Coleção pessoal de RosangelaCalza
Diferente
Fria... indiferente...
Descuidada... negligente.
Insensível... impassível...
Impiedosa... inclemente.
Apática... antipática...
É o que acham de mim por aí.
Mal sabem...
Por dentro é tudo diferente.
Não sou nada negligente.
Sinto demais... sinto muito
Por mim... por ti...
Por toda a gente.
Nos caminhos dela
Enquanto ele seguia, ele a observava.
Não sabia ele se dela gostava ou se não gostava.
Mas uma atração forte a ela o atraía.
Então ele a seguia.
E quanto mais via o que via,
mais atrapalhado ele se sentia.
E o que sentia claramente não definia
de maneira nenhuma o que sentia.
Nos caminhos dela ele se perdia.
E ele insistia... e a seguia.
Segui-a de noite, segui-a de dia.
Devagar ele aprendia... bem o que não sabia... mas aprendia.
Só tinha um medo: o que no fundo aquele vaso de barro, que ele perdidamente seguia, escondia?
Será que só muito tarde... tarde demais saberia?
Ambiguidade
Em cima da mesa
Um pedaço de papel...
A letra era conhecida,
mas parecia distorcida... tremida.
"Adeus! Te amo... mas não posso mais."
Não poderia ter sido um "até breve"?
Me ama! E não me quer mais?
E o "não posso mais..."?
Sempre teve meu total apoio, fui suporte, fui a forte...
poderia ser até mil vezes mais...
Pois é... sou a que compreende, a que entende,
a que de tudo já viveu mais, viveu demais...
E... a rosa vermelha!?
Ele adora dar...
E eu, ele sabia, eu nunca gostei de ganhar...
Por que junto com o bilhete tinha de deixar!?
Tanta ambiguidade é de matar...
Me deixa cheia de esperança que ele não vai mesmo aguentar...
E pros meus braços ele vai voltar.
Irracional
Irracional.
Vive pra causar mal.
Ama o ringue.
Luta sem razão.
Não há lógica alguma na força da sua mão.
Solitário.
Lobo sem matilha.
Arma pra si mesmo armadilhas.
Alone
You are not alone.
Há todo um Universo a te acompanhar.
Sozinh@ você não está...
Sempre ouvi...
Por que você tinha de partir?
Partiu como segue o rio...
O caminho que bem entende,
Contornando, horas a fio,
O fio que está à frente...
Sem perguntar a qualquer um se consente...
Ou se, em sua ida... partida, tristeza alguém sente.
Frio que congela a alma.
Medo que nada acalma.
Era pra sempre o combinado você me amar...
Como pôde esse amor das minhas mãos escapar?
Eu... que o segurava bem firme.
Há dias
Há dias em que some o Sol
Há dias em que somem as nuvens
Há dias em que some a alegria
Há dias em que só há nostalgia.
Há dias em que some o tempo
Há dias em que some a paz
Há dias em que some o chão
Há dias em que só há a batida do coração.
Hoje sumiram as palavras...
Hoje só o que há é o silêncio
... um silêncio tão silencioso,
gritando que como as palavras ele tão poderoso.
Viva!
Viva... e viva por inteiro.
Não aceite metades, não aceite moedinhas de caridade.
Valorize-se.
Com um valor em peso de ouro.
Você é unic@... é importante
Sinta-se um gigante.
Seja feliz.
E distribua felicidade...
Não há um valor limitado (pra felicidade)
do tipo quem pegou... pegou...
e nada no pote restou.
Viva! E viva de propósito ...
Que sua vida esteja repleta de propósitos
com um passo de cada vez
viva bem... e faça isso de propósito 😘
2022 está à porta... deixe -o entrar como a luz da manhã que começa a brilhar... e acabar com a escuridão da noite é coisa que pra ela menos importa.
Solitário
Solitário – como um lobo sem matilha.
Coração cruel.
Esfola todos os que o amam.
Empurra pra bem longe todos o que por perto o querem.
Mas, mesmo assim, não o ferem.
Não, não é má pessoa.
Sua voz paz ecoa.
Suas mãos aos outros oferece.
Mas a ninguém faz sequer uma prece.
Frio como uma pedra de gelo.
Estilhaçado, não deixa transparecer o quanto está quebrado.
Seus cacos cortam-me devagarinho.
Sangro... choro baixinho.
Amo-o, apesar de tudo.
Faço das minhas dores meu escudo.
Escondo as lágrimas.
Finjo uma alegria que não tenho.
Outra companhia, que não a dele, desdenho.
Do que quero me punir?
Por que continuo ao seu lado eternamente a fingir?
Gosto eu que viva ele a me ferir?
Como uma nota musical
Um olhar de menos de um segundo
e mudou minha percepção do mundo.
Uma nota musical
e nunca mais nada ficou igual.
Uma batida do coração
e a emoção se rendeu à razão.
Muito...muito mais de um bilhão de seres no planeta
e um... só um... um só encontrou morada no meu coração...
Coração amargurado
Coração solitário...
Um barquinho em alto mar
sem rumo a navegar.
Coração quebrado.
Em mil pedaços despedaçado.
Estilhaçado...
No fundo do mar mergulhado...
Quer vir à tona...
Precisa de ar.
Desesperadamente tenta se recompor.
Livre pra bater... viver um eterno e tranquilo respirar.
Coração reconstituído.
No vai e vem das ondas busca sentido.
Um vagalhão carrega-o pra bem longe.
No fundo... bem mais fundo...
Da borda continental às fossas abissais.
Volta refeito pro lugar para o qual foi feito.
Coração – bate no peito.
Constantemente por si próprio.
Esqueceu o que é ser amado.
Mas não esqueceu do coração cruel que transformou sua doce vida de mel...
No gosto mais amargo que o próprio fel.
A outra
Voltei a ser a outra...
cansei desta que todo mundo vê...
assustada, desesperançada
da vida esperando nada.
Voltei... do meu avesso fiquei.
Nas mãos um monte de sonhos
estranhos...
esperando o dia chegar...
a noite sem fim acabar.
Voltei a ser a outra...
esperança não tenho pouca...
dessa vida... que coisa louca...
espero com uma esperança louca
que me dê não coisa pouca.
Sonhos demais?
Nunca olhe pra trás...
a vida é a vida que você faz.
Cansei de ser a outra
com as mãos vazias
esperando o dia
e ver o que ele preparou pra mim...
Esta outra encontrou seu fim.
Fugere urbem
"Vou-me embora pra Pasárgada",
Como Bandeira, me cansei...
Portas e janelas abrirei...
Se chover, então fecharei.
A poesia convida: 'carpe diem'.
Aqui nesta metrópole está difícil...
O barulho na avenida é ensurdecedor...
veículos - e seu potente motor.
o ar está difícil de respirar...
meus olhos chegam a lacrimejar...
O belo que a mãe natureza tanto se esmerou...
A fumaça das fábricas tudo acinzentou.
Ah! Minha Pasárgada...
vou respira o mais puro ar...
bucolicamente pelas pedras dos rios todos eles atravessarei...
Com banhos de cachoeira minha alma renovarei.
Só queria entender
Não quero ser o herói...
não tenho essa prepotência imaginária
mas também não está em meus planos deixar o mundo se rasgar,
adoecer, desfalecer e se acabar.
Parece-me estar sempre vagando em uma tempestade de areia
como se nunca chegasse ao lar
entro nos bares das esquinas...
um intuito: me embriagar.
Um labirinto.
Numa tela em branco pinto.
Depois me equilibro...
num salto quero tudo do avesso virar...
ouço o que está do meu lado a gargalhar.
Estão as árvores apodrecendo?
e o sol escorrendo pelo mundo nada pode mudar?
E o que vejo?
è a escuridão só aumentar.
Iludo-me... cada passo em frente é um passo a menos.
Cada tic-tac do relógio é um instante a menos...
Meu corpo treme.
Desejo mais tempo...
Talvez eu consiga pelo menos entender a confusão que faz com que bata no mundo cada coração.
Ah! Esse céu noturno... tão soturno.
Se eu usar de dissimulação... convenço do que quero quem comanda meu coração?
É o que resta
Louco temporal
no céu negras nuvens...
um vento frio que entra pelas frestas...
voam folhas de árvores e envolvem as pessoas...
sombrinhas que se dobram ao vento...
água fria que escorre pelos corpos.
Frio que engole o calor do dia.
Frio que leva embora toda a alegria.
Riscam raios o céu.
Pedras de gelo quebram vidraças.
carros amassam.
Roupas no varal voam, se contorcem.
pássaros nos ninhos se escodem
procuram proteção...
negra poesia nesse dia.
Sombrio.
Frio que não passa.
Tristeza sacode a manhã.
Era pra ser um dia de festa...
agora, ao se irem o vento e a chuva na direção do mar que logo ali está, restabelecer a ordem que a tempestade causou...
é o que nos resta.
Esperança
Meus passos na areia...
Desaparecem pouco a pouco...
Na vida... tudo é o tempo de um sopro.
No vai e vem das ondas...
O mar num eterno ir e vir...
Impressão: seu movimento é eterno... o fim nunca irá atingir.
Será?
Malabaristas que somos.
Pra onde exatamente vamos?
Iludimo-nos a cada dia que nasce...
Uma esperança louca que em nós renasce.
Intrusa hostil.
Sentimento infantil...
Esperança... sim, não passa de coisa de criança.
Mas... como sem ela viver?
Iríamos muito mais rápido apodrecer.
Dessa dor
Um mar de sentimentos.
Um passado que não cansa de retornar...
E eu que só no presente queria ficar.
Minha vida se transformou num castelo intransitável.
Fantasmas descalços vêm ao meu encalço...
Fecho os olhos pra não os ver...
Mas o frio que com eles chega me faz estremecer.
Vivo como se espinhos tivesse cravados na alma.
Foi-se pra um lugar inatingível toda a minha calma.
Sofro... essa dor intrusa e hostil...
Fe em mim sua morada... fez-me presa do seu covil.
Por que vives a falar de amor?
Porque o amor nunca sai de moda...
Porque o amor nunca nada nem ninguém incomoda...
Porque o amor dá vontade de repartir...
Porque o amor só te sabe fazer sorrir.
Porque no amor há o apoio, a solidariedade...
Porque no amor há o aconchego do lar...
Porque no amor há a humanidade
cumprindo a sua mais sublime missão: a de sequenciar.
Porque o amor é a soma de tudo...
Porque o amor respeita a individualidade...
Porque no amor não existe 'contudo'...
Porque do amor surgiu a humanidade.
Então, não achas tu, que devo viver a falar de amor...
em vez de falar de dor? 😉
Esgotada
Já esgotei todas as palavras de amor.
Hoje meu dizer diz apenas da dor.
Tristeza destes dias tão maus.
Foi-se pro fundo do mar minha nau.
Navego nesse oceano sem fim.
As estrelas do céu, alguém as roubou de mim.
O tempo passa... leva junto nossos momentos.
Tem deixado em seu lugar apenas sofrimento.
Miro o céu... que azul tão bonito.
A claridade do dia desanuvia meus pensamentos.
Singro os mares...
Velejo a favor do vento... nos dias alegres, suaves, claros e bons.
Me empurra ao contrário a noite com sua escuridão.
Abrumasse de novo meu coração.
Em câmera lenta
Olho na distância o tempo que se esvai...
Queria um mundo mais lento... pausado...
Queria que meu andar fosse um andar arrastado.
Mas corro.
Não posso me demorar.
As belezas ao meu redor nem consigo aproveitar.
Nasce o dia...
Nova correria...
Morre o dia.
O tempo que se foi numa total afobação.
Nesse grande afã... onde vamos parar?
Podemos parar?
Olho no espelho.
Vejo o reflexo do que um dia fui.
Meus olhos verdes estão amarelando...
Busco a essência dentro de mim.
Um grito perdido ecoa... ecoa...
O tempo voa.
Uma ânsia de ver em câmera lenta o tempo passar.
Paz na noite
Raios multicores de manhãzinha vêm colorir o dia que nasce.
Esperança que se renova...
Toda tristeza e consternação desaparecem.
O sol que desponta nos dá o calor, nos dá força e energia... a todos fortalece.
Passa o dia.
Que alegria!
A noite que chega... cobrindo o dia com um escuro véu.
Estrelas bruxuleiam por todo céu.
O que é a noite se não o descanso do dia?
Recolhe-te.
Repousa corpo e alma.
A noite com sua paz...
é uma ausência de luz que tudo acalma.
Se estás em paz com tua alma...