Coleção pessoal de sildacio_matos_filho
Aspiraçoes vãs, vãos desatinos
A vida é um eterno moribundo
Rastejamos como vermes, nesse mundo
Acreditando um dia sermos salvos.
E a mente segue solta, deslumbrada
Alimentando de mentiras seu caminho
Enquanto a alma se debate atordoada.
Amar de fato
amar intensamente,
não tem a ver comigo ou com você...
Mais com o que o outro, vai fazer na gente.
É tudo o que se disse, sem abrir a boca
tem a ver com a forma que teu olho brilha,
com o sorriso, que só há pra ti...
Tem a ver com o abraço enquanto o outro dorme,
tem a ver com cheiro...
Tem um que de dor e de poesia,
tem aquela música que nem se conhecia
mas que hoje, só ela, tua alma acaricia.
É a tempestade, que não amedronta
é a solidão plantada em cada canto,
com a certeza ingrata, de ser colhida um dia...
É a lágrima solitária, que fugiu do pranto,
e se refugiou pra sempre, numa noite fria.
A poesia aponta caminhos
te livra da velha mesmice
privilegia o desapego...
Te leva a um novo universo,
extenso caminhar de sonhos
enigmas e desassossego.
Os grandes amores, os que mexem com nossos corações, criam-se nos conflitos, multiplicam-se ante a desordem e fortalecem-se no caos, renascendo no insólito e inesperado. Não esperem ver brotar amores nos jardins da calmaria, da ordem e da sensatez.
Destilarei meu sarcasmo e minha ironia, enquanto a hipocrisia insistir em prosperar. Os maus e seus cúmplices sorrateiros, regarão os meus canteiros até o bem frutificar.
Viajo sempre...
Todos os dias
Com a mesma companhia
Para o mesmo lugar.
Viajo sempre...
Para o mesmo lugar
Mas sua companhia
Muda esse lugar
A cada viagem que faço.
Somos eternos prisioneiros
- vez em quando nos soltamos -
mas com dependência doentia
ao cárcere logo voltamos.
O que eu tenho a fazer é bem pouco,
logo, a vida não importa tanto...
Sei que fui riso e fui lágrima
Que deixei saudades nalgum canto.
A ilusão não mais me guia
a esperança morreu, como deveria,
como uma fogueira que se apagou
em noite extremamente fria.
Já olhei pela janela e vi o caos,
já olhei pela mesma janela,
e vi calmaria. Não está fora,
está dentro!
A vida tem o "dom" de nivelar...
passar por cima das vaidades
igualar as discrepâncias
te sacudir, te ensinar.
A vida tem o "dom" de nivelar...
Cedo ou tarde, seremos todos nivelados
Com a justa aceitação dos destemidos
Ou a resistência fugaz dos desgraçados.
Somos as vítimas culpadas,
feras mal domesticadas
doutrina e doutrinador.
Somos a indiferença macabra
a curva, a encruzilhada...
o sorriso a insensatez o pavor.
As vezes a sanidade me foge
- a pouca que me restou -
e fico alheio, quase mudo...
como um cão faminto,
que revira o lixo e se alimenta,
apesar de tudo.
A mãe veio ao mundo
Pra fazer valer a pena...
Ensinar que uma dor grande
Pode se tornar pequena.
Que a vida vai aprontar
Que as quedas vão ocorrer,
As lágrimas, escorrerão...
Mas ela vai sempre estar lá
Grudadinha em você.
Sorrindo ao nosso lado
Para a gente perceber
Que embora ela chore por dentro
Vai sempre te defender.
Que o amor que ela entregou
Jamais vai cobrar de você,
Nem as dores que ela sentiu
Você irá conhecer.
Sintonias improváveis
sem qualquer explicação
olhares que se visitam e falam
como um caos na escuridão.
Reencontro de almas nuas
que remetem à paixão
te arrastam sem piedade
sem remorso e sem razão.
E o enigma se instala
num sentimento pagão
perde-se a cor e a fala
bate asas, coração.
A mulher é um ser fantástico. Se alguém consegue tocar-lhe, de fato, o coração, não importa o que aconteça, ela jamais será de outra pessoa.
Não comemoro frivolidades,
nem me deleito com elogios,
renego seres supérfluos, previsíveis...
cultivo a realidade sem floreios,
nela encontro algum sentido.
A culpa é sempre má companhia!
Nela, só se enxerga a noite, nunca há dia.
É irmã siamesa, que vicia,
contamina a alma e silencia.
É água que, por mais que se beba, nunca sacia!