Coleção pessoal de samia_lourena

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Ecos de você

⁠Ando pela casa vazia,
de um lado ao outro, sem destino certo,
como se cada passo pudesse preencher
o espaço que você deixou em mim.

Seu nome ecoa na minha mente,
a cada segundo uma lembrança tua,
e eu me pergunto onde você está,
se pensa em mim, se ainda sou algo em você.

Ou se já sou apenas ausência,
uma sombra distante, esquecida,
enquanto talvez você esteja em outros braços,
onde meu lugar já não existe mais.

⁠Caminho sem pegadas

Crescer sem pai é caminhar sem sombra,
sem a voz que orienta nas noites de dúvida,
sem a mão firme que segura na queda,
sem o olhar que aprova, que acolhe.

É aprender a ser forte antes da hora,
sentir o peso do mundo com as próprias mãos,
e buscar nos próprios passos
um caminho onde nunca houve pegadas.

Na ausência de um abraço, a alma se encontra,
fazendo de si mesma um abrigo seguro,
mas no silêncio, o coração pergunta:
onde estava o pai, quando o mundo se fez tão grande?

⁠O silêncio do eu te amo II

Há um silêncio que pesa,
um intervalo vazio onde antes cabia o mundo,
onde antes repousavam as palavras doces
como um abrigo onde o coração se aquietava.


O “eu te amo” era certeza, era solo,
ditas sem hesitação, no toque mais leve,
nas despedidas sem drama, na rotina de existir,
como quem respira sem pensar.


Agora, apenas o silêncio se estende,
imenso e frio, como uma noite sem estrelas,
e o vazio, antes inimaginável, se instala
na ausência daquela voz que já foi casa.


Por um tempo, o peito espera, teimoso,
acreditando que o som familiar voltará,
que a falta é breve, que logo se ouvirá
o eco de um amor ainda em espera.


Mas os dias passam, o eco não vem,
e a vida, em sua crueza, ensina
que os "eu te amo" também morrem em silêncio,
que o tempo desbota até o que parecia eterno.


E aceitamos, a contragosto, o vazio deixado,
a voz que se cala e não retorna mais,
como uma despedida que nunca foi dita
e permanece, sussurrada, na alma.

⁠O silêncio do eu te amo


Há um vazio onde o "eu te amo" morava,
um espaço suspenso, entre um ontem próximo
e um hoje de silêncio, onde as palavras
se desvaneceram como névoa ao sol.


Era uma certeza, doce e frequente,
o som que se repetia em cada manhã,
em cada despedida breve, cada retorno.
Agora é uma ausência, fria, que ecoa.


Às vezes parece que ainda vou ouvir,
como quem espera uma onda que nunca chega,
mas o tempo insiste em seu modo firme
de calar o que antes fluía livre e leve.


No começo, dói fundo e inesperado,
como se o peito se apertasse ao lembrar,
o que antes era simples só um "eu te amo",
agora é uma falta que grita no silêncio.


Mas a realidade se acomoda, lenta e dura,
onde antes havia promessas, constância,
agora há espaço e um eco de saudade,
um aprendizado em caminhar sem palavras.


E seguimos, na vida que insiste em calar
tantos "eu te amo" que julgávamos eternos,
aceitando o silêncio como parte de nós,
um espaço vazio, sem eco, sem voz.

⁠O único de cada amor

Quantas vezes amamos, quantas vidas em uma só
carregamos, amores que vieram, que foram,
que pensamos eternos e completos,
únicos como a primeira luz da manhã.


Cada vez acreditamos, com fervor sereno,
que aquele era o mais puro amor que existia,
como se o mundo coubesse apenas naqueles olhos,
naquela voz, na mão que segurava a nossa.


Mas então vem o tempo, que dobra esquinas,
que dissolve promessas, apaga contornos,
e abre espaço no peito, já marcado e ainda fértil,
para um novo rosto, uma nova chama.


E cada vez nos entregamos, ainda inteiros,
ainda crentes, com os olhos fechados e o coração aberto,
como se amar fosse sempre pela primeira vez,
uma história escrita sem sombra de passado.


Assim seguimos, de amor em amor,
como quem atravessa oceanos sem mapa,
sabendo que a cada encontro
a profundidade muda, a cor das águas se altera.


Amamos e acreditamos, deixamos partir e renascemos,
e a cada novo começo,
o amor surge imenso, inesperado,
como se sempre fosse, de novo, o único.

⁠Morrer é voltar

Da natureza tu viestes, um sopro, um ser,
Feito de pó, de água, de vida a florescer.
Das mãos da terra, moldado ao vento,
Ecoas a essência, leveza, e tempo.


Em tua jornada, a terra teus pés toca,
Caminhas por rios, florestas, e rocha.
Respires o ar, floresces no chão,
E dentro de ti, pulsa o coração.


Mas quando o tempo te chamar de volta,
O ciclo se fecha, a terra te solta.
Da natureza viestes, e para ela irás,
Como folhas caídas, no vento, em paz.


Na dança eterna, retornarás ao lar,
Feito de pó, de água, de brisa, de mar.
E assim como viestes, tu também voltarás,
No abraço da terra, teu repouso terás.

Um beija-flor no meu jardim


⁠Todos os dias, de manhã cedo,
um beija-flor chega a sorrir,
voa em direção à minha alma,
e beija as flores a reluzir.


Minhas flores, pequenas e amarelas,
como estrelas que o sol despertou,
e o beija-flor, com graça, cintila,
num abraço que a vida ofertou.


O voo é leve, quase um suspiro,
um beijo que não se vê, mas se sente inteiro,
e em cada flor, um toque que embalsama,
um gesto de amor no mais puro segredo.


Ele vai e vem, sem jamais pedir,
sua presença é como a aurora, deixa o jardim a sorrir,
e eu o vejo, mas não posso tocar, apenas,
guardo nos olhos o beijo que o beija-flor deixa a pairar.

A vida como ela é


Viver com a razão, sem ilusão,
sem enfeitar os dias com poesia,
olhar a vida com os pés no chão,
aceitar a dor, sem fantasia.


Os problemas não são estrelas brilhantes,
não há magia nos caminhos tortos,
são pedras, são fardos, são instantes
que nos ensinam, mesmo nos momentos constantes.


A emoção às vezes engana o ser,
faz-nos crer que tudo tem um final encantado,
mas a verdade é simples de entender:
ciclos se fecham e o tempo é o aliado.


Com força, seguimos sem hesitar,
sem esperar que tudo seja fácil ou doce,
sabemos que a vida é feita de encerrar
e recomeçar, com coragem, sem alarde ou pose.


A razão nos dá a coragem de continuar,
de enfrentar o que vem, de entender o que foi,
sem esperar que a felicidade venha sem lutar,
sabendo que a vida é um rio que flui e destrói.

Tela em branco⁠


Deixei para trás o que me prendeu,
as sombras que não me deixavam ver,
cada passo, uma escolha, um renascer,
em busca de mim, do que sou, do que devo ser.


Os vestígios da dor ficaram no caminho,
como folhas ao vento, a dispersar,
e a cada amanhecer, mais forte, sozinha,
aprendi a me refazer, a me amar.


Agora sou a tela em branco,
o recomeço sem medo, sem pressa,
encontrando minha verdade,
sem máscaras, sem promessas.


Minha felicidade não é dependente,
não precisa de mais ninguém para florescer,
pois dentro de mim, sou suficiente,
e a cada passo, vou me reconstruir, renascer.

Mulher sábia


⁠Uma mulher sábia entende que amor próprio é tão essencial quanto o amor pelo outro. Ela reconhece que uma relação saudável é construída em parceria, respeito e reciprocidade. E que não cabe a ela carregar o peso sozinha. Sabedoria é saber quando lutar e quando deixar ir; é perceber que o amor não deve ser uma prisão emocional, mas um espaço de crescimento e bem-estar. Quando a relação não é nutrida por ambos, ela é forte o suficiente para escolher o seu próprio bem, libertando-se para reencontrar sua paz, confiança e liberdade de ser quem realmente é.

Amar é ser inteira


Não sou âncora nem cais
de quem não sabe navegar,
sou vento que sopra em paz
onde o amor pode aportar.


Se a mão que eu seguro fraqueja,
se o peso é só meu, sozinha,
que eu tenha a coragem que enseja
sair, ser meu porto e minha linha.


Amar é ser inteira, é crescer,
não se perder no vazio do outro,
é saber, sem medo de ver,
que meu valor não cabe em pouco.


E assim sigo, forte e serena,
na liberdade que é só minha,
sabendo que o amor não condena,
mas me eleva e me ensina.

Desenho de Deus


Ele é desenho divino, esboço de paixão,
pele que chama, cor de tentação.
Braços fortes que me envolvem por inteira,
cada traço seu é um toque sem fronteira.


É desejo que exala, perfume febril,
pele quente, cheiro de cio sutil.
Veias marcadas, caminhos secretos,
onde o prazer traça rumos discretos.


Ele é meu sonho, meu devaneio sem fim,
o desejo ardente que vive em mim.
No olhar, um poder que prende e domina,
na voz, encantos que meus ouvidos fascina.


Durmo e acordo com ele no pensamento,
toda noite é seu, meu sentimento.
Como ninguém, o quero tão intensamente,
ele é meu desejo, meu querer mais permanente.


⁠Seu cheiro é chama, seu toque, delírio,
como melodia que invade meu mundo sombio.
Ele é feito à mão, traçado em perfeição,
um desenho de Deus, escultura de paixão.

⁠Odeio você

Odeio você porque me faz sentir
como se amar fosse um erro, uma ilusão.
E o medo invade, começa a consumir,
enfraquece o amor, transforma em solidão.

Odeio você por deixar exposto o que é meu,
por me despir de certezas, por me rasgar em dor.
Como se o nosso fosse um amor qualquer,
como se o amor fosse prisão, fosse rancor.

Odeio você, por deixar nosso amor tão vulnerável, instável,
me pergunto se algum dia foi real, se foi verdade?
Pois esse sentimento, embora indomável,
tem a fraqueza de quem ama sem liberdade.

Então odeio o que você fez, o que nos tornou,
esse amor ferido, um campo de guerra.
Mas odeio ainda mais o que restou,
a esperança teimosa que, ainda, por você, espera.

⁠Você em mim

Tudo que eu queria era acabar com essa briga,
silenciar essa mágoa, abrir mão da intriga.
Desculpar e te abraçar sem demora,
te beijar, como se tudo fosse só agora.

Tudo que eu queria era um momento só nosso,
perder-me em você, sem pensar no que é certo ou no que posso.
Sentir teu cheiro bom, tão perto de mim,
tão quente, tão firme, me envolvendo enfim.

Tudo que eu queria era te ver entregue,
de olhos fechados, enquanto o desejo segue.
Te ver babando de prazer ao me sentir,
te tocar, te fazer sorrir.

Tudo que eu queria era te ter aqui,
sem passado ou futuro, só o agora pra existir.
Eu queria te sentir, sem medo, sem fim.
Tudo que eu queria... era você em mim.

⁠A arte de ouvir

Ouvir é uma arte, um ato de cuidado,
Em cada palavra, um mundo revelado.
Quando o silêncio nos envolve o peito,
Conhecemos o outro, no seu mais puro jeito.

Ao ouvir mais do que a voz própria ecoar,
A vida ensina a melhor forma de amar.
Há muito a se aprender em cada conversa,
Um universo vasto em cada alma imersa.

De um gesto sutil, de um riso, um olhar,
Conhecemos histórias, deixamos penetrar.
Cada palavra é uma peça encaixada,
Na construção de decisões mais ponderadas.

Porque ouvir de muitos é ouvir a vida,
É enxergar mais fundo, sem pressa, sem medida.
Respeitar o que o outro traz em essência,
Para que cada escolha tenha real consciência.

Assim, quem ouve com o coração aberto,
Sabe que o caminho se torna mais certo.
É saber que as vozes são faróis de luz,
Guiando a jornada que em nós se traduz.

⁠Amor possessivo


Ela o ama como quem prende o vento,
Como quem sela o destino, o intento.
Em seu olhar há uma fome, um poder,
Um querer tão voraz que não sabe ceder.

Quer ser dona dos passos, do tempo e do ar,
Quer o riso dele, o pensar e o sonhar.
Ela, possessiva, em chama e loucura,
Deseja moldá-lo à sua ternura.

Seu toque é ardente, é febre e prisão,
Quer a pele, o pulso e o coração.
Ela o quer em seu mundo, fechado e selado,
Como quem guarda um segredo calado.

Ele, inquieto, nas asas da vida,
Resiste, mas volta à sua medida.
Ela sorri, sabendo a verdade:
O amor que ela tem é sua vontade.

E assim ela o ama, feroz, dominante,
Com força de mar e sopro incessante.
Ele é dela, no riso, no medo, na cor,
Pois ela é possessão, é domínio e amor.

⁠Farpas de amor


Trocam farpas, olhares, espinhos,
Palavras que ferem, seguem sozinhos.
Um tentando ao outro calar, ferir,
Como se a dor fosse fazê-los partir.

Ela o acusa, ele rebate,
E entre as frases, o orgulho abate.
São dores ditas, são mágoas veladas,
São noites longas, almas cansadas.

Mas no fundo do peito, em meio ao escuro,
O que desejam é um porto seguro.
Querem a paz que só o outro traz,
No calor do abraço, no toque da paz.

Cada frase áspera, cada ironia,
Esconde o desejo de uma sintonia.
Pois sabem bem, no fundo, no fundo,
Que o amor é abrigo e silêncio profundo.

Então se olham, coração em lamento,
Sabem que o amor é também acalento.
E após as farpas, as brigas, o chão,
Renasce o amor na palma da mão.

Pois o que seriam sem esse ardor?
Sem cada troca, sem dor e amor?
Amam-se assim, sem meio-termo,
São chama e calma, lar e devaneio.

O fim de um amor sufocado


Era fogo, desejo, chama intensa,
Um amor que queimava, vida imensa.
Mas entre beijos, risos e olhares,
Cresciam sombras, nasciam azares.

Ele, com sede de vida e de estrada,
Queria ser livre, alma desvairada.
Ela, guardiã de um amor sem medida,
Queria seu tudo, sua paz, sua vida.

Ela, exigente, precisa e cruel,
Ele, um vento leve, cigarro ao léu.
Se amavam e riam, mas era assim,
Como água e fogo, começo e fim.

Veio o ciúme, a possessão sem freio,
Ela o queria só seu, inteiro.
E ele, imaturo, fugia da calma,
Um amor em chamas, perdido na alma.

A cada toque, o desejo crescia,
Mas cada palavra, o amor se perdia.
Ele, safado, sem rédeas nem pressa,
Ela, em sua ira, cobrava promessa.

Um dia a chama, que ardia infinita,
Foi sufocada, calada e aflita.
O amor ainda ali, mas preso e cansado,
Como um pássaro em gaiola, enfim sufocado.

Agora restam saudade e lamento,
Memórias de um amor perdido ao vento.
Eles se completam, mas já sem saída,
São pedaços de amor, de outra vida.

E assim seguem, cada qual no seu cais,
Ele ainda solto, ela buscando paz.
Um amor que ardia, mas não soube durar,
Um fogo que um dia não pôde queimar.

Amor na praia ⁠

À beira do mar, onde o mundo se apaga,
Um casal se encontra, em paz se embriaga.
Com pés na areia e o vinho ao alcance,
Selam o instante num eterno enlace.

Eles trocam olhares, faíscas e sonhos,
Com sorrisos leves, carinhos risonhos.
Entre tragos suaves e goles de vinho,
Se perdem, famintos, no mesmo caminho.

A brisa sussurra promessas no ar,
O toque é macio, no vai e vem do mar.
Ele oferece o peito, ela, o seu riso,
Cada gesto um pedaço de paraíso.

Planos murmurados, segredos trocados,
O futuro é vasto, como o céu estrelado.
Cada palavra, um pedaço de chão,
Onde constroem, juntos, a própria canção.

No toque das mãos, no calor do abraço,
Se devoram inteiros, num doce cansaço.
E ali, onde a onda se encontra com a areia,
Selam o amor, como quem nunca anseia.

Na praia deserta, ele é dono ela é musa,
Bebem do desejo, a noite confusa.
Entre o vinho e o cigarro, no seu vai e vem,
Amam-se, livres, como ninguém.

⁠Tédio dos dias


Dias que passam, lentos e iguais,
Como folhas no vento, dispersas, banais.
O tédio se arrasta em silêncio profundo,
Um eco sem fim no vazio do mundo.

Olhares perdidos, cansados de ver,
As mesmas paisagens, o mesmo viver.
É a falta de cor, é o tempo parado,
Um ciclo sem sonhos, um chão estagnado.

Amanhece sem pressa, anoitece sem cor,
E o dia se estende, sem brilho, sem dor.
São horas vazias, caladas e frias,
Na longa espera de outras vias.

Por entre as paredes, murmúrios sem som,
Ecoam desejos de um novo tom.
Mas o tempo persiste, fiel ao desdém,
De trazer só promessas que nunca vêm.

Ah, quem dera uma brisa, uma voz, um sinal,
Algo que rompesse o véu habitual.
Mas enquanto isso, o tédio se expande,
Como uma sombra que nunca se esconde.