Coleção pessoal de sammisreachers
Não somos, mas estamos homens: vermes com a promessa do absoluto. E todo o absoluto jaz - possível e pulsante - em Cristo e em Cristo apenas.
A história do cristianismo, ou uma delas, pode ser a história da tentativa de desconstrução do Sermão da Montanha.
Autorizar por lei a prática do aborto é dar o poder de alguns tirarem a vida de outros e isso equivale a lançar a moral humana nas profundezas do abismo.
A discussão séria em torno do aborto envolve dois problemas básicos. Primeiro: o que é isto — o ser humano? Segundo: como decorre o valor da vida humana? Esses temas, a despeito do que defensores do aborto alegam, não diminuem o valor da vida da mulher; pelo contrário, garantem. O valor da mulher não decorre de sua situação social empírica (por exemplo, ser brasileira, ter 22 anos, morar no interior do Rio de Janeiro etc.), mas do fato antropológico de ser pessoa e valer para este ou qualquer mundo possível. Com isso, afasto o argumento de que, se na maioria dos países civilizados o aborto é permitido, por que não seguir seus exemplos? Simplesmente porque o status pessoal e a relevância moral de uma mulher não aumentarão em razão daqueles países serem mais civilizados, assim como não diminuem o status pessoal e a relevância moral do embrião. A liberação do aborto não é uma condição necessária de civilizações empoderadas. Muito pelo contrário, pode indicar o início de seu processo de colapso. Liberar o aborto aqui não nos fará uma grande nação. E, mesmo se vivêssemos em um mundo materialmente farto, socialmente rico, culturalmente civilizado, no qual mulheres não morrem mais em decorrência de abortos clandestinos, não se anula o fato de o aborto ser objetivamente imoral. Porque, se é objetivamente imoral, assim o é para todos os mundos.
Vários de nós somos as crianças não planejadas de mulheres talentosas e criativas cuja vida foi mudada por uma gravidez não planejada ou indesejada.
O aborto é a imagem inversa do evangelho. Em vez de “eu vou morrer por você”, diz: “Você morre por mim”.
Não é um exclusivismo aleatório ou autoritário: A vingança pertence ao Senhor (Rm 12.19) porque nunca conseguiríamos vingar tudo o que precisa ser vingado.
Se o mal é empresa de expertise humana, a vingança é grandeza doutra magnitude. Pois estamos de tal forma embebidos no mal que é como se sequer soubéssemos o que fazemos (Lc 23.34: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem”); não podemos ver, (pres)sentir, compreender o volume e variedade de mal que se excreta de nós, que dirá o que vai no dentro. A vingança compete impreterivelmente a Outro: Um pincel azul embebido em tinta azul não poderia pintar nada de verde.