Coleção pessoal de SimonyThomazini
O que eu gosto nele é aquele jeito sem pudor. No dizer popular “safado”. Toda mulher gosta de um homem “safado”. Deixando claro que safado a qual me refiro é no sentido de deixá-la querendo mais. Nós sabemos que são poucos os homens que conseguem essa proeza. E ele faz isso comigo. Claro, que ele não sabe, não sempre. Mulher inteligente nunca deixa o homem desvendar todos os seus segredos. Acho que carreguei isso da minha mãe. Baú aberto não protege tesouro. A pulsão incontrolável de contornar o meu desejo e deixar esvaziá-la em mim mesma. Quando estou em suas mãos sou dele. Isso sim, eu faço questão que saiba. Homem gosta de se sentir o “rei do pedaço”. O único de uma mulher. O responsável por satisfazer toda e qualquer fantasia sua. Detenho o meu poder nesse momento. O poder é todo dele e de forma sublime, como sempre. Enquanto ele me olha com aquele olhar desconfiado e inseguro, eu apenas o abraço e respondo a sua pergunta sem dizê-la verbalmente. Nesse momento não há jogos de poder. O tempo necessário pra que se confirmem algumas coisas. Sabemos que o prazer é efêmero. Precisa ser confirmado sempre que posto em questão. Sou como o prazer, deixo ele achar as respostas em determinados momentos, mas nunca o tempo todo.
Eu não sou muito simpática. Reservo o meu sorriso pra quem me faz bem. Mas isso não diz muito sobre meu caráter. Eu me conservo. Sou pra poucos. Isso não me faz uma pessoa ruim. É que eu me fiz seletiva diante do filtro seletivo que a vida fez comigo. Como disse, sou pra poucos. Não sou do tipo que você olha e percebe na hora. Sou de lua. Intempestiva. Mas isso não diz quem eu sou de verdade. Sou o que fizeram de mim. Sou o que eu fiz de mim. Nem pra mais, nem para menos. Me entender é um processo, lento e gradativo. Só alguns poucos conseguem.
A grande diferença entre eu e você é que você precisa se agarrar em algo que seja capaz de te dar segurança. Alívio aos pés cansados. Alívio a mente distorcida. Alívio à vida. Alívio ao coração desolado. Alívios. Eu sou diferente. Eu desconfio de todo e qualquer caminho certinho demais. Eu aperto o passo, corro se for preciso. Às vezes até ultrapasso meus limites, mas não desisto. Eu jamais serei uma mulher de me contentar com alívios imediatos. Não há como me fazer mal se não me causa de alguma forma. Tem que causar. Tem que deixar marcas. Tem que confundir. Tem que me tirar os pés do chão. Alguém só me leva pra sua vida, se eu respirar vida por todos os poros de minha pele.
Me tire daqui. Me leve pro teu universo particular. E mais: Me faça ficar, sem querer fugir. Andei fugindo tanto.... Essa vida de indas e vindas não me satisfaz mais. Me faça ficar. Me dê motivos pra ficar e nunca mais querer fugir. Me faça parar de correr. E eu prometo ficar e em troca te dar meu bem mais precioso: Meu coração.
O que me deixa indignada não são os olhos inchados, nem a ausência, nem a indiferença, nem o torpor em não sentir mais nada. O que me indigna são os dias azuis, as alegrias cultivadas e os sorrisos frequentes que de repente desapareceram. Não me peça pra entender. Não me peça pra racionalizar minhas emoções, porque eu não consigo! As vezes as coisas simplesmente "são" e não podemos nos questionar... Algumas coisas boas ,por alguma razão se vão. Talvez seja um prelúdio de que algo melhor irá acontecer. Esperança não é só uma palavra bonita. Ela existe pra quem verdadeiramente acredita nela. E eu acredito.
Ando angustiada demais comigo mesma. Sacanagem minha mente insiste em repetir. Sacanagem você querer tanto, você desejar tanto, você se ferrar tanto! Não, infelizmente as expectativas sempre acabam por sufocar a realidade. Ando angustiada demais com todo esse pudor, com toda essa defesa, com toda essa besteira de se fechar pra não se ferir, pra não se ferrar e no fim, você se ferra do mesmo jeito. A realidade é cruel, e é piegas mesmo, clichê e o ciclo quase sempre se repete..Sacanagem! Sacanagem dessa vida que nos leva do céu ao inferno em segundos. E a gente nunca se acostuma com isso porque tem uma “maldita” esperança que te consome e te faz pensar que da próxima vez vai ser diferente. E repetir isso só confirma a premissa que não vai ser diferente. Só vai ser diferente quando você não estiver esperando nada, absolutamente e absurdamente nada. Então, quer saber? A partir de hoje parei de me consumir, de desejar. Serei coadjuvante de minha vida por livre e espontânea vontade. Chega uma hora que atuar muito cansa. E eu cansei.
Há verdades que calei dizendo. Há sorrisos que conquistaram a face, mas não chegaram ao coração. Quantos "sim" ditos, quando tudo o que queria era dizer "não". A educação não se compadece da minha alma, que dia a dia adoece. Minhas verdades, minhas mentiras, meus "sim", meu sorriso forçado se desfalecem em plena luz do dia. Nego a verdade, escancaro a mentira. Em troca do que? Meu sangue derramado em praça pública. Meu coração atirado a rua. Em troca do quê? Doses homeopáticas de um lento suicídio dia após dia apelando por paz. Bandeira Branca. Chega. Não há ninguém do outro lado. As paredes do meu quarto nunca foram tão brancas, e o alívio nunca foi tão verdadeiro. Paz.
Inescrupulosa. De coração frio e sem afetos. Insensível. Intransponível. É, talvez eu tenha me fechado mesmo. Talvez eu seja aquela garota que todo garoto quer fugir e tem medo. Talvez essa seja eu. Vagando num mundo de gelo. Atirando bolos de neve em todo e qualquer homem que ousar... Essa talvez seja eu. Mas eu não era assim, me tornei assim... Tranquei a porta desde então. Me desapeguei do castelo e das princesas com seus finais felizes. Não quero mais essa utopia. Quero apenas o que for verdadeiro. Apenas. E nada mais. Nada.
Estou naquela fase azul, mas não me julgue porque até Picasso teve uma fase azul.Vinte e poucos anos blues. Pertenço aquele clã de mulheres em pleno desassossego. Quero o máximo das coisas. Quero a palavra certa no momento certo. Nada de dúvidas. Nada a ver com trivialidades. Poupe-me do convencional e do politicamente correto por favor! Quero o avesso. Quero alguém que me faça parar. E ainda assim fazer tudo rodar. Quero o caos e a cura. Poupe-me de tudo que me deixe no chão. Não quero paz, quero revolução. Porque só revoluções fazem histórias.
Quero esquecer tudo o que devo esquecer, para poder me lembrar que ainda estou viva, que ainda posso amar de novo, que ainda posso ser feliz.
To indo embora sim e dessa vez sem me despedir que é pra que o tempo passe depressa apague e esqueça desse adeus. E a vida continue como deve ser...
Eu te falei pra não confiar. Te falei pra não cair nessa de novo. Você nunca me ouve. Ou ouve, mas ignora. Nada aconteceu além do seu prévio conhecimento. Nada é novo e tudo é novo ao mesmo tempo. Você sempre cai nas mesmas e bobas armadilhas, e tudo é novo porque a cada queda uma nova dor surge.
Estúpida! Quantas vezes serão o suficiente para você parar de vez?
Vai precisar sangrar?
Vai precisar tirar pedaços?
Eu não agüento mais te ver assim. Coração bobo eu não sou, mas você me rotula assim por conta própria.
Um dia você vai me ouvir, vai parar e com certeza vai ser tarde. Nisso tudo eu que sofro, eu que sangro quietinho aqui no escuro e frio de ti.
Um último apelo: Saiba me ouvir mais e se me perder nas mãos de quem você não merece saiba, por favor, me encontrar de novo. Os caminhos nunca mudam. Apenas siga os sinais que sempre te dou todos os dias da sua vida a cada batida. É só parar, silenciar e escutar.
Diante das blasfêmias ditas, sussurradas, continuo viva.
Não como mera sobrevivente, mas quase como uma heroína. Palavras me apunhalavam pelas costas. Sentira seus estúpidos efeitos sobre minhas costas frágeis e cambaleantes. Não ousei virar-me. Senti o frio assolar-me por completo. Palavras, tantas palavras, tanta sujeira. Embriaguei-me e entorpeci com o peso descomunal de tantas palavras. Não sucumbi. Não caí. Aguentei. Torturam-me violentamente e sarcasticamente. Minhas costas meu domínio sobre o mundo. Atlas não era nada diante do que eu fui. Diante de quem me tornei. De todas aquelas palavras, do vocabulário esperto e doentio permaneci inerte. Aprendi a usar o escudo só quando de fato preciso lutar. Minha cara está exposta assim como minhas costas. Tenho um espírito livre que aprendeu voar. Ali, mal algum consegue chegar. Ali, e só ali eu vivo!
Há palavras que desconsertam. Outras subentendem. Outras ainda escancaram. O poder da palavra a gente vê quando ela está no poder. Palavras. Apenas palavras. Mas capaz de mudar todo o resto.
Continuo amaldiçoando você todos os dias antes de dormir, pra que um dia sua alma se canse de se conectar a minha.
Tem dores que eu não gosto de nomeá-las, pois elas me lembram aquilo que eu ainda não consigo esquecer. Uma delas: Saudade.
Coleciono tristezas, fracassos, promessas não cumpridas, dizeres abstratos. Coleciono uma vida de desilusões. E chega um tempo que a coleção fica completa. Esse tempo chegou. Minha coleção de tristezas e desilusões está completa. Qualquer que vir agora, será REPETIDA!, logo, descartada. Não há mais espaço pra nada parecido. Tem que ser diferente, precisa ser diferente. E sou eu quem ditará as regras de meus novos fracassos, minhas novas desilusões. Eu determino quem entra e quem sai. Quem faz morada. A felicidade é minha, e não dos outros. Minha coleção será refeita, totalmente. Porque eu quero mais, porque a vida muda e eu mudo junto com ela.
E hoje ao ver você passar por mim, e a vida entre nós, percebo o quanto a sua presença já não mais "causa", virou "coisa" e coisa meu bem, eu desconsidero.