Coleção pessoal de sildacio_matos_filho
O que eu tenho a fazer é bem pouco,
logo, a vida não importa tanto...
Sei que fui riso e fui lágrima
Que deixei saudades nalgum canto.
A ilusão não mais me guia
a esperança morreu, como deveria,
como uma fogueira que se apagou
em noite extremamente fria.
Já olhei pela janela e vi o caos,
já olhei pela mesma janela,
e vi calmaria. Não está fora,
está dentro!
A vida tem o "dom" de nivelar...
passar por cima das vaidades
igualar as discrepâncias
te sacudir, te ensinar.
A vida tem o "dom" de nivelar...
Cedo ou tarde, seremos todos nivelados
Com a justa aceitação dos destemidos
Ou a resistência fugaz dos desgraçados.
Somos as vítimas culpadas,
feras mal domesticadas
doutrina e doutrinador.
Somos a indiferença macabra
a curva, a encruzilhada...
o sorriso a insensatez o pavor.
As vezes a sanidade me foge
- a pouca que me restou -
e fico alheio, quase mudo...
como um cão faminto,
que revira o lixo e se alimenta,
apesar de tudo.
Aí, aprendemos a decifrar os sorrisos
compreender melhor os olhares
interpretar os gestos e atitudes sutis,
tanto, que as palavras quase não importam.
A mãe veio ao mundo
Pra fazer valer a pena...
Ensinar que uma dor grande
Pode se tornar pequena.
Que a vida vai aprontar
Que as quedas vão ocorrer,
As lágrimas, escorrerão...
Mas ela vai sempre estar lá
Grudadinha em você.
Sorrindo ao nosso lado
Para a gente perceber
Que embora ela chore por dentro
Vai sempre te defender.
Que o amor que ela entregou
Jamais vai cobrar de você,
Nem as dores que ela sentiu
Você irá conhecer.
Sintonias improváveis
sem qualquer explicação
olhares que se visitam e falam
como um caos na escuridão.
Reencontro de almas nuas
que remetem à paixão
te arrastam sem piedade
sem remorso e sem razão.
E o enigma se instala
num sentimento pagão
perde-se a cor e a fala
bate asas, coração.
A mulher é um ser fantástico. Se alguém consegue tocar-lhe, de fato, o coração, não importa o que aconteça, ela jamais será de outra pessoa.
Não comemoro frivolidades,
nem me deleito com elogios,
renego seres supérfluos, previsíveis...
cultivo a realidade sem floreios,
nela encontro algum sentido.
A culpa é sempre má companhia!
Nela, só se enxerga a noite, nunca há dia.
É irmã siamesa, que vicia,
contamina a alma e silencia.
É água que, por mais que se beba, nunca sacia!
Não são minhas tristezas que me matam,
nem minhas angustias ou frustrações.
Não são meus medos que me atormentam,
nem meus pecados ou contradições.
Mas a certeza da saudade que não tarda, inevitável ao coração.
E o observar dores alheias impotente, estático como um cão!
A vida tem o "dom" de nivelar...
Cedo ou tarde, seremos todos nivelados
Com a justa aceitação dos destemidos
Ou a resistência fugaz dos condenados.
Não é o banal, que me agiganta
nem o corriqueiro, que min'alma guia.
Mas o vendaval, que explode em mim,
e essa vontade voraz, que nunca me sacia.
Vivemos uma peça surreal,
à margem, a realidade nos procura,
olhamo-nos diariamente com ternura,
no entanto, quase nunca nos tocamos.
A vida nos obriga a muito:
A ficarmos calados...
a ficarmos doentes...
a ficarmos tristes...
ou mesmo contentes.
Nos deixa aflitos
ou apaixonados...
explodindo de alegria
ou desesperados.
A vida apronta
e também ensina,
a vida apaga,
e a vida ilumina.