Coleção pessoal de sildacio_matos_filho

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⁠As vezes a sanidade me foge
- a pouca que me restou -
e fico alheio, quase mudo...
como um cão faminto,
que revira o lixo e se alimenta,
apesar de tudo.

⁠Aí, aprendemos a decifrar os sorrisos
compreender melhor os olhares
interpretar os gestos e atitudes sutis,
tanto, que as palavras quase não importam.

⁠A mãe veio ao mundo
Pra fazer valer a pena...
Ensinar que uma dor grande
Pode se tornar pequena.

Que a vida vai aprontar
Que as quedas vão ocorrer,
As lágrimas, escorrerão...
Mas ela vai sempre estar lá
Grudadinha em você.

Sorrindo ao nosso lado
Para a gente perceber
Que embora ela chore por dentro
Vai sempre te defender.

Que o amor que ela entregou
Jamais vai cobrar de você,
Nem as dores que ela sentiu
Você irá conhecer.

⁠Sintonias improváveis
sem qualquer explicação
olhares que se visitam e falam
como um caos na escuridão.

Reencontro de almas nuas
que remetem à paixão
te arrastam sem piedade
sem remorso e sem razão.

E o enigma se instala
num sentimento pagão
perde-se a cor e a fala
bate asas, coração.

⁠A mulher é um ser fantástico. Se alguém consegue tocar-lhe, de fato, o coração, não importa o que aconteça, ela jamais será de outra pessoa.

⁠Não comemoro frivolidades,
nem me deleito com elogios,
renego seres supérfluos, previsíveis...
cultivo a realidade sem floreios,
nela encontro algum sentido.

⁠A culpa é sempre má companhia!
Nela, só se enxerga a noite, nunca há dia.
É irmã siamesa, que vicia,
contamina a alma e silencia.
É água que, por mais que se beba, nunca sacia!


Não são minhas tristezas que me matam,
nem minhas angustias ou frustrações.
Não são meus medos que me atormentam,
nem meus pecados ou contradições.
Mas a certeza da saudade que não tarda, inevitável ao coração.
E o observar dores alheias impotente, estático como um cão!

⁠A vida tem o "dom" de nivelar...
Cedo ou tarde, seremos todos nivelados
Com a justa aceitação dos destemidos
Ou a resistência fugaz dos condenados.

⁠É a fuga necessária,
a que te faz vencedor.
Fugir para não morrer,
não morrer, de tanto amor.

⁠Não é o banal, que me agiganta
nem o corriqueiro, que min'alma guia.
Mas o vendaval, que explode em mim,
e essa vontade voraz, que nunca me sacia.

⁠Eu canto... não por estar feliz,
mas por imaginar que as lágrimas
dançarão no meu rosto.


Vivemos uma peça surreal,
à margem, a realidade nos procura,
olhamo-nos diariamente com ternura,
no entanto, quase nunca nos tocamos.
A vida nos obriga a muito:
A ficarmos calados...
a ficarmos doentes...
a ficarmos tristes...
ou mesmo contentes.
Nos deixa aflitos
ou apaixonados...
explodindo de alegria
ou desesperados.
A vida apronta
e também ensina,
a vida apaga,
e a vida ilumina.

⁠Os grandes, os nobres de pensamento, só encontram amparo em seus semelhantes. Não esperam sintonia de mentes medíocres.

⁠Poetizar a vida
é cumplicizar-se,
estremecer, sorrir e chorar
com a mesma intensidade.
Apertar-se, espremer-se,
anistiar-se de tudo.

⁠Cortinas se abrem
Cortinas se fecham
Várias vezes, por vários anos.
Até que saiamos de cena
Pela vez derradeira.
No último ato, percebemos:
Éramos nós, a plateia
Éramos nós, o único ator
O único coadjuvante
O único figurante...
Sem ensaio
Sem teatro
Sem palco, e sem diretor.