Coleção pessoal de rosabergcine
REFLEXOS
De frente ao espelho,
“eu e meus eus”,
meus olhos e eu
observando
os reflexos ampliados
das marcas do tempo,
no corpo e na alma
PROCURE-ME NOS MEUS VERSOS
Se acordares com saudades de mim,
me procures nos meus versos,
com certeza, me encontrarás ali.
Se no silêncio das lembranças,
tiveres sede de saber onde estou,
me procures nos meus versos,
com certeza, me encontrarás ali.
Se no vazio da estrada,
no frio da madrugada,
ou no alento do vento
sentires o meu perfume,
me procures nos meus versos,
com certeza, me encontrarás ali.
Mas se olhares pro céu
e veres a lua em nebulosa,
uma nuvem cor-de-rosa,
ou uma estrela incandescendo
Corras pra perto de mim,
Com certeza, estarei precisando de ti.
METAMÓRFICA
No meio da noite,
dentro de mim,
solidão bravata
ERUPÇÃO.
A cama quente
é ninho vazio.
Tenho febre.
Tremo de frio.
Tento dormir,
mas sinto saudades
Escuto sua voz,
e suas palavras
me acordam para realidade.
Em minha cabeça
toca uma música sem nota,
e num dedo de prosa ao telefone,
aceito a verdade
de não ser mais a ROSA
de seu jardim.
Para não chorar,
fico metamórfica
crio asas,
fujo de mim
ESPERANÇA DESBOTA
A esperança com o tempo se desbota,
e mesmo com a saudade ainda pintando os dias,
novas horas batem na porta pedindo para entrar.
Tem vento fresco e lua lá fora.
Tem estrelas no céu, tem perfume de flores no ar.
Tem lembrança resistindo em ir embora,
mas tem também uma alma querendo descansar.
A efervescência dos doces momentos,
impressos no tempo que passou, não voltará.
E sabe-se Deus, o que daqui para frente será.
Encolhe-se o corpo no esconderijo do espectro da alma doida,no silêncio do quarto, no meio da noite, na escuridãocom lágrimas lavando o inverno rosto, como se fossem chuva de verão.
O QUE ME ESPERA?
o que me espera?
se pra você eu já era,
se não faço mais diferença
se tampouco sou ausência,
se na solidão ainda sofro,
se sinto sua falta e pareço louca,
se viajei na ilusão,
se pensei que podia dar certo,
se ouvi meu coração.
Mas por certo, você tinha razão.
O que me espera?
se na lenta caminhada,
os meus passos desfacelam
e meu coração acelera
em busca de retidão.
Quem sou eu pra questionar a razão?
O que me espera
quando a calma puder renascer
e eu fizer por merecer,
depois desse inverno intenso,
quando não mais gritar seu nome
e me esquecer de você
DESESPERO
Experimentei o medo da perda e perdi.
Desesperadamente, bebi a minha lucidez e fugi.
Tentei me resgatar na fúria dos sentimentos desordenados.
Quase morri.
Me escondi de minha alma e enlouqueci.
Fiquei prisioneira no emaranhado do tempo
e sem tempo tive que partir.
Doeu-me às horas.
Pesaram-me as vertigens.
Contraíram-se todos os meus músculos
Desabei com o peso de minha própria carcaça
e estirada ao chão me arrastei.
Me senti lixo.
Chorei.
SIGO SÓ
Depois dos nós,
depois de nós,
novamente,
sigo só
caminhando em frente.
E mesmo em meio a tanta gente,
sigo só.
O peso da bagagem carrego com vontade,
quero sair correndo do lugar,
quero romper o vento da estrada, voltar a namorar as madrugadas
e brincar com as loucuras dentro de mim.
Preciso da circulação dos poemas em minhas veias,
tenho sede dos versos e da lua cheia,
tenho fome das horas no tempo voraz.
E sigo só,
novamente,
depois dos nós,
depois de nós
CARÊNCIAS
Caminho, neste instante,
no deserto das palavras
carregando a poeira dos poemas
e o vento da falta de sentimentos.
O céu está cheio de estrelas,
mas nenhuma a mim pertence
Nem a lua, nesta noite,
pode ser minha confidente.
Estou abandonada na estrada,
sem caminhos, sem moradas
para desespero de minha alma
que não consegue ficar silente.
E neste marasmo imponente
pareço uma bêbada sem rumo
contorcendo o corpo de ressaca.
Careço, neste momento, do alento dos movimentos
das doces e leves loucuras dos dias efervescentes
e até uma estrela cadente,me é suficiente
para preencher a minha madrugada vazia.
No fundo, CAREÇO DE POESIA.
DISFARCE
Os meus pedaços disfarço,
em jogos de sorrisos,
em poemas imprecisos,
nos olhares perdidos
para lugar algum
Os meus pedaços disfarço,
no improviso das vontades,
na dor da pura verdade,
nos sonhos proibidos,
nas palavras que não vêm
Os meus pedados disfarço,
na solidão dos anseios,
na escuridão dos sentidos
na musica alta que toca
em meus ouvidos.
Os meus pedaços disfarço,
no sufoco dos meus planos,
nos atalhos dos enganos,
nas gavetas da saudade
na desculpa da idade.
Os meus pedaços disfarço,
no vagar da madrugada insone
nas horas que me sopram versos,
e nos versos que nascem sem-hora.
parte da letra do que SERIA uma música(mas não foi), para um curta-metragem chamado Tia Clara - de Iris Lima - uma amiga querida
Quero ter você pra mim.
Quero viver a nossa história com começo meio e fim.
Quero os sonhos transformados em realidade.
Não quero mais dormir no braço da saudade.
Quero um beijo estalado em minha boca.
Quero sentir sua pele em mim.
Quero apagar as sombras do passado.
E acordar meus restos de dias ao seu lado.
Passei a vida conversando com as paredes.
Fazendo versos que nunca escrevi.
Relendo um bilhete amassado pelo tempo.
Só para ouvir a sua voz me dizendo,
me espere que eu volto.
Minha tristeza caminhou a passos lentos.
E sem o alento de notícias, eu vivi.
Meu coração aprendeu viver acelerado
e nos pecados de meus pensamentos,
me escondi.
Agora, na frente do espelho, eu me deparo
com uma imagem que o tempo não perdoou,
as minhas lágrimas do passado já secaram,
mas a saudade não me abandonou
Eu quero ter você pra mim
Quero viver a nossa história com começo meio e fim
Quero os sonhos transformados em realidade
Não quero mais dormir no braço da saudade.
QUE TAL,ME DAR UMA BEIJO?
Hoje ,eu quero todos os beijos ,
por qualquer bobagem,
por uma simples vontade ,
por um carinho extra ,
até sem motivo,
ou mesmo, por piedade.
Hoje quero beijos estalados,
beijos molhados,
beijos apertados ,
beijos mansinhos ,
beijos emocionados ,
beijos de amor.
Hoje, eu quero todos os beijos,
seja lá de quem for
seja lá como for .
Porque no dia do beijo ,
minha cesta está cheia de beijos,
é só escolher o sabor..
PALAVRAS AO MEIO
Meias palavras,
palavras ao meio,
incendeiam meu coração.
Em – canto perdido,
esconde-se minha solidão.
Força arquiteta,
no-meio sentimentos
e uma ima – gem
une - versos sem rimas,
de meus anversos sem formas
NÃO SEI
Não sei se morrerei poeta.
Não sei se viverei sem trilhos.
Não sei se ficarei cega
e não enxergarei os brilhos
das estrelas sobre minha cabeça.
Não sei se morrerei à mingua.
Não sei se me faltará ar.
Não sei se ficarei asfixiada
pela falta que você me faz.
Não sei se morrerei amando.
Não sei se saberei continuar
se tudo que existe agora,
de repente, se acabar.
Não sei se morrerei tranqüila.
Não sei se viverei em paz,
se nessa sua alma agitada
todas as minhas vontades eu entregar.
Só sei que você me basta
ao se fazer refrão dos meus dias lentos,
sol de minha escuridão,
lua de minhas noites claras
batuques de meu coração.
Talvez
Talvez....me perdi na estrada.
Talvez....andei depressa demais.
Talvez....esqueci que a vida passa.
Talvez....nem sei quem sou mais.
Talvez....me distraí com a paisagem.
Talvez....entrei no lugar errado.
Talvez....eu quisesse sossego.
Talvez....um lugar abafado.
Talvez....eu não tenha percebido.
Talvez....eu tenha me enganado,
Talvez....eu não quisesse ver
que o meu futuro já virou passado.
Talvez....eu tenha me tornado um cavalo de raça, que na raça, e em disparada
busca a vitória, mesmo na hora errada.
Talvez....eu tenha me tornado o meu próprio cavaleiro
E com um açoite tenho açoitado o meu corpo inteiro,
para correr e correr,
sem saber pra que e porque.
PASSOS EM DESCOMPASSO
Nos seus rompantes,
os repentes se estabelecem,
e, nos momentos, se desfalecem,
dando lugar para uma imensa dor.
No seu choro sufocado,
um nó na garganta, já bem apertado,
estrangula-lhe todas as emoções,
tornando maldito - o coração.
Na sua boca, o gosto amargo do susto.
e de todas as suas sensações retorcidas,
pelos pensamentos que não queria ter.
Assombra-lhe o futuro sonolento.
O medo de um abismo, pela frente,
e de monstros que insiste em enxergar
não permitem sua mente descansar.
Seus ouvidos, no rompante, ensurdecem-se.
Já não pode ouvir a música da vida tocar.
A sua alma está fora de lugar.
Os seus passos não conseguem se achar.
No desespero de sua busca insana,
Vontade de partir.
Vontade de ficar.
O TELEFONEMA
Trim....trim....
Alô!!!!
Hum!!!
Isso é uma despedida?
Ah!!!!
Sim!!!!
Então por favor!!!!!
Delete o meu amor.
OS NÓS, EM NÓS
Os nós se fazem
em nós,
nos sentimentos emprestados
de uma noite de verão.
Falo dos nós,
em nós,
amarrados na cintura da distância
sufocando a saudade que se faz.
Falo dos nós,
em nós,
que nos sustentam dependurados,
na esperança da nossa fantasia.
Falo dos nós,
em nós,
fragmentando a liberdade dos pretextos
para estarmos a sós,
sem nós
Porque desesperei,
esperei o tempo passar
nas horas que se arrastaram,
por todas as noites até a outra noite chegar.
Esperei a música parar de tocar
e inventei uma nova maneira de sonhar.
Roubei o brilho das estrelas
e me encharquei na luz do lua.
Abracei a solidão até me sentir em paz.
Mas em minhas teias, fiquei emaranhada
sem conseguir sair desse lugar.
O tempo do relógio seguiu em frente,
que eu desesperadamente tentei parar
Esperando pela luz dos olhos
Esperando pela mansidão do falar
Esperando um colo para por os pés no chão
Esperando pela mão tocando as minhas mãos
Esperando por um suspiro para me desafogar
Esperando por um abraço para me acalmar
Fiquei parada no tempo
Esperando o tempo não passar.