Coleção pessoal de SrFidelis
Dizer que preciso de um autoproclamado mestre é o mesmo que dizer que preciso de alguém para caminhar com minhas pernas pra mim.
Há uma grande diferença entre saber o que tem que fazer e fazer o que tem que fazer.
Saber é importante, mas de nada valerá se não o praticar.
Não podemos controlar o que acontecerá, mas podemos nos adaptar e transformar o que está acontecendo agora.
Consciência é estar presente, aqui e agora, atento a tudo e a todos, inclusive você mesmo. Observando sem filtros.
Privo-me de falar sozinho, corpos desocupados, ouvidos de porcelana. Quanto mais percebo, mais distante fico, havendo uma impossibilidade de conexão ocasionada pela não receptividade mútua.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura revela-se inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua, porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.
Consciência em stand by, esperando que alguma fagulha de luz selvagem entre sobre todas as crenças inquestionavelmente preconcebidas e claustrofóbicas que legitimam a educação possam ser esquecidas e desconstruídas.
A nossa criança interior, verdadeiro eu, se manisfesta como sentimento nostálgico que, sentimos e não sabemos o que é.
Ver o mundo, as coisas perigosas por vir, ver por trás dos muros, se aproximar, encontrar o outro e sentir. Esse é o propósito da vida.
Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer.