aprendi que não adianta forjar sentimentos, ensaiar sorrisos, maquinar mentiras ou fingir ser fantoche dos acontecimentos.
Aprendi ser EU, com todas as cargas, todos os pesos, todas as dores, amores e dissabores que ser EU me traz. Mas, ser EU, é divertido. Isso, ninguém me falou.
Aprendi sozinho...

Crônica do amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. (...)

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou-a para conhecer sua mãe e ela foi de blusa transparente. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário, ele só escuta Egberto Gismonti e Sivuca. Não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim.

Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes do Ettore Scola, dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuccine al pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem namorado?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.

Ciclo da Vida

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo org*sm*! Não seria perfeito?

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

EU...
Não me deixe esperando, eu não gosto; mas não esteja pronta meia hora antes, ansiedade atrapalha. Sua calma me faz querer estar com você, mas sabe...vamos correr e cair? Eu te ajudo a levantar; mas se for em uma poça de lama, antes eu dou risada de você. Não se preocupe, preocupação não é eficaz e ti torna uma má companhia para mim. Pense em mim! Mas pense mais em você, tente manter o sorriso sempre que eu me atrapalhar (sou um bobo), e se possível, seja outra boba também.

Adoro seu jeito decidido, e não ti acho fraca quando fica confusa, posso lhe oferecer um conselho...sou seu companheiro! E saibamos mesclar nossa amizade, pois ela me faz confiar meus momentos únicos. Sim, você é minha melhor amiga. Gosto de fazer surpresa, então permita que eu as faça; me iluda sempre que possível, mas nunca deixe o começo parecer mentira. A propósito, jamais minta para mim caso você não tenha um ótimo motivo; eu confio em você, já disse. Não me escute, não me leve a sério, não me elogie e não confie em mim, assim você saberá como não estou mais ao seu lado. Mas esqueça isso, sei que é você.

Tenho costume de querer pensar, mas isso não me impede de ser impulsionado, então peço que tenha paciência comigo. E quando eu errar me abrace e não pergunte nada, porque eu farei o mesmo. Não se assuste caso você não me decifre, nem busque em livros a explicação sobre nós, porque não podemos ser descritos. Nunca esqueça sua delicadeza, ela é fantástica e sexy; mas não se faça de um vidro intocável, eu gosto de ti sentir! Caso eu olhar para outra, não se preocupe, sou homem, mas preciso olhar para um momento meu, um momento: “Não há outra igual a você, minha amada”.

E quando ler algo meu, não estranhe caso eu diga que nada ainda disse, você sabe que me embaralho com palavras. E por favor, sonhe comigo e não tente ser igual a mim, gosto de você do jeito que você é.

Embora não confesse abertamente...um dia quero poder escrever no céu: “Tenho experimentado Te Amar, há muito tempo.”

Cocotinhos