Coleção pessoal de sanathy
Eu não quero promessas. Promessas criam expectativas e expectativas borram maquiagens e comprimem estômagos.
E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.
Se foi amor, esqueci.
Se foi desejo, acabou.
Se foi vicio, destrui.
As lembranças apaguei, e o que era pra toda vida, já morreu.
Não telefono para mais ninguém. Quem quiser que me procure. E vou me fazer de rogada. Agora acabou-se a brincadeira.
Talvez
Talvez não me pertençam
Os finais de semana
Talvez eu não pertença
A semana
Ou muito menos
Aos finais
Talvez eu sequer
Pertença
Talvez sequer eu
Talvez sequer
Talvez eu
Talvez.
Xeque-mate
Pode ir tranquilamente para o inferno
Pois estou farta de suas retardatárias
Condolências. Estou cansada de correr
Atrás de seus ventos instáveis
Já conheço todos os seus truques
Dei xeque-mate nos seus jogos ilusórios
seu espantalho, sua raposa chorona!
Seus monstros já não me assustam
Você foi um osso duro de roer
Da próxima vez, não sou eu quem irá
Submergir e você sabe bem porquê
Estou recuperando minha alma e você
Cada vez mais fraco e trêmulo
Foi você quem me fez perder a
Ingenuidade. Agora não me acuse de ser
Maliciosa. Detesto seu coaxar fútil e
Ridículo. Tal qual um pássaro
Encurralado, engolindo todos os sapos
Necessários, você está no fundo do poço
Ilhado. E desta vez, não há saída.
Pule, ratinho, a gaiola está eletrificada...
Simplificação
Queria inventar a bomba da simplificação
E contaminar o mundo
Fazer um retrocesso
E me banhar em águas nativas
Esquecer a lucidez, minha companheira
De tempos em tempos.
Sair por aí mordendo flores
Devorando frutas
Ser selvagemente liberta
Possuir a vida
Gerar nascentes de felicidade
Não mais entender de fórmulas que complicam
Minha forma vegetativa de ser
Cavalgar nas asas de uma borboleta azul
Fazer sulcos na neve
Visitar meteoros escondidos
Decretar a inexistência do tempo
Cronometrar o absurdo
Cultivar um estado mental
No qual a alegria fosse uma constante
Tocar músicas das esferas celestiais
Eu seria uma gaivota suave
Delineando horizontes sem fim
O fim seria o início
E você não temeria mais a morte
Brincaria de rodas com o vento
Se tudo fosse simplificado.
O que estou dizendo?
Utopia.
Sedução
Você me incomoda
E me seduz
Você me incomoda
Tanto quanto me seduz
Você me incomoda
Porque me seduz
Você me incomoda
Você me seduz.
Metamorfoses
E vi você traçando seu futuro
Como se fosse um mago
ou o dono da vida
Seus pés chutaram todas
As pedras do caminho
E elas atropelaram os de muita gente.
Houve lutas, houve fugas
O cavalo alado pousou
E você cavalgou no arco-íris
Ficou verde, azul, branco
Brincou de esconde-esconde com as nuvens
Fez serenata para o trovão
Depois, se fez peregrino na terra
Apaziguou guerras e se fez valente
Foi sábio, conselheiro de muitos
Se fez poeira, vento e furacão
Depois cismou de procurar outros mundos
Fez sua casa vizinha à das algas
Se fez translúcido e líquido
Movia-se livre das amarras
Que você mesmo tinha feito
Conversava com os peixes
E até bailou com um polvo
Desistindo de procurar novos mundos
Pôs um girassol na lapela
E hoje anda embriagado de ilusões.
Saindo de um pesadelo
Ando em outra
Encontro-me em plena
Operação-resgate
Abominei seu olhar
Complacente e desta
Vez é definitivo
Afinal, não havia
Enredo entre nós
Apenas situações
Eclipsantes.
Eu precisava de
Uma sinfonia
E você me ofertava
Meras partituras.
Quer saber?
Estou saindo de
Um pesadelo.
Dos bons.
Noturno
Sou um caminhante noturno
Escuto sussurros sem ritmo
Saindo por entre os escombros
vejo a satisfação dos perigos
O navegar dos desejos
A angústia solta
Como um pêndulo oscilante.
Tenho uma inabalável vontade de viver
Um sentimento qualquer coisa
Alguns desejos bandidos
Outros fantasmas emboscados
Planos, quem sabe?
Fantasias, algumas
A passos rápidos sigo
Rumo ao centro do
Buraco- negro
você me entende?
Gato do mesmo saco
Estava colecionando seus argumentos
Quando descobrí sua mascarada realidade
Pensei que você fosse um gato de outro saco
Mas é apenas uma ave de rapina
De grandes patas.
Que pena...Que pena...
Odeio ver alguém concordar comigo em algumas coisas por que só assim eu tenho a certeza de que estou redondamente errada.
Eu odeio pessoas que entram num bar e não bebem. Eu odeio testemunhas... Um bar é um templo: entrou, tem que beber!
DUALIDADE
Não acredite em meus versos mentirosos
Usualmente escrevo o que me convém
Arte de palavras em jogos de vai e vem
Moldam fácil, pensamentos enganosos
Se é dos fatos que todas as idéias provêm
Os sentimentos profundos e carinhosos
Podem resultar de mil gestos ardilosos
Que só o egocentrismo dos poetas contém
Sim, sou feita de vários compostos
E componho ouvindo vozes do além
Inventando amores volúveis e melosos
Agora, ao ler, assimile e julgue; porém
Sem esquecer dos meus atos amorosos
Lembre que sei amar intensamente, também!