Coleção pessoal de SabrinaNiehues
Tá tudo morrendo, tá tudo acabando. E você, que sorte a sua, na sua ignorância, aí sentando vendo TV, aí parado olhando a vitrine, aí andando na rua olhando o celular... Você é que deve ser feliz sem se preocupar com nada. Se esvai a noite, o dia, vem o sol, vai a lua, a cada hora a morte se aproxima, o fim chega perto. Será que o planeta vai morrer do mesmo modo que nasceu? Quem sabe numa explosão de calor? Será que o universo também vai morrer? E você vai morrer quando? Vai deixar quem pra trás? Quem vai sofrer por você? Eu me importo. Eu me importo com aquele senhor que perdeu sua namorada na explosão de Hiroshima no dia em que ia pedi-lá em casamento. Eu me importo com aquela raposa que morreu congelada num lago. Eu me importo com as crianças africanas que morrem de fome. Eu me importo com a natureza que você consumista compulsivo está destruindo. Eu me importo, mas não posso fazer nada além de dedicar meu precioso e pouco tempo à pensar em todos vocês. Fico horas a fio olhando pro nada, pensando em tudo, em todos. Me pergunto quando, exatamente quando, essa droga de planeta vai explodir... Eu tento encontrar um sentido, alguém que comanda tudo... E a falta de sentindo me deixa tão louca que é por isso que acho que acredito em Deus. Mas aí me pergunto por que Deus faz o que faz. Então a resposta está no silêncio. Deus não existe. Ele não fala comigo, Ele não me ajuda... E se ajuda, não me deixa perceber isso. Tudo o que você faz, cada atividade, cada passo, cada respiração, é em vão. Você vai morrer, junto com os animais, amigos, família, natureza, planeta. Olho para o relógio vital. Espero...
Quando alguém entra na sua vida
e depois de algum tempo vai embora,
pode ser qualquer coisa
menos amor.
A cada passo dado eu morro um pouco mais. A cada noite em que me deito penso em nós. Penso em nós que não existe. A cada manhã em que me levanto sinto vontade de voltar pra cama e ficar ali o dia todo, apenas esperando a morte chegar. Eu não consigo me ver no dia de amanhã. Não consigo me ver longe de ti. Meu peito dói ao pensar. Minha alma grita por socorro, mas você nunca aparece para me salvar...
As tentativas foram tantas... A droga de esperança de algum modo vivia em mim. Ela me fazia prosseguir. Ainda nas vésperas eu a possuía. Mas desta vez ela não conseguiu ser mais forte. Desta vez as sombras e trevas eram tantas que apagaram a chama da pobre esperança.
Só sou feliz na minha ilusão. Quando estou no meu quarto, ouvindo tristes canções, imaginando coisas que são improváveis de acontecer um dia. Fora da minha ilusão, fora da mentira, não consigo ser feliz!
Por que não adiantar uma coisa que já é certa que virá? A única certeza que possuo é a morte. De que vale viver se já não lembro quando fui feliz? De que vale esperar a morte, se eu já sei que ela virá? Eu não estou indo encontrá-la, é ela quem já vêm vindo aí...
Às vezes penso que o que me mantêm aqui é esse sentimento. É o mais puro, sincero e bonito sentimento que carrego comigo. Os outros que me possuem são de muita tristeza e desesperança.
Toda vez que passo você não nota
Eu conto uma lorota você nem ri
Me faço fina flor vem e desbota
Me boto numa fria não socorre
Eu cavo um elogio isso nem te ocorre
A indiferença escorre fria a me ferir
Será porque você não me suporta?
Pro tanto que eu te queria, o perto nunca bastava
E essa proximidade não dava
Me perdi no que era real e no que eu inventei.
E quase o ano inteiro os dias foram noites
Noites para mim
Meu sorriso se foi
Minha canção também
E eu jurei por Deus não morrer por amor
E continuar a viver.