Coleção pessoal de sandro_paschoal_nogueira
Tu me procuras em seus sonhos...
E eu te guio em todos meus pecados...
Teus desejos afogam-se em taças de vinho que as bebo vagarosamente...
Retiro-me despido de anjo...
Embalando tuas vontades como uma serpente...
Distorçendo tuas verdades...
Brinco com tua alma...
Te convidando ao meu íntimo abismo...
Te enlaço em meu olhar...
E no instante de um tempo...
Não perdido...
Mostro-te meu veneno...
E o que sinto...
Um só caminho é o bastante...
É o suficiente...
Para te mostrar que posso ser recatado e indecente...
E pode ser que derepente...
Te conquiste...
E nos amemos eternamente...
Sandro Paschoal Nogueira
Sou, num alto de monte...
Onde bate o luar em noite triste…
Aquele que murmura nas horas mortas...
O desejo de uma vida nova...
Negra sorte...
Vivendo dia após dia...
Sobrevivendo a própria morte...
Imagens de saudades...
Varrida por temporais...
Oculto entre as brumas...
Sonhando e sonhando sempre mais...
Fugitiva deste mundo...
Se fez minha alegria...
Às noites eu amo...
E tudo finda no raiar do dia...
Lágrimas dos meus olhos são flores...
Que as semeio pelo chão...
Alumiado de sombras e luz...
Permanece meu coração...
Num íntimo pudor vou envelhecendo...
Ninguém me deseja apaixonado...
E na dor do silêncio...
Em demência me perco...
E já nem sei quem sou...
Sandro Paschoal Nogueira
Minha vida se acomoda entre estas pedras...
E o que faço de mim é o que me fica...
Mal de amar nesse lugar de imperfeição...
Onde a lua chora junto as estrelas...
Sua solidão...
Livre como o vento e repetido...
Que Deus se lembre do meu nome...
Que o látego não me seja o castigo...
Vivo a vincos de ouro a minha vida...
Entre o luar e as folhagens...
Tenho febre e escrevo...
Revelando em poucas linhas...
Meus segredos...
Não é serenidade pelas ruas o que vejo...
Tudo em mim é desejo...
Sentir tudo de todas as maneiras...
Dizer verdades entre brincadeiras...
No mistério da vida a cavalgar...
Aprendendo na espera o inesperado...
No espaço...
No tempo...
Um menino homem...
Apenas querendo ser mais amado...
Sandro Paschoal Nogueira
#MENTIRAS
Antes eu tive fé...
Deixei escapar em uma esquina qualquer...
Conheci a verdade...
Mas não posso lhe dizer...
Poeta mentiroso...
Que em cada versos existe um pouco de mim...
E onde sonhei viver...
Já não sei se desejo tanto assim...
De rima em rima um pranto...
Alma calma...
Declamando amor, o apego e o sossego que mais se acentua...
Do cisne , um canto de mentiras...
Enquanto a verdade anda nua...
Feliz de quem puder...
Aos domínios do céu o pensamento erguer...
Perdi-me dentro de mim...
Pois sou um grande labirinto...
Passei pela vida...
Por muitos abismos...
Nem todos os senti...
Não tenho o amanhã e nem o hoje...
E para os outros cujo o tempo foge...
Eu o tenho como meu consorte...
Aonde tanta vez a lua me beijou...
É onde tantas encontrei um amor...
Quisera eu lhe falar mais...
Sendo hoje o dia da mentira...
Quiçá depois...
Sandro Paschoal Nogueira
Que venha o caos e a loucura...
Para que assim eu possa enxergar um outro mundo diferente dessa mentira nua...
Sei que a razão não me assiste...
Mas meu coração ainda insiste...
Em poder sonhar...
O para sempre sempre acaba...
O horizonte nunca se alcança...
Os cândidos fantasmas da esperança também choram...
E nas veredas da vida há almas que se cansam...
Houveram em minha vida uns espaços...
Onde nunca dei um passo...
E não tenho outra memória...
Do arrependimento por não ter feito...
De ter aberto o meu peito...
E de ter sonhado livre...
Dos feitos, ficam apenas as lembranças, que se tornam cada vez mais fracas...
As pessoas não vêem meu coração...
Vêem apenas meu comportamento...
Julga-me sem meu consentimento...
Baseados no que eles mesmo vão vivendo...
Não procures a marca dos meus passos...
Não encontrarás flores crescendo...
Bebei tu mesmo...
A taça de seus venenos...
Sandro Paschoal Nogueira
Qual é a flor do sonho?
Noite de lua cheia...
Um violão...
Uma seresta...
Ter sempre um ombro amigo...
Um cafuné a ser recebido...
Viver sem inimigos...
Estar com Deus e Deus estar contigo...
Dormir ouvindo a chuva...
Ver voando as aves do céu...
Um bilhete de amor esquecido e encontrado...
Em um velho pedaço de papel...
O tempo é algo que não volta atrás...
Ter boas recordações...
É bom, muito bom, demais...
Todo jardim começa com um sonho de amor...
Quem não tem um jardim na alma...
Sofre com dor...
Sandro Paschoal Nogueira
#DEGREDO
E o relógio dará as horas devagar...
Alheio à pressa da vida...
Enquanto ergo o cálice transbordante...
Da inveja dos olhares fulminantes...
Velhos e eternos pesares...
Que a terra já não sente...
Eu, de olhos ausentes...
As asas loucas abrindo...
Passeio entre muitos...
Indiferente...
Ah...
Quem mandou que fizesses...
Minha alma da tua escrava...
Por que não me ouvistes...
Enquanto te amavas?
Por que fugiste de mim...
E me magoavas com espinhos?
Por que não me ouvistes...
As minhas preces?
O degredo acabou...
E dele saí tão cedo...
Já não mais te quero...
E não é nenhum segredo...
Nada mais te pergunto...
Nada mais de ti quero...
O sonho acabou...
Brinca na poeira, brinca...
Já não és meu mundo...
Sandro Paschoal Nogueira
Bem prá lá da amoreira...
Depois do riacho dourado...
Mora um ogro...
Que cuida de um jardim encantado...
Caminha sobre as estrelas...
A sua mesa é farta...
Recebe em sua casa...
Duendes, bruxas e fadas...
Não é muito educado...
Fala o que pensa na lata...
Quando irritado...
Parece o diabo...
Não é de muitos amigos...
Mas é fácil ser amigo dele...
Basta não muito importunar...
Prefere ficar em casa...
Do que na rua a vadiar...
Um conselho:
Não bata na porta dele...
Não o queira acordar...
Tem a sua verdade...
Tem o seu caminho...
Às vezes tristonho...
Outras risonho...
Marcas do já vivido...
Causado pelos espinhos...
Sonha com um mundo perfeito...
Desprovido da ilusão...
Ah ogro encantado...
Isso não existe não...
Fique em sua casa...
Cuide bem do seu jardim...
O mundo mente muito...
Tem pessoas boas...
Mas tem também muita gente ruim...
Sandro Paschoal Nogueira
O mais feroz lobo faminto...
De alma abalada de lado a lado...
Na escuridão da noite de um infinito...
Sorvendo em taças douradas meu absinto...
Tudo é vaidade nesse mundo vão...
Tudo é pó...
Tudo é nada...
E a lua que desponta na madrugada...
Testemunha a flor nascida que é logo desfolhada...
Beijos de amor pra quê?
Só neles acredita quem é louco...
Sim, louco sou...
No cio que se faz presente...
A alma se cala...
E o espírito fica ausente...
Quando me lembro desse sabor que tinha...
Os seus carinhos...
A suas mãos nas minhas...
Quando os meus olhos cerram de desejo...
Só na loucura posso ser feliz...
Compreendo...
Achas-me indiferente…
E até crês que há em mim desdém...
Sem você já não me encontro...
Vago no aqui e no além...
Não vês que meu viver é falso...
Num cortejo de lobos...
Rumo ao cadafalso...
Não vês que os loucos também amam?
E sentem aflições na alma?
Quem ama inventa as penas em que vive...
Sandro Paschoal Nogueira
Um pouco mais de sol - sou fogo...
Um pouco mais de azul - sou além...
Um pouco mais de amor...
É tudo que me convém...
Em minha alma tudo se derrama...
Enquanto quero, busco e sonho...
Antes que o calado tempo esmague tudo...
À ronda dos segredos...
Enquanto toca-me seus dedos...
Aqui chegando de onde venho...
Ver-me se apareço...
Um pouco para chamar sua atenção...
Tentando surrupiar seu coração...
Aqui ficam as coisas...
Somos estrangeiros onde quer que estejamos...
Por tal passo por essa vida...
Hora chorando...
Hora brincando...
Que quer o amor mais que não ser dos outros?
Sandro Paschoal Nogueira
Quando o vento adormece e surge a lua...
Um canto triste e longínquo ecoa nas ruas...
E as estrelas caladas e do meu pranto testemunhas...
Elevam minha alma a tão doce e puro encanto...
Fazendo-me lembrar dos amores esquecidos...
Por mim, tão vividos...
A saudade então me abraça...
Que a delirar então me obriga...
Enquanto a mim murmura...
A sonhar na vida...
Minhas partidas...
Minhas chegadas...
Noites vividas...
Alvoradas...
Ah doce amor...
Que agora beijas minh'alma...
É noite...
E é tão escura...
Nem o brilho das estrelas...
Nem o brilho da lua...
Esconde essa minha angústia...
De não ter minhas mãos junto às suas...
Tudo dorme...
Só eu velo...
Desejando você...
Que é feito de tudo?
Por que tudo assim?
Dormir, sonhar e sorrir...
Ronda rotineira...
Toda noite é assim...
A lhe buscar pra mim...
Sandro Paschoal Nogueira
Passamos pelas coisas sem as ver...
Se alguém nos pede amor não nos fazemos amar...
Como passamos pelas flores numa calçada...
Sem as notar...
Somos agora mais lentos...
Nem tudo é novidade...
Passamos pelo tempo...
Chega a velhice...
Não aproveitamos a mocidade...
Em noites inclinadas de melancolia...
Não percebemos a lua...
As estrelas que nos fazem companhia...
De palavra em palavra...
Dia após dia...
Finda-se a vida...
Não percebemos...
Já não transborda o cálice em alegrias...
Onde a luz é feliz...
Ela se demora...
Vivamos imensamente...
A fuga das horas...
Hoje e agora...
Sandro Paschoal Nogueira
Nas veredas da vida a minha alma não cansa...
Minha paixão aos céus é grata...
Enquanto caminho sobre as pedras caladas...
E todo este feitiço e esse enredo...
Há se essas mesmas pedras falassem...
Contariam as magias, os mistérios e tantos outros segredos...
Viram o nascer e a morte...
O inocente olhar...
O puro e o perverso...
Viram a lua e o seresteiro...
A matrona e o embusteiro...
Viram as mocinhas assanhadas...
O cio dos rapazotes...
Ouviram os gritos de dor...
Sob o fragelo do chicote...
Tanto viram e ouviram...
Mas nada testemunham...
Nem mesmo o sangue...
Escorrendo pela fronte...
Se se pode gritar a Verdade...
Por que escolhida essa sorte?
Minha terra...
Onde tenho o meu pão e a minha casa…
Minha terra onde meu pai nasceu…
Aonde a mãe que eu tive e que morreu...
Minha terra que fala onde nasce o dia...
E que as noites são cantadas...
Minha terra...
Minha pousada...
Onde caminho sobre as pedras tão caladas...
Sandro Paschoal Nogueira
Vinha em lua minguante...
Em um baile que não existiu...
Caminhou à sombra de luz moribundas...
Ninguém o viu...
Ainda que o grito sufoque a garganta...
E que os anos vividos lhe pesem nas costas...
Esboça um sorriso franco...
Sob as pedras que jazem mortas...
De coração confundido...
A noite trocou e dispersou os amigos...
Silêncio e respiração mais nada...
Se é milagre existir...
Olhando em seus olhos imagino...
Um vazio...
Um abrigo...
O que eu amo não sei...
Amo em total abandono...
Quisera eu o poder amar...
E sufocar sua solidão...
Resgatando-o desse amorfo sono...
Sandro Paschoal Nogueira
Quero gastar as linhas traçadas na alma, e semear ao mundo...
Sou a minha própria paisagem...
E assisto, lentamente, a minha passagem...
Tudo no mundo é frágil e passa...
E é tão pura a paixão que me inunda...
Quanto o pudor dos que não pedem nada...
Ah!...
Digo...
Não terei mais desejos...
Perco tempo em gracejos...
Disperso meus sentimentos...
Mas a mim minto...
O suplício é lento...
E minha alma imortal cumpre a sua jura...
Sonhando e voando alto...
A felicidade existe...
Só em Deus...
Fora desse mundo...
Sandro Paschoal Nogueira
Ai, ai de mim...
Enquanto caminho eu já sou o passado...
Todos os momentos que nos coroaram...
Todas as estradas que abrimos
irão achando seu fim...
Dessa procura extenuante e precisa...
Não teremos sinal senão o de saber que iremos, por onde formos, de encontro de um para o outro...
Cinzenta é a cor do céu... Decerto vai chover...
Soa um cântico antigo no vento dessa tarde...
Nos bancos tristes que há na cidade...
Sobe em mim próprio como um desejo
Ou um remorso da mocidade…
Gente igual por dentro...
Gente igual por fora...
Não sei qual abismo temo...
Salvo, apenas, o meu sonhar...
Sandro Paschoal Nogueira
Se as palavras morrem à míngua como os homens o que posso dizer?
Procuro e não lhe encontro...
Não paro...
Não volto atrás...
Bem sei e não aceito...
Todos me dizem que é loucura...
Eu andar à sua procura...
O primeiro de todos os meus sonhos...
O sossego, que não aprofunda...
O silêncio, que mais se acentua...
Sob um céu sardento de estrelas...
Vigília constante da lua...
Tristeza que diviso...
Ausente de seu sorriso…
Minh’alma da sua escrava...
Tão pálida e alvoroçada...
Amando calada...
Sandro Paschoal Nogueira
Nasci...
E vim para ser amado e para amar...
Mas esqueci-me e me perdi em algum lugar...
Tanto de meu estado me acho incerto...
E meus soluços sobem à eternidade...
É tudo quanto sinto um desconcerto...
Se me pergunta alguém porque assim ando...
Respondo:
Ansiedade...
Lamento...
Procurei me enganar, acreditando...
Que tudo poderia ser diferente...
E perdi-me mais e mais fundo...
No silêncio desse vasto mundo...
Até o amor nos mente...
Hoje bem sei...
Só nele acredita quem é louco...
Mas vale, nem que seja só por um instante...
Não me acordes...
Deixai-me sonhar...
Meus olhos, minha boca vão sedentos...
De um encanto maior entre os encantos...
D’estrelas que andam dentro em mim cantando...
Sandro Paschoal Nogueira
Minha vida é repleta das coisas que sinto...
E não só de momentos que hão de passar...
E aquilo que trago no coração...
O espelho reflete sem ilusão...
Meus atos de improviso...
Tecem histórias de boatos...
Os sonhos se esvaem...
Enquanto fleto com o desconhecido...
Eu... bem que tentei...
Ter o olhar compreensivo...
Ter um sorriso desinteressado...
Tal qual um menino...
Se posso ter me perdido confesso...
Não vejo meu espelho a algum tempo...
Eu ouvi falar de promessas...
Que agora jazem mortas...
Nada é medido pelo seu valor...
Ah, como sei...
Quem lhe ama...
Também causa dor...
Sandro Paschoal Nogueira
Pingo de gente perdido por aí...
Menino na idade...
Crescido nos hábitos...
Rondando os bares...
O que busca?
O que quer?
Entre o real e a bela fantasia...
Contando as horas...
No transcorrer dos dias...
Correndo a cada passo...
Desejando aquecer a alma fria...
Contando entre versos e prosas a sua história...
Quem lhe diria...
Onde o devaneio voa...
Em uma vida à toa...
Vara a madrugada...
Pelas ruas...
Só mais uma espiada...
Alguns o fazem de morada...
Qual é a sua culpa nessa estranha jornada?
Sombra de seres curvados e encolhidos...
De peitos dilacerados pelas mágoas...
Os bares acolhem àqueles que o amor abandonou...
Sandro Paschoal Nogueira