Coleção pessoal de SimonyThomazini
Há dias em que estou sob efeito do silêncio. Nesse dia tente não se aproximar de mim. Tente não falar. Procure pelos sinais que deixo. Um abraço seria o melhor. Um sorriso talvez seja também de bom grado. Porque há dias em que eu não estou na vibe “amorzinho” ou na vibe “boa companhia”. Estou revestida de silêncios e estou acontecendo por dentro. Respeite. Aquilo que não digo talvez seja o diálogo mais importante. Se você não consegue entender com meu silêncio, não está pronto pra lidar com minhas verdades expostas.
Levanta agora dessa cama. Deixe minhas coisas. Deixe nossa história. Deixe tudo aqui e tranque a porta. Leve suas desculpas. Leve os dias ensolarados. Leve tudo o que precisar. E me deixe aqui, sozinha. Deixe o vazio da ausência se alastrar por completo. Deixe o silêncio das palavras não-ditas engasgarem. Deixe o meu coração quando atravessar aquela porta. E um último pedido: Por favor leve com você todo esse amor que eu plantei pra ti. Ele não serve mais pra mim.
Depois de tantos esforços, tantas buscas, encontros e desencontros espero que eu possa encontrar um lugar seguro dentro de mim. Mesmo que vez ou outra a memória ainda acessar lugares tristes, pessoas insensíveis que causaram dor ainda latentes, certos padrões e costumes que eu ainda não pude mudar. Que eu tenha convicção de que o melhor está por vir e que lutarei até o fim por isso.
E há noites em que são mais fáceis de se perder a cabeça. Não sei bem o motivo, mas, existem noites que parecem que são feitas pra se enlouquecer. Assim, devagar. As paredes brancas do quarto não dizem nada, embora eu quisesse que dali brotassem alguma esperança... Eu acho que gosto desse prazer que a loucura dá. Travo batalhas em meus diálogos insanos sobre o que fazer da vida. Sobre o que fazer com as pessoas. Sobre o que fazer de mim. Não chego a respostas exatas, mas, o caminho percorrido é sempre interessante. Sempre me perco em meus transes. Sou capaz de ficar em transes assim por horas e tudo bem, não sou diagnosticada portadora de algum distúrbio. Apenas preciso das minhas loucuras pra saber mais de mim. Preciso estar em mim com as loucuras que carrego. Não seria capaz de me reconhecer sem elas.E hoje é uma daquelas noites em que eu preciso enlouquecer, só pra poder me lembrar de quem eu sou.
Eu ainda não o conheço, mas, sei que ele existe. Não sei quais são seus gostos preferidos, seus medos, seus defeitos. Não sei se ele vai aturar minha instabilidade emocional, meu jeito genioso e minha fragilidade extrema. Eu não sei nada a seu respeito. Mas se ele confessar que quer ficar comigo e que está disposto a enfrentar tudo o que vem junto comigo, eu prometo dar absolutamente todo o meu melhor. Porque não sou mulher de perder tempo e energia de dar o meu melhor a quem não merece, a quem não vale a pena. Se ele ficar, eu sei que será verdadeiro e hoje a minha vida só tem espaço pra isso.
Coisas inteiras e verdadeiras!
Tive medo de não chegar a tempo. Medo de não encontrar as respostas. Medo de sucumbir com o peso das dúvidas. As vezes acho que não tenho dom pra paciência. Essa coisa de esperar, não é comigo. Eu conto as horas, os minutos, os segundos. Eu olho repetidamente e freneticamente o relógio. Eu conto tudo o que estiver ao meu alcance em fúria. Quando a vida acelera eu perco o foco. Quando a vida vai devagar eu acelero. Eu estou em desarmonia constante. Quando percebo que a respiração acelera e coração segue o ritmo sei que é hora de parar. Ainda existe um mínimo de controle e bom senso, pelo menos por enquanto.
Havia um tempo em que eu sabia cuidar de mim. Sabia do que precisava. Sabia o que queria. Eu era jovem, jovem demais e o futuro estava tão distante. O futuro dava uma espécie de aconchego, porque ainda estava longe e não exigiam de mim, atitudes. Eu sabia que eu queria ser. Eu sabia quem eu poderia ser. Mas aí veio o tempo, vieram às dificuldades, vieram os medos, veio a maturidade (que tarda, mas vem) e estou confusa de novo. Minhas pessoas preferidas no mundo me decepcionaram. Fizeram-me excluí-las da minha vida. Estabeleci novas regras. Estabeleci limites. Mudei tudo aquilo que construí ao longo dos anos, pelos outros e por proteção a mim mesma. Percebi que confiar e ter amor-próprio estão intimamente ligados. Percebi que muitas pessoas simplesmente não se importam. E quem deve decidir o que fazer sobre isso, sou e sempre será eu mesma. Eu que era tão inocente, tão amável, me tornei dura, seca, e até mesmo apática. A inocência é a única coisa que não volta mais. Havia um tempo em que eu sabia como cuidar de mim. Agora, estou sozinha. Penso e ajo por mim mesma. E crescer não é como nos filmes e histórias de livros. Os monstros não estão debaixo da cama. Os monstros estão na cabeça, dia e noite. E eu preciso matá-los se quiser continuar viva. Não dá pra fugir. E é por isso que estou confusa. Não sou a mesma de ontem e provavelmente estarei diferente amanhã. Eu me faço diante dos fatos. Eu estou sendo e vou continuar a ser ainda que tudo a minha volta não esteja como nos meus sonhos. Eu preciso cuidar de mim de novo. Eu preciso!
Quero investir no meu avesso. Quero o lado inverso da organização. Não quero seguir regras preestabelecidas. Não quero compaixão. Quero aquilo que me faça sentir viva. Quero vísceras exposta. Quero calor nas veias. Quero que você exija o meu lado avesso. Porque só sou eu mesma, quando esse lado está todo à mostra.
Você não entende, mas eu não mereço um qualquer-amor. O coração arranhado já conheceu o lado obscuro do amor. Não mereço o lado torto, desajeitado, mistificado do amor. Eu quero o impecável. Quero o acordo que une, o nó que desata. Quero tocar o impossível. Ser sugada para outro mundo. Quebrar barreiras. Investir no meu avesso. Quero ser de alguém, sem me trair. Sem me ultrapassar. Sem desmerecimentos. Você não entende, mas eu preciso amar um amor que me mereça por inteira. Não quero entender o processo do amor. Não quero ler os sinais do amor. Eu quero ser levada por ele. Eu quero em minha ousadia máxima, ser o próprio amor. Porque eu não amo aquilo que entendo. Eu só amo aquilo que eu não entendo. Aquilo, que eu apenas sinto.
Apenas, respire. Repetia isso a mim constantemente ao acordar do sonho que acabara de ter. Sonhos são sempre analógicos, metafóricos, carregados de interpretações caso eu os revelasse a meu analista.
Eu estava em uma piscina e havia alguém que por alguma razão eu não conseguia identificar que tentava me puxar para baixo. Eu tentava subir á superfície, mas, era impedida por esse alguém. Eu lutava com as mãos em vão. E quando estava á um passo de desfalecer esse alguém me soltava. Conseguia respirar aliviada, mas, não conseguia ver nada. E numa fração de segundos lá estava eu de volta a briga pela vida novamente. Isso continuou por um tempo que eu não sei dizer. E quando estava a ponto de desfalecer de novo ouço sinto um outro alguém me tirar com fúria dessa loucura toda. Também não consigo ver. Não consigo entender. Estou embalada em braços desconhecidos e só consigo ouvir uma voz masculina que diz: “Apenas, respire. Você está salva. Está comigo”. Acordei assustada, mas, ao mesmo tempo me sentindo tão segura. E repetia aquilo que virou um mantra: “Apenas, respire. Você está salva.”.
E há tempos eu preciso de um lugar-comum. Aquele bla bla bla infame não causou, e já estava me enjoando. Eu precisava sair dali. Peguei o carro e parti em fuga. Liguei o som. Aumentei propositalmente para não ouvir as lágrimas que vagarosamente começaram a cair. Comecei a cantar devagar e quando percebi estava gritando. Gritando e chorando, num desespero incontrolável. Parei subitamente de cantar, gritar e chorar simultaneamente com os pés no freio. Ninguém poderia suspeitar da minha fraqueza em lidar com certas coisas. Eu deveria manter sempre a postura ereta, os olhos brilhando e o sorriso colado à boca. Eu deveria provar a mim mesma e a todos que eu conseguira ser sempre assim, mas, há tempos em que o peso sucumbe e eu precisava parar. Fugir era minha especialidade. Tornara-me perita nisso. E foi quando me dei conta de que precisava voltar. O desespero nunca dura muito tempo. E eu sabia disso. E sabia que o mundo não iria parar para eu me refazer, embora soubesse que vez em quando era eu quem precisava parar para continuar vivendo nele!
Um amor pode morrer por inanição? Pergunto-me toda vez em que penso em você. Pode morrer sem cuidados, sem carinho, sem afetos necessários? Pode morrer isolado em uma sala escura recoberta de mofo pelas lembranças antigas que não satisfazem mais. Lembranças doloridas por um lado de haver ter tido algum dia algo bom, e a ideia esperançosa de que algum dia as coisas viessem a ser diferentes... A ideia morreu de inanição. Poderia também o amor morrer da mesma causa? Penso em você e meu coração pesa. Sinto um incansável peso sobre meus ombros. Toda a dor, toda a indiferença, todas as possibilidades se desmancham à minha frente, aqui nessa grande sala escura. Sala escura em que se tornou o nosso amor. Não ha mais luz. Não há mais nada. Os móveis foram todos vendidos um a um dia após dia. O que sobrou, ou seria o que restou? O que restou foram as paredes sujas, as goteiras insistentes e a solidão. Fechei todas as janelas pra que nenhum ar novo pudesse entrar.Não suportaria mais uma remessa de esperança. Esperei demais. Sofri demais. Fechei as janelas em catarse de lágrimas, lembrando de tudo o que esse amor um dia descobriu. Um dia viveu. Fechei e com ela fechei meu coração. As chaves ainda estão comigo, mas gostaria de entregar a você., porém você anda tão ocupada com sua vida nova que não se importa mais... Resolvo escrever um bilhete junto a chave, caso um dia se lembre. Escrevo:" Deixei nosso amor morrer de inanição devido as marcas insuportáveis dos últimos tempos. Você sabe o quanto tentamos. O quanto ainda queria, mas a sua ausência não me deu outra escolha. Vendi os móveis, tirei as cortinas, deixei a sujeira e a poeira se alastrar por cada canto da casa. Confesso que algumas vezes a dor era maior e as vezes ainda limpava a sala, palco de muitos momentos felizes, mas percebi que estava criando esperanças falsas. A abandonei também. Quem sabe seu novo amor seja mais cuidadosa do que eu. Eu te amei mais que tudo nessa vida, mas hoje nosso amor morreu, morreu de inanição Que a vida lhe trate bem." Ao terminar de escrever fecho os olhos e digo: "Acabou". Olho a casa pela última vez e parto.
Ele me conheceu quando eu tinha acabado de completar 27 anos. Não que isso fosse de fato importante, mas é um fato relevante. Ele também tinha 27 anos. Quando disse minha idade o silêncio pairou sobre o ar um momento. Rimos. E meu vislumbre se misturou ao timbre forte e penetrante da risada dele. Conversamos sobre os poréns típicos da idade. Sobre o clube dos 27 e sobre o livro que eu acabara de ler. Até me chamou pra ir à casa dele conhecer a coleção de discos do Led Zeppelin ( minha banda preferida) . Mas intimidades assim no primeiro encontro não pegava bem, e mesmo contrariando os meus desejos neguei. Ele me olhou com aquele olhar de homem desconfiado. Mas, nesse momento estabeleci o respeito que merecia e o tipo de mulher que ele estava lidando. Homens assim não aparecem todo dia e eu sabia disso. Não queria perdê-lo de vista. Eu sabia que aquele momento seria o começo, ou o fim daquilo que eu procurara. Parei de tentar interpretar, contar com a sorte ou criar qualquer tipo de expectativa. Coisas boas só acontecem quando o coração se encontra distraído.
No final das contas: O que realmente me tira o fôlego? O que te tira o fôlego?
A única maneira de seguir é não estando seguro a respeito de nada;
é duvidar de tudo a todo instante. Eu não sei se estou certa. Eu por vezes nem sei onde estou. Há dias em que olho no espelho e não quero ver a pessoa que ali está. Podem me chamar de louca, desequilibrada, mas quem não é? Algumas vezes. Ora, a diferença é que eu me aceito assim. Me aceito com meus "nãos" e com minhas "loucuras"Mas o olhar do espelho ainda aguarda uma resposta: O que me tira o fôlego? Ah Deus, não me tire dessa vida sem saber. A pergunta volta sem respostas.
No final das contas, eu ainda não sei.
Meu Deus tenha pena e misericódia dessas pessoas que são doentes. Doentes no "amor" ao próximo. Dessas pessoas que vestem personagens dia e noite escondendo lágrimas contidas, cristalizadas.Dessas pessoas que roubam suas próprias vidas em troca de esmolas chamado: atenção. Tenha compaixão e perdoe o desespero estampado em seus rostos camuflados em sorrisos congelados, apelando por paz.
Esse é meu pedido pra hoje!
Amém.
Ninguém sabia, mas por trás daquela máscara inventada havia alguém. Por trás das aparências consagradas e usadas como defesa existia alguém. Os atalhos que usara até então, foram todos enterrados pela forte chuva de medo, angústia, silêncio, e uma certa hipocrisia em não reconhecer o que era real e o que era fantasia. Precisava de coragem. Coragem que fora negada pelo tantos anos usando aquela máscara de pessoa forte, imbatível, impermeável. Mas, chega uma hora que precisa-se agir por conta própria. Chega uma hora que precisa-se deixar de lado as máscaras e aparências sustentadas. Sair do lugar-comum. Ela sabia que esse tempo tinha chegado. Carregar um “eu-inventado"' deixara de fazer sentido. Ela por fim sabia. Deveria (re) criar-se.
E eu não vou desacreditar, desistir, me deixar embrutecer, mesmo que o mundo mostre e me prove o contrário muitas vezes. Sei da sua suposta"crueldade" e da sua lei emprestada de Darwin "dos mais aptos". Mas vou logo avisando: Eu não vou desistir! Enquanto não me mostrarem os letreiros finais eu ficarei de pé. Ainda que esteja com escudo em mãos, ( as vezes é preciso ) lutarei, até o fim.
Tenho medo que as cicatrizes falem mais por mim do que qualquer outra coisa. Tenho medo de ser desonesta com meus sentimentos e não cuidá-los com total apreço como de fato merecem. Tenho medo da outra pessoa perceber o medo e se afastar, fugir de mim. Tenho medo de não estar certa, de querer o que não posso e as consequências falarem por mim. Tenho medo do olhar que desaprova, mas tenho mais medo de não ser fiel a mim. Que meus medos não sejam maiores que a força de enfrentar os mesmos. E que minhas cicatrizes me revelem o caminho que nunca mais deverá ser seguido de novo.
Eu preciso de "cicatrizes" novas.
Eu sei guardar minhas intempéries. Minhas crises de identidade e as vezes meu mau-humor. Não posso dissertar sobre minhas quedas, meus motivos de sair correndo ( as vezes) e minhas demasiadas inseguranças. Talvez eu até conte sobre um dia triste, mas bem pouco pra você poder me oferecer o ombro amigo, o seu tempo quem sabe. Te ofereço minha sinceridade e minha paciência e vale lembrar que não é só isso o que se sabe de mim, mas posso lhe garantir uma coisa, não é uma oferta muito comum. Então, vem comigo?
As vezes o sorriso congela. Uso-o genericamente. (A)tipicamente. Uso e abuso desse bom senso que a vida fez questão de me fazer usar a quase todo momento. Crio as minhas leis. Estabeleço limites. Até tento colorir quando falta brilho. Mas algumas coisas são de fato, preto e branco. Respeito. E sorrio, claro. As vezes o estômago dá um nó. As vezes tenho enjoos diante de tanto pragmatismo. E uso meu velho sorriso genérico. Em certas situações é o que se tem de mim. Vale lembrar: Não falha nunca.