Coleção pessoal de RomuloBourbon
Olinda sem carnaval
Nunca vi nada assim
Ladeira não tem o povo
É triste isso pra mim
Não tem frevo nem a massa
Rezo a Deus que logo passa
Chora, chora, arlequim
O Recife, que beleza!
Lá de cima, linda vista,
cá embaixo, palafita...
Prédio alto de grandeza,
e favela de pobreza.
Tamanha desigualdade
cabe aqui nessa cidade:
onde o rio vira mangue,
e a bala gera sangue
no peito da mocidade.
No mal do individualismo
é difícil ganhar só.
Não desata nenhum nó
quem fica no egoísmo.
Tenta, tenta, cai no abismo,
carrega decepção.
Ganhe força na união!
Se tem erro é dividido,
e o acerto é acrescido:
guarde sempre essa lição!
O SANFONEIRO
A sanfona e o sanfoneiro,
no Nordeste a cantar.
O sertão vai festejar
com forró o ano inteiro,
de janeiro a janeiro.
Solta a voz, meu cantador!
Alivia tua dor!
Com tamanha emoção,
faz lembrar o Gonzagão,
o maior dos forrozeiros!
Felicidade de mãe
É ver o filho nascer
Tanto tempo, esperando
Agora é pra valer
Amor de mãe é vital
Não existe nada igual
E vai ainda crescer
Na estrada dessa vida
É preciso observar
Quando se é um bebê
Só se faz engatinhar
Mas o tempo vai dizer
Que se aprende a correr
E depois a pedalar
Pedalando, vou vivendo
Nas trilhas desse caminho
Não sei onde ele vai dar
Com Deus nunca tô sozinho
Na montanha vejo o mundo
Tiro força lá do fundo
Pra não ter um desalinho
Cai a noite, continuo
Sempre posso pedalar
Vem o frio da madrugada
Então penso em parar
Ouço a voz bradando forte
Só encerro com a morte
Sigo enquanto respirar
Então sigo nessa trilha
Vou curando as feridas
O pedal é que nem vida
A chegada é a partida
Tudo vai se repetindo
Quando chego já vou indo
Não existe despedida
Ano novo começando
É mais uma translação
Nova era, supernova
Mais amor no coração
Firme e forte tal quasar
Saúde interestelar
Vida de constelação
SUPERNOVA
A estrela já morreu
Supernova, explosão
Raro ver na Via Láctea
Poeira fecha a visão
Fácil ver noutra galáxia
Universo em expansão
Sei que sou bem sonhadora
Às estrelas quero ir
Ver quasares e cometas
Sair um pouco daqui
Mas da Terra não me afasto
Porque ela é meu astro
Que pra amar eu escolhi
(Lua)
Tem gente que só critica
E não vê o lado bom
Só enxerga o defeito
E não crê no nosso dom
O meu forte é escrever
O seu você vai saber
Bastar seguir o seu tom
Cachoeira
Segue o rio em seu curso
Queda d'água, cachoeira
Fim da linha, acabou
Vida que é derradeira
E renovam-se as águas
Natureza não deságua
Nessa leva passageira.
Plante muita confiança
Seja alegre e positivo
E não alimente raiva
Pra não ser tão destrutivo
Firme e forte, vá em frente
E não atropele gente
Seja nobre e altivo
IRACEMA
Na terra de Pindorama
A índia segura o arco
Virada pro oceano
Ela baliza seu marco
Do Brasil foi fortaleza
E também a realeza
Antes de zarparem barcos
Pra você ser respeitado,
Faça já por merecer,
Não invente de ofender,
Seja sempre educado,
E vai ser valorizado.
Mas se você for xingar,
Ou até esbravejar,
Te dirão um palavrão,
Vão dizer que és sem-noção,
E te mandam se danar!
LUA CHEIA
Vi contigo o luar
no terraço, na varanda.
Lua cheia é quem manda
onde vai o meu ollhar
no clarão por sobre o mar!
Lua, faz esse momento,
brilha sobre o firmamento,
reflete a luz do Sol.
Ontem eu estava tão só,
hoje sobra sentimento!
Rico come caviar,
Peixe, arroz e camarão.
Pobre come no jantar
Um pedacinho de pão.
Farta mesa na riqueza,
Falta ceia na pobreza,
Café não é igual, não!
Um simples enseada
Pé na areia, linda vista
Bem pequena, escondida
Encanta todo turista
A península pro mar
A baía de encantar
Qualquer um ela conquista
Atmosfera de amor
Um ambiente de paz
É assim o nosso lar
Lembre disso, meu rapaz!
Toda casa é refúgio
Não pode ser um dilúvio,
Faça o que for capaz!
MONUMENTO AO MANGUEBEAT
De perto ele assusta
Caranguejo bem gigante
Monumento ao Manguebeat
Chico Science, o pensante
O Recife cultural
Da lama, do manguezal
Música eletropulsante
O problema tá difícil?
É hora de insistir!
Nada vem de graça, não.
O negócio é persistir!
Ter um sonho é vital,
Mas nunca será real,
Se você for desistir.