Coleção pessoal de SimonyThomazini
Fico pensando até quando irei resistir. Até quando posso aguentar. Se é que posso. Os caminhos trilhados antes foram todos tão difíceis. E então me vem você e muda tudo. Não, eu não quero que você mude meu mundo tumultuado, porque de certa forma me sinto segura nele. Estou sempre com o escudo em mãos e a bandeira estrada em frente a minha casa dizendo: Não se aproxime. Tudo sobre controle como sempre planejei. Nada fora do comum. Até agora. Até quando poderei manter o controle eu sinceramente não sei, mas creio fielmente que só o fato de me fazer essa pergunta, me faz crer que já não posso mais. Então, o que me resta é fechar os olhos e fazer uma prece: Que Deus me proteja das dores do coração.
Quando eu notei era amor. Daqueles leves, calmos, sem esperas dramáticas e pensamentos efusivos e destoantes envolto a pessoa. Quando me dei conta vi que era amor, pela paz, pela calmaria que a presença dele me remetia. Era amor, quando percebi que suas palavras invadiam a alma e ali ficavam fazendo brincadeiras com minhas mágoas e meus medos mais íntimos. Era amor, quando os olhos buscavam além do desejo uma alegria em meus sorrisos e isso bastava. Quando eu notei era amor porque até então tudo o que sabia do amor, eram teorias e mais teorias que nunca davam certo na prática errante dos meus relacionamentos intempestivos. Era amor e não poderia ser outra coisa. E mesmo sem compreender os seus inúmeros benefícios tão precocemente presentes nos últimos dias, percebi: É amor que eu quero pra vida inteira!
Ele detém meus passos errantes. Meus olhares fugidios. Meu semblante por vezes cansado. Ele detém minha alegria intensa e minha tristeza mais profunda. Ele detém minha espera. Meus ombros caídos, minhas pernas fraquejantes. Ele detém o suspiro mudo. A voz que por vezes não fala. Ele detém o verso de todos os versos que um dia fiz. Ele não é meu príncipe encantado. Mas detém de mim tudo o que um dia quis. E eu sem ele, nem me lembro mais quem um dia fui.
Todas as alternativas que surgem diante de mim só confundem os passos. Eles não estão cravados rigorosamente ao chão. Também não seguem seus desvios normais diante da confusão nítida a qual estou. Eles se encontram perdidos. Tenho o mapa em mãos, mas os pés não seguem o comando. Percebo que algo maior paralisa. Medo? Angústia? Melhor parar pra descansar. Pés confusos não me levam a lugar algum. Mente confusa me leva a qualquer lugar e tenho que estar satisfeita com a escolha feita. Não é pra ser assim. Preciso de um norte. Estou ao sul de mim mesma. Estou velejando em ventos contrários. Estou indo pra qualquer lugar. Não há placas, pistas que diga que aquele é o caminho certo. Melhor admitir: Eu não sei o que fazer. Existe pergunta mais honesta do que esta?
Acordei como há tantos outros dias, com uma fina camada de esperança e um leve pesar no coração. Mas hoje de alguma forma esse pesar no coração estava mais forte do que os outros dias. Levantei e contemplei sua face serena. A invejei por segundos. Gostaria de ter aquela tranquilidade que o invadia e me invadia, mas não poderia usufruir. Como num caleidoscópio fitei meus medos, angústias, todos analógicos e fragmentados. Olhei ao redor e avistei a janela aberta trazendo o vento que se misturavam aos meus pensamentos melancólicos. Sem fazer barulhos levantei-me e a fechei. Eu sabia que essa dor indiscutível era de alguma forma culpa sua. Eu precisava ir. Acatei a decisão que me sucumbiu.e invadiu a alma. Olhei-o pela última vez, e sem olhar para trás, fui.
Estou fora do ar. É, tem dias que tudo que você quer, é estar ausente. Se possível ausente de si mesmo, o que convenhamos, não é tão difícil. Dias difíceis, dias massivos e compulsivos. Ouço música sem parar. Dirijo apressada pelas ruas da cidade. E as vezes me perco em becos escuros de propósito, tentando me afastar do barulho excessivo das loucuras mundanas. Mas veja só: Estou sozinha com o barulho mais sórdido que alguém poderia ouvir: Meus pensamentos. Eles me fazem ficar tonta.E em fuga ( de novo ) volto ainda mais vazia pra casa. Tem dias que me recolho no quarto e fico inerte olhando o teto. Procurando respostas. Procurando aquele velho clichê que eu odeio, mas me vejo dizendo: “Luz no fim do túnel”. Só que o meu túnel é pintado de preto fosco e claro, sem saída. Ando realista demais. Não adianta. Até minhas próprias fugas estão me entediando. Não há mais lugar pra fugir. Não posso me levar de volta. Não há luz. Não há saída. Sinto que vou enlouquecer. O despertador toca. A realidade se apresenta sorrateira a mim. É, aqui vou eu em mais um dia.
VIDA, essa admirável roda gigante, que ora você está em cima, ora está em baixo. Ora você conhece quem senta ao lado, ora não. Ora você tem medo, ora não.
VIDA, esse eterno movimento de dias sim, dias não. Esse eterno movimento dinâmico, NUNCA estático. Por favor, rode mais devagar, as vezes eu preciso!
Diante das esperas da vida deve haver algo que me faça livre. Entre os dedos que batem apressados sobre a mesa esperando a porta se abrir. Os dedos no telefone esperando ele tocar. Os dedos a boca em busca de refúgio consolador da angústia devastadora que consome. Dedos que viram páginas de livros apressados tentando espantar o tédio. Dedos que apertam o controle da TV em níveis frenéticos. Os dedos perdidos em escritas enfurecidas. Dedos que se ocupam, de todas as formas possíveis. Estar a espera é estar presa. Presa entre dedos, presa em laços invisíveis monocromáticos. E eu espero o dia em que a espera me faça livre. Deve haver um acordo, onde o (des)compasso dos dedos esteja condizente com o compasso quase-certo do coração.
Há dias venho tentando me proteger desse seu sorriso. Há dias venho caminhando com ombros arqueados, posição de um perdedor. É que eu não estou acostumada com tantos afagos, com tanta delicadeza. Logo penso que deve ter algo errado. Eu sei que você me olha com os olhos mais perfeitos do mundo e me diz: “Permita-se”. Mas tem tanta coisa que eu carrego aqui dentro, tanta bagagem que ainda machuca. Se você soubesse o quanto quero você por perto. O quanto quero que mude esse meu mundo todo errado. Essa minha falta de jeito com o amor. Não quero mais percorrer atalhos. Quero o caminho certo. Estou cansada de tudo que me detém os pés em busca de paz. E eu quero, eu só quero, que me leve de volta pra casa.
Tá eu confesso, eu tenho medo de me apaixonar. Mas diz aí: Quem não tem medo? Medo que ele seja a melhor pessoa que você já conheceu. Medo dos pensamentos frenéticos noite e dia em uma só pessoa. Medo de não ser recíproco. Medo de esperar o telefone tocar e não tocar. Medo de ser beijada intensamente, de ser sugada para um universo paralelo onde não está acostumada. Medo do inesperado. Medo do julgamento que ele fará de você. Medo de não ter o que dizer quando ele te fizer um elogio fofo. Medo de depois que você uma vez apaixonada, não poderá reverter mais os fatos. Não há fórmulas. Não ensinam como não se apaixonar, não sofrer, não iludir-se. Paixões sempre são intensas e únicas. Eu sei que é difícil se deixar levar pelos mais diversos tipos de medos, mas não é isso pela qual vale a pena viver? Se arriscar. Quem sabe aquele medo não é tão docemente reconfortante que te faça ficar. Afinal, a gente nunca sabe o tempo que vai durar, mas devo aprender:
O que é de fato verdadeiro sempre fica!
Fugi dos holofotes traiçoeiros e cheios de desordem que me faziam cansar de mim mesma. Nessa viagem intensa encontrei várias mulheres dentro de mim. Algumas adormecidas sob efeito delirante da realidade muitas vezes "forte". Optei pela mulher que estava fora desse universo de coisas demasiadas desnecessárias. Essa mulher era sexy, esperta,moderna, livre. Trouxe-a de mãos dadas a esse mundo. Fiz dela meu porto-seguro. Fiz dela o reflexo no espelho. Fiz dela o que eu quisera fazer de mim. Chega de universos paralelos. Chega de fugir. Agora, quem ditava as regras era eu.
E quando eu falei de amor com ele, ele correspondeu. Falamos a mesma língua. Não gritei, apenas sussurrei. O amor têm urgência de ser. Eu e ele, nada explica. Melhor assim. Deixo-me levar certa, pois quando dois falam de amor, o resultado final é amor, puro e simples amor!
Hoje tive uma experiência epifânica. Acordei num ímpeto, peguei a caneta e escrevi:" Estou farda de estar cheia dos outros e vazia de mim". Assim, num relâmpago, num" insigth", uma EUREKA da mente, do inconsciente, ou de qualquer coisa mística e sobrenatural. Estranho, porque foi como se algo se desprendesse dentro de mim e quando dei vida de fato ao pensamento escrevendo ele no papel, me senti livre. Sempre fui fiel as minhas pulsões. Ou pelo menos, sempre tentei ao máximo ser. Dessa experiência altruísta, cósmica, espiritual, sentimental, ou qualquer coisa do gênero, decidi: Nunca mais estarei vazia de mim, nem por um segundo sequer! Em tempo: Nunca é tarde pra começar e/ou recomeçar.
De todas essas coisas. De todas essas malditas coisas, o que me sobrou é isto. O eterno em um só minuto de distração. Foram tantos "eu te amo" ao vácuo. O que sobrou? Ou seria, o que restou? Restos ou sobras? Restos de um amor doente. Sobras de um amor ausente. Sobras de tudo o que poderia ter sido, e não foi. Restos de lágrimas. Restos de palavras engasgadas. Sobras da falta. Sobras do azar. Restos da desilusão do e "se". Sobras da espera. Sobras e restos.
Nada disso me interessa. Só há um lugar onde restos e sobras pertencem. Este lugar chama-se lixo. Atiro-as com força e de uma só vez. Não olho pra trás. Continuo andando...
-"Hey confia em mim" ele disse. Como se fosse fácil. Como se fosse fácil esquecer toda aquela dor que outros causaram. Como se fosse fácil esquecer todos os "pra sempre" que os outros falaram. Como esquecer de todos os "eu te amo" que os outros disseram? Como esquecer todas as "você é a mulher da minha vida" que todos eles insistiam em repetir sempre? Como esquecer? Como não achar que será igual? Como? Eu sei que ele me causa paz. Mas ainda é tão difícil, as marcas ainda são tão evidentes. "Deixa eu cuidar de você", insiste. As lágrimas invadem o rosto de repente. Porque é tão difícil acreditar? "Confia em mim, repete". Simplesmente fecho os olhos e deixo-me levar por esse sentimento que está timidamente crescendo em mim." Me promete uma coisa?" Digo. "Não me abandone quando conhecer o meu outro lado, fique comigo.E eu prometo te dar o que nenhum homem teve de mim- porque sempre foram embora antes de ver - minha alma. Todos eles tocaram meu coração, mão não a minha alma. Apenas te peço que: Fique comigo".
Assumo o meu coração vazio. Sim, eu assumo. Não há pensamentos dirigidos a ninguém. Não há "frios na barriga". Não há noites sem sono. Não há ligações frenéticas. Não há promessas. Não há expectativas. Não há amor! Mas não pense que isso é triste, porque não é! Eu estou bem em assumir meu coração vazio. Existem fases. Essa é uma delas. E como todas as fases, não duram pra sempre! O coração pode estar vazio, mas a fé é imensa. O coração pode estar vazio, mas a esperança ainda existe. O vazio pode ser enfim, preenchido. Essa é a próxima fase. Falaremos sobre essa fase do coração "cheio" depois quando de fato ela existir, mas agora eu vou bem obrigada com meu coração legitimamente assumido, vazio.
Há às vezes uma certa incongruência do que quero realmente escrever com o que tenho sentido. As vezes o desejo de sentir ultrapassa o poder das palavras. As vezes tudo o que eu quero de verdade, é largar o papel e sentir. Apenas sentir
Eu não sei ser pouco. Eu não sei dar pouco. O meu corpo é sempre essa “coisa” intensa transpirando adrenalina de alguma forma. Meus sentimentos sempre invadem tudo e já começam grande desde o início. Não sei ser menos, um pouco de cada coisa. Sou tudo logo de cara. Ainda que me prendessem em uma garrafa eu estaria inteira em cada gota. Se você quiser uma gota que seja, vou logo avisando que ficará de ressaca, mas te aviso que a ressaca é de poesia, de luzes, de suspiros e não existe coisa melhor. Porque eu sou assim, impossível de ter em mãos mas, capaz de te dar o mundo todo em questão de segundos.
Eu não tenho tempo pra meias verdades. Pra pessoas covas rasas. Pra assuntos “senso comum”. Sem tempo algum pra mentiras. Eu realmente não tenho tempo pra culpas. Pra atrasos. Pra raivas desmedidas. Pra enganos. Pra contorcionismo da mente em busca do prazer efêmero que substituem a dor latente. Não tenho tempo pra apatia. Pra sorrisos forçados. Pra agrados. Pra “améns”, sem o meu consentimento sincero. Eu não tenho tempo pra amar quem não me ama, nem me satisfazer com pouco. Eu sinceramente não tempo pra nada que não me faça sentir verdadeiramente. Nada que negue minha integridade e minha identidade, de ser sempre eu.
Não que eu queira as coisas sempre tão fáceis, mas não suporto nada tão difícil. Estou cansada de tirar férias desse amor líquido que se dissolve (sempre) diante dos meus olhos. Não sei se devo ir ou se devo ficar. Esta à espera é estar a deriva, de nada! Ou é, ou não é. Ser morno nunca convenceu ninguém. Instâncias imprevisíveis nunca me satisfazem. Nunca me levaram a lugar algum. O intervalo do amor ruim, é aquele leve suspiro de desespero o cair bruto e árduo ao chão. Não, eu não estou pronta pra cair. Eu não vou cair de mãos vazias! As dificuldades ganham forma em minha mente eu sei, mas, estou dizendo que não aguento mais nada tão difícil ( sempre). Nunca sei o momento certo de me retirar, mas, os sinais avisam e gritam em coro: Saia. E saia depressa! O cansaço cedeu. Me venceu. Bandeira branca. Chega!.