Coleção pessoal de sandrameschiari

CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

Vocês riem de mim por eu ser diferente, e eu rio de vocês por serem todos iguais.

Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer - eu sou eu?

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.

Frequentemente sou compreendido por quem não me conhece e incompreendido por quem me conhece.

Porque se olhares em mim verás...
Não sou tão má quanto pensas;
apenas não sou tão corajosa como imaginas...
Pareço forte, mas no fundo sou fraca
Fera, porém sou bela
Às vezes chata, mas no meu íntimo há sentimentos diversos
Pareço metida, porém se olhares em meu semblante com seu coração verás apenas humildade
Calma, sempre...
Posso até parecer solitária...
é que realmente tenho poucos amigos...
a diferença é que os poucos que tenho
não valem metade de um seu...
Pense nisso
depois me julgue
Lembre-se que se me julga pela aparência...
sou apenas o reflexo de sua ignorância

Com perdão da palavra, sou um mistério para mim.

Aquele a quem a palavra não educar, também o pau não educará.

Quem pensa pouco, erra muito.

Sou demasiado orgulhoso para acreditar que um homem me ame: seria supor que ele sabe quem sou eu. Também não acredito que possa amar alguém: pressuporia que eu achasse um homem da minha condição.

Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar.

Conhecer os outros é mera curiosidade, conhecer a si mesmo é uma virtude.

Não tinha a intenção de ser grande, mais sempre quis crescer, não intentava conhecer muita coisa, mais algumas coisas me conheceram, pensei ser profundo e acabei por perceber a serventia do superficial.

Para se conhecer qualquer pessoa, é preciso ir-se chegando a ela devagar e com cautela, para evitar equívoco e preconceito, coisas bem difíceis de corrigir e reparar depois.

O débil, acovardado, indeciso e servil não conhece, nem pode conhecer o generoso impulso que guia aquele que confia em si mesmo, e cujo prazer não é de ter conseguido a vitória, se não de sentir capaz de conquistá-la.

«Diz-me o que lês e eu dir-te-ei quem és» é verdade; mas conhecer-te-ia melhor se me dissesses o que relês.

Aprendendo a conhecer os males da natureza, despreza-se a morte; aprendendo a conhecer os males da sociedade, despreza-se a vida.

O silêncio é o melhor rebuço para quem não se quer revelar, ou fazer-se conhecer.