Coleção pessoal de sildacio_matos_filho
A esperança, não é lá uma boa companhia, e se vier acompanhada da mentira então, vira uma tragédia.
Não são os segundos
Minutos, nem a última hora,
Que ditam o que fomos
Ou o que somos, agora.
É esse exato momento
Esse instante
Que nos deve encantar.
Enigma a se decifrar?
Seremos sempre seu refém
Quer estejamos mal
Quer estejamos bem.
As vezes é preciso desarmar algumas armadilhas e algumas bombas, que deixamos que colocassem dentro de nós.
Uma hora não terá mais nada:
Nada a procurar
Nada a antever
Nada a recordar
Nada a desdenhar
Nada a reclamar
Nada a contradizer.
Nada a soluçar
Nada a reviver
Nada a lamentar
Nada a arrepender
Nada a justificar.
Nada a esconder
Nada a mostrar
Nada a desfazer
Nada a reconciliar
Nada a proceder
Nada a compadecer
Nada a perpetuar
Nada a punir
Nada a redimir
Nada a morrer.
Nada a conceber
Nada a dizer
Nada a chorar.
Se fosse permitido a um sentimento, pela sua intensidade, materializar-se a ponto de poder ser visto e até tocado, seria a saudade.
Há paz infértil!
Aquela que nada traz
A não ser, a própria paz.
Há paz inquietante!
Sem cheiro, sem dor...
Pois há dor, na paz.
Há paz sem ternura!
A que nos tira a paz
E devolve a loucura.
Se você quiser, a morte pode ser encarada como uma amiga próxima e querida, que uma hora dessas vai te convidar para uma longa e distante viagem, sem bagagens, sem volta.
Natal: sorriso, abundância...
eram as guloseimas
que adoçavam nossas almas
e enchia-nos de esperança.
Aí, crescemos
e nos damos conta,
quão felizes fomos
naquela dança!
Mas o mundo avança
ficamos velhos
e a fé balança.
A dor não cansa,
nos roubam a dança
a inocência
e a tolerância.
Aperta a alma
maltrata, espanca...
A saudade é tanta,
que nos perguntamos:
por que fui criança?
Essa perfeição que exalas
que invade as casas e as salas
os bairros e os quarteirões.
Denunciam uma alma abalada
da verdade, desgarrada,
presa no próprio porão.
Tua vida não é um teatro
não és perfeita, de fato...
quebra as grades de tua prisão.
Não possuímos nada...
não somos donos de nada...
nem somos nada, também.
Só há uma posse possível,
a de ser dono, pra sempre,
do coração de alguém.
Suba ao topo, lá é o seu lugar. E só quando lá estiver, verás de cima, que tudo e o quê ficou lá embaixo, estará também, no seu lugar.
A saudade, é mesmo essa busca insana, quase desesperada, de encontrar no presente o que ficou perdido na estrada.
Sildácio Matos
A casa de nossos Avós,
ou a casa de nossos Pais,
sem eles perdem o encanto,
nem deviam existir mais.
Lá, morre-se todos os dias,
sem um minuto de paz.
Somos espectadores
Nem sempre privilegiados,
Espectadores da vida
E tudo que não é encenado.
Por vezes trocamos de lado
E viramos os diretores
Somos também malfeitores,
Quando as coisas dão errado.
O certo, o inquestionável,
É que não haverá outro ato
Nesse espetáculo da vida
Morre-se dentro do teatro.
É só isso...
Sem floreios
Sem duendes
Sem seres alado.
E só isso...
Um ir e vir
Um vir e partir
Um eterno esperar.
Uma imagem
Uma ficção
Uma crença
Um não.
É só isso.