Coleção pessoal de saysaysay
Um dos meus maiores sofrimentos é ter que lidar com quem confunde costume com afeição. Só porque você tá acostumado não quer dizer que você goste.
Você esquece de pagar uma conta, esquece de fazer uma ligação, esquece de passar o desodorante antes de sair de casa, esquece uma gentileza, um dia feliz, mas não esquece o que te agonia.
E eu trago você comigo pra todo lugar onde vou, meu bem.
Digo vários nomes em voz alta esperando um que combine.
Olho pra todos os rostos e desenho o seu.
A escuridão está sempre aqui
Pra sempre do meu lado
Eu costumava caminhar por esta estrada
Segurando algum tipo de luz
Segurando uma vela
Me mantendo segura e aquecida
Mas a vela queimou a minha mão
E me deixou no escuro
Agora eu caminho na escuridão
Sem nenhum tipo de luz
Pássaros, Luas, Planetas - tudo se movimenta. E eu também.
Tá alto aqui.
E agora você nunca vai me alcançar.
Inventei tudinho.
Vôo, rodo e giro em torno de mim mesma até ficar tonta e cair.
Não tem ninguém pra me pegar
Às vezes, mesmo à contragosto, eu diminuo o passo, na esperança de que mude alguma coisa, de que seja mais esperta, sabe?
Mas não é.
Mil perdões.
Mil perdões, mas eu não posso me atrasar mais, entende?
Às vezes, quando eu to deitada, quieta, não escuto barulho nenhum, e eu tenho a impressão de que se eu continuar assim, um milagre vai acontecer e eu vou ser consertada, como se nunca tivesse sido quebrada e remontada; como se nunca tivesse saído da caixa.
Mas sempre quebra.
Sempre na mesma emenda.
Deus me mandou pra viver só nessa Terra, sem irmãos pra dividir o peso, sem primos pra crescer junto, por que eu deveria esperar mais da vida?
Esperar não ser só?
Que bobagem.
Só perdi tempo com isso.
E nada muda, só a tristeza cresce
Ervas daninhas afloram livremente em terrenos inóspitos.
Jamais flores.