Coleção pessoal de Rose05
Pai,
Amo-te tanto, meu pai... já te dizia.
Tivemos tantos momentos juntos... que saudades!
Amo-te como pai e amigo, seu Chaia
Numa sempre diversa realidade.
Como foi bom receber a tua proteção,
Crescer sentindo tua lealdade.
Quando nasci tinha tanto medo!
Era tão bão sentir teu coração...
Choro, me falta teu calor eterno.
Temo, não tenho mais tua proteção,
Cumplicidade. E fidelidade.
O amor entre nós, jamais cortarão.
Somos parte dela: felicidade!
Tudo entre nós será eterno.
Amiga,
Por onde andas?
É madrugada e noite e eu sozinho.
Prantos, tantos!
Que deixam minha´lma em descaminho.
É doce sentir tua presença
E te escutar falar de coisas mais amenas.
Tua palavra é sempre bem querença,
Por isso abro minha1lma a ti e ela descansa.
As lágrimas que soltam agora dos meus olhos
São gotas de orvalhos estelares
Que saem à procura dos teus passos.
Sei que tudo faria pra me dar uma alegria,
Mas na verdade mesmo o que eu quero
É te dar um abraço de saudade.
Continho
São Bento, próximo à Cracolância. Samáforo fechado. Carro parado. Uma mão pequena bate no vidro do carro. Abro o vidro.
"Dona, vou lavar o vidro!"
Não precisa, não!
"Precisa sim, dona; tá sujo!"
Não precisa!
"Precisa!"
Seu engraçadinho duma figa! Cadê teus pais pra te levar pra escola?
"Não tenho pais, não, dona."
E onde você mora?
"Na rua."
Oh, versos! Às vezes, com rimas,
Vezes sem rima...
Não importa...
Precisa só sair da margem,
Ser profundo.
Reconhecer que erramos ultrapassamos a nós mesmos no processo de arrependimento, e assim buscamos fazer as pazes com os que ofendemos.
Temos dificuldade em conviver com as diferenças, embora desejamos ser reconhecidos como alguém diferente e especial.
O mundo é ardiloso. Ficamos chocados com acidentes provocados por bebidas alcoólicas (e exigimos até leis punitivas), apoiamos o AA etc, mas nossas festas (familiares e quermesses) são regadas delas.
Menina
Eu não tenho mais este jeito de ontem,
Assim natural, assim espontâneo,
Assim meigo e singelo.
Nem estes olhos marejados de encanto e beleza.
Eu não tenho mais este rebolado
Faceiro tão cheio de compasso
Que arrancava suspiros de muitos carnavalescos;
Eu não tenho mais este coração
Que consquistava tanta gente
E desarmava qualquer valente.
Eu não me dei conta desta mudança,
Tão previsível, tão possível.
Em que outro baile de carnaval
Posso reencontrar-me com esta menina que fui?
Há uma loucura absurda que me alimenta,
Um desejo que persiste, me atormenta.
Um tipo de mistura de sensações,
Misto de dor, tristezas e emoções.
Tudo por causa de um tal amor
Que está aqui, mas não o tenho;
Está ao meu lado, mas está longe;
Vou até ele, não me contento.
Se aproximo dele, ele se esconde.
Esconde o sorriso
E torna-se sério,
Mas seus olhos reluzem de alegria.
Estou sentada à beira mar.
Sozinha, mais ninguém.
Balanço a cabeça:
Não, não quero as recordações!
Só quero estar aqui
A olhar pro horizonte
Perdido junto ao mar.
Mas elas insistem,
Não resito,
Me deixo levar pra junto delas.
Uma hora estou no poço,
Grito: Alguém me ajuda!
Poucas pessoas estendem as mãos,
Mas são estas poucas que acreditam quem realmente eu sou.
Outras horas estou na torre,
E mesmo que comigo nada tem em comum,
Não há espaço para mais ninguém.
Cansada de vagar,
Sento-me novamente à beira mar.
Daqui para onde fui,
É uma distãncia enorme,
Mas esta distância
Não traz o esquecimento:
Que eu sempre seguirei
Prisioneira das minhas próprias recordações.