Coleção pessoal de RoseCunha
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Livros e flores
Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
AS VOLTAS DO MUNDO E DO AMOR
No livro Perto do Coração Selvagem, romance de estréia da escritora Clarice Lispector, a personagem Joana, em um determinado momento, sente-se confusa por estar sofrendo por algo que, um dia, a tornou terrivelmente feliz.
Acontece muito. A dor e o prazer alternarem-se em volta do mesmo motivo. Passam-se anos, ou meses, ou horas, e aquilo que nos deu tamanha vontade de viver torna-se a razão de tanta angústia e lágrima. E o mais exaustivo é que este é um fenômeno incompreensível.
Sendo de impossível entendimento, nada pode-se esclarecer aqui, a não ser dizer que, na maioria das vezes, é o amor que provoca tal contradição. O tempo passa e o amor sofre mutações: de ansioso passa a ser calmo, de constante passa a ser inconstante, de onipotente passa a ser falível.
Nós, por outro lado, também mudamos. De carentes a auto-suficientes, de infantis a maduros, de ternos a ríspidos. Somos igualmente poderosos e igualmente fracos. E a metamorfose do ser humano, como a metamorfose do amor, gera pânico: que amor é esse que um dia me faz explodir de alegria e que no outro dia me implode? Que ser é esse que sou, que um dia aceita as contingências de um sentimento mutante e que no outro dia o quer estático, igual como sempre foi?
Há exemplos mais simples. Ele te amou e isso te fez feliz. Ele deixou de te amar e isso te tornou infeliz. Felicidade e dor em alternados momentos e pelo mesmo motivo.
Ela era passiva e caseira, e isso deixou você apaixonado. Ela manteve-se passiva e caseira, e você passou a sonhá-la agitada e independente, e de repente não a quis mais. Ela não mudou, mas você mudou, e o amor acompanhou a mudança.
Não há como parar o tempo, cristalizar o que nos enche de êxtase. Este êxtase um dia se tranformará em algo que nos perfurará feito lâmina. Porque assim é: a terra gira em torno do sol e nós giramos em torno de nós mesmos, sem descanso.
Amo Muito!
Amar é mesmo tão difícil, precisa ser assim, solene valoroso, impossível pois é no impossível que o melhor amor se revela...
Amar o comumente belo, agradável, gostoso... isto fazemos até sem perceber!
Mas, amar o difícil, o que para você é incompreensível, o que não te compreende, o amargo, o azedo... Sem ter sensação de dificuldade, amargor, acidez ou azedume, sem necessidade de compreensão.
Isto sim pode ser pleno, este amor que, quando experimentamos e, conseguimos gozá-lo nos torna pessoas melhores...
Hoje vi que este amor precisa ser exercitado pois é momentâneo, mora nos tempos difíceis, portanto precisamos nos abastecer desta capacidade durante os bons tempos. Guardando boas lembranças, nos embebedando de bons sentimentos, sobretudo de coragem.
Amor inteiro, amor ao que não é belo no amado, ao amargo, ao azedo, ao difícil... A existência do contrário é que valoriza sua importância! Assim podemos saber o que é doce...
Examinando o amado em sua completude, não hesitar em amá-lo, com suas feiuras, tragédias, rabugices.
O Amado mundo, os amados filhos, os outros amados, o amado eu.
Ainda não sei como fazê-lo...
Mas ando me lambuzando em experimentações...
Ainda que, com muito custo, eu faça do mato e da praga um jardim, de vez em quando me aparece uma lagarta para estragar tudo!
O que você quer de mim não tenho como te dar, porque não sou extensão de você...
Suas queixas de mim pouco têm a ver comigo, muito mais tem a ver com aquilo que você quer que eu seja, ou que te incomoda na minha existência...
Então, neste caso, o problema não é nosso, é seu!
Saudade x Nostalgia...
Nostalgia é o mal estar que se tem ao perceber a impossibilidade de reviver certos momentos da vida.
Diferente da saudade a nostalgia aumenta ao entrar em contato com sua causa.
Quando sentimos saudade de alguém ou algum lugar, este sentimento é aliviado ao reencontrarmos este alguém ou visitarmos este lugar.
A nostalgia, ao contrário, se agrava ao reencontrar alguém de quem sentimos falta de conviver da maneira que convivíamos antes...
No reencontro o sentimento nostálgico irá se alimentar e não diminuir como a saudade, pois lamentamos ainda mais a impossibilidade de reviver aqueles momentos naquele lugar ou com aquela pessoa...
Estou nostálgica dos meus avós...
O respeito é o que te impede de agir em pensamento, palavras ou atitudes contra a integridade existencial, física e filosófica do outro, considerando tanto os seus valores, quanto os valores do outro.
Jade, Clara e Laura
Eu chamava a primeira bebê de maravilhosa... A segunda de belíssima... Um dia a 1a perguntou se eu não a achava bonita, então virou espetacular... Pois não é que veio a 3a? E todas nós a chamávamos de maravilinda...
Aliança
De alguma maneira
Quero sempre me casar com você.
Para mim, este amor é diferente, não é de papel passado.
É amor de papel presente.
Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo.
Não deseje para o seu casamento a felicidade dos casais dos contos de fadas, pois nessas histórias os apaixonados só são felizes no final e ninguém vê o que acontece depois disso.
Um casamento não dura o tempo de nossos dias.
Um casamento, fruto de verdadeiro sentimento,
não conhece o que é tempo.
Possui a essência da eternidade
Dura para além da vida!
O casamento feliz é e continuará a ser a viagem de descoberta mais importante que o homem jamais poderá empreender.
Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.