Coleção pessoal de SergioJunior79
DESMONTE
Porque simplesmente, há pessoas que valem a pena, então rapidamente, eu mesmo me desmonto.
Sem receios, sem arrependimento, aceito doses da bebida da reformulação; anseio que mesmo um pouco tonto, haja tempo para que eu fique pronto...
Minha linguagem é de tato, experimental, defeituosa e inacabada.
Se sua visao é perfeita, sua audição e fala são irreparavéis, nós não vamos nos entender.
A beleza é rosto de contorno fino.
É cara de homem, coração de menino.
A beleza atrai, por nada poder atrair.
Por deixar saudades antes de partir.
Ela é calmaria no meio da tempestade.
Ela faz ser inteiro quem era apenas metade.
É encanto na ausência da formosura.
É propor que no abraço, pode se encontrar a cura.
Está no cheio se esvair , no diminuir o ritmo para o ninguém conseguir.
É enxergar o que alguns apenas ver.
É sacrifícar a vida para alguém viver.
Ela é ausência de querer se impor.
Com um toque, um olhar, dissipar a dor.
É no emanar suave do timbre da voz.
Acalmar o oprimido mas curar o algoz.
Beleza nunca foi o que te disseram.
Está tudo na fé daqueles que esperam.
O misterioso sentimento que faz os olhos verterem sais.
Das almas que anseiam por um pouco de paz.
Longe de curvas, corpo ou cabelo.
Verde amarelo azul ou vermelho.
Pompas , máscaras, imagens ilusórias.
Fracas exposições de pérfidas glórias.
Tudo se sucumbindo, a testemunha é o travesseiro. Forças esgotadas, pelo desejo de ser o primeiro.
Mas a beleza é a última, é a menor, é a pior.
É a pedra, é a ruga, instrumento de uma corda só.
É silêncio, é o som, é na dor ainda ser bom.
É branco, é negro, é pardo, é marrom.
É um emaranhado que se auto organiza.
É a surpresa da vitória de quem luta e improvisa.
É sentar-se no escuro e sentir a pequenez.
Diante de alguém que simplesmente tudo isso fez.
Para que e quando será nossa vez ?
Se hoje, amanhã, ou no próximo mês.
A beleza está dentro do que está lá fora.
Está no prêmio distante que eu queria agora.
Está no agradecer a quem eu nunca vi.
Mas que em todo tempo ao meu lado senti.
Esta no eu entender que o mistério é maior.
Que no nada tem tudo e, que eu só sou pó.
Beleza é o conflito dos anseios meus.
Aí fora um homem, aqui dentro só Deus.
SANGUE INCOLOR
O poeta é um trauma, é uma dor e a esperança.
As lágrimas não enxutas da pura criança.
As palavras que chegaram no fim da infância.
Dói hoje, sangra as mãos e a alma, só ferimentos.
Perito em destruir a realidade, esse cruel muro de cimento.
Que separa a infância do adulto, o palatável sofrimento.
Tenta traduzir em palavras, um inexplicável sentimento.
Sérgio Júnior
Tristes de alma, disfarçando sorrisos largos.
Anjos oprimidos, carentes de afagos.
Traídos e traidores, os multiplicadores de tensão.
Falsos, faladores, incompletos cheios de pretensão.
Dissimulados, maliciosos, trapaceiros enganadores.
Fazem o mal no oculto, em público te dá flores.
Lindos, amáveis, iluminados, prestativos e serviais.
Riem e te fazem rir, pacientes e que trazem paz.
Amantes, admiradores, incentivadores do coração puro.
Esforçados que na tempestade, te oferecem um porto seguro.
O peito quente, o ombro forte, o colo, um abraço .
É tanta boa gente que termina criando um fraterno laço.
Ali, enquanto deitado estava, a imagem refletia.
No leito da tranquilidade, nada falava, só sentia e transmitia.
Inerte, calado, limpeza e silêncio que dá arrepio.
Quanto mais perto chega, mais belo ou mais sombrio.
É o espírito revelado, como nunca antes se viu.
Fica tudo declarado no espelho da água do rio..
....Aqui do lado há um machucado, ainda um pouco magoado.
Corri na trilha da razão, cansei, e caindo fui alvejado.
E sarando fui de novo atingido, um pouco combalido.
Não fui banhar-me, só lavar os pés, terminei sendo submergido.
É um rio que refresca a mente, para a alma uma semente.
Poder estar presente, sendo abraçado por tanta gente.
Que gera um amor puro, como luzes de brasas incandescentes.
Amores declarados sem palavras, mas nos rostos sorridentes.
Essa gente que chega e, arrebata a admiração e assalta o coração.
Vão embora e sempre visitam, a nossa memória da emoção.
Oh! que beleza reside no amor da entrega, embora deixe tanta saudade.
Uns de perto outros de longe, outros aqui na mesma cidade.
Coisas que descobri me relacionando com eles e comigo mesmo, com verdade e humanidade.
O amor mais puro que eu conheço, é tão sábio e tão forte, que sabe ser chamado de amizade.
"A razão é prisão frágil se o preso é o amor. Ele foge rindo pelos poros e libera a alma do guarda. "
..." Em suma, é mais sobre o que você tem ou o que pode proporcionar, que propriamente sobre você.
Na verdade, nas entrelinhas, salvo raríssimas exceções, é tudo por interesse.
A gente é que, eivada de fé ou de perspectiva pura, não consegue enxergar..."
Quem odeia a incerteza não pode sair de casa.
Fica filosofando no colchão, na poltrona ou no divã.
Lembrando do trauma de ontem e, pensando o que faria se tivesse asas.
Sem perceber que lentamente chega, o mais cruel das incertezas, o amanhã.
.... Sinceramente, não sei, deve ser alguma patologia.
Eu continuo lembrando, mas ao invés de chorar, me pego sorrindo.
O que me trouxe alguns problemas.
Primeiro que eu estou amando essa maneira de viver, ao passo que pareço nunca ter vivido o que vivi.
Segundo, que eu continuo incomodando algumas pessoas, simplesmente porque decidi que é melhor viver assim.
Elas, parecem querer se nutrir apenas de sofrimentos, confirmando assim os próprios.
E algumas inclusive, se sentem ofendidas, como se eu estando bem, automaticamente estivesse ignorando a dor delas.
Como se manter-me triste e em declínio social e moral, fosse condição "sine quoi non" para a identificação de relevância no grupo.
Como se não fosse interessante, minha superação e cura, sabe?
Dispenso esse tipo de reconhecimento.
Bom, se sou louco, jamais quero voltar a ser são.
Há quem plante imensos jardins, regando e limpando, projetando viver para desfrutar da beleza e perfume das rosas.
Há quem plante bosques, mesmo consciente de que não viverá o suficiente para respirar o ar puro que as árvores produzirão, nem tampouco descansar debaixo das sombras delas.
É uma questão de compreensão de significados e perspectiva.
" Há uma infinidade de conflitos em curso na arena da minha alma. Inimigos internos, sobreviventes de batalhas anteriores, à perder de vista.
E, tenho dedicado tanto tempo a esta questão de construção particular, que me sinto obrigado a recusar embates externos.
Para tanto, me sobra competência, mas me concertar, é a maior das minhas prioridades.
Assim, qualquer convite de outra natureza, tenho qualificado como secundário e inoportuno. "
Em ambientes muito iluminados, a lua não se faz percebida em sua beleza.
Se o inverno não chegar, a fogueira que aquece jamais será acesa.
Se a tristeza não se hospedar um período, a alegria é ignorada e os sorrisos criticados.
Quem nunca esteve isolado no canto, jamais saberá valorizar a companhia, o abraço apertado.
Às vezes, a escuridão temporária e o mal passageiro, nos ensina a valorizar o bem que foi esquecido.
Talvez por isso, o lobo, no escuro, insiste tanto em invocar a luz do alto, no anseio de ser ouvido.
...Então, eu não ia passar, não acreditava.
Sendo aconselhado, fui, parei e conversei; quando entendi, me desarmei e me deixei ser visto.
...Não estava competindo com ninguém além de meus próprios medos. Por isso não precisei chegar em primeiro, tampouco em segundo ou terceiro lugar.
Embora eu ainda não soubesse, eu já havia vencido, quando decidi sair e lutar.
Ter me vencido, já era o meu troféu, o que me fez não depender de resultados.
O ateu é uma pessoa boa e cheia de fé, às vezes, até mais fervoroso que os cristãos.
A unica diferença, é que é um filho inseguro, fazendo birra para chamar a atenção de seu pai.
Apenas essa sede de notoriedade e protagonismo, é que desequilibra a nossa empatia objetiva - nutre essa secreta vontade de domínio, e nos conduz à manipulação quase artística.
É isso que nos faz tão cinicamente, deuses, vendo tudo como juízes, conscientes que somos réus.
O problema de alguns vencidos é a preferência pelo lamento, a companhia do desgosto e a preguiça de recomeçar.
...Ali, no improviso, sem consciência, sem juízo.
Falta abrigo, abraço, falta cama, quarto, teto de palha, lama como piso.
O sonho não tem medo nem escola, vem girando como roda, como bola.
É um filho de águia, que ainda não voa, mas depois de um tempo, instintivamente decola,
Não escolhe onde nascer, mas não aceita abandono;
É um cão adestrado, vagueia atrás de um outro dono,
Que seja atencioso e que não seja intimidado pelo ambiente.
Que tenha foco, determinação, que tenha um mundo na mente.
Que seja Paulo, José, Ana, Carla ou Antonio,
que tenha amor e conheça a dor, e os seus muitos sinônimos.
E que seja pronto para ousar, acreditar, que motive e que dê ânimo;
aos outros tantos esperançosos, no palco dos anônimos.