Coleção pessoal de Sandra-Mello-flor
Minha dor
Não cure as minhas dores
Elas são minhas
Não cure a minha magoa
Eu não te permito
São minhas companheiras
Das minhas madrugas
Não sei viver sem elas
Fazem-me Campânia
Nas minhas noites frias
E não me questionam nada
Não cure as minhas dores
Eu não te permito
Não cure a minha dor
Pois é só minha
Pois em cada dor que sinto
Trago lembranças
Umas tão doces
Que eu sinto falta
Outras nem tanto
Mas que indicam sempre
Onde errei e
Não errar mais
Assim neste bolero
Assim neste bolero que lero
Eu imagino á vida
Castelos e te quero te espero
Eu vejo não finjo
Um poema que é torto
Seu moço
Assim neste bolero
Tem pássaros compassos
Tem lua tem flores tem rua
Que nunca passarei, passarinho!
Amigo, inimigo depende tem sonhos?
Dona felicidade se esconde
Faz parte da vida que bela
Tem pedras, caminhos.
Diferentes ou iguais
Assim neste bolero
Recolho estrelas no mar
Penso e repenso
Há de ser mulher por um triz
Ou atriz aprendiz
O silencio sufoca
Com raiva ou rima
Sem juras que passa
Devagarzinho esperança
Com alma sem calma
Cada sonho desejo
Tangíveis incessíveis
A palma da mão
Não fujo não nego
Um artista um navio
Um amor que da assas
Sem píer sem ponte
Assim neste bolero
Sem gesto que te leve
Poemas de Se e de Já
Desejo inquieto
Da eterna procura
Se levar pelo vento
Chorar de alegria
O segredo a resposta
Folha seca de outono
De todo amor desatento
A pálida lembrança
Fases que vão e que vêm
Primavera de amores
Devagar é a vida a passar
Castelos de areia
Nem tudo nem tanto nem nada
Às vezes me invento
Finjo-me engano
Assim neste bolero que lero
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.