Coleção pessoal de Rodrigoimns
Sangue Pútrido
Sangue que percorre minhas artérias
Por quanto tempo andarás por este corpo distorcido?
Quando não estiver mais em minhas entranhas
Causarás dor à minha querida parentela?
Sangue que flui em meus capilares,
O que fazes além de transportar substâncias vitais?
Saber que secar-me de ti trará minha libertação
Deixa-me imperturbado
Vejo olhares mórbidos
Não obstante, vejo olhares famintos por Deus sabe lá o quê
Por toda as partes, há seres buscando uma vida melhor
Cansados da rotina inflamável
O sangue já está a faltar no meu coração
Intensa dor vem-me bem nos átrios
Que já estão, demasiadamente, desgastados pela ansiedade
Infecção na alma deixa-me suscetível à morte
Porta de entrada para tormentos em longa escala
Sinto o sangue escorrer de minhas extremidades
Inspiro o odor característico da podridão
Será que trago comigo devaneios de uma pura solidão?
Termino esta escrita pedindo a Deus
Para que afaste de minha inútil presença
Anjos caídos que estão prontos para declarar minha sentença
Rodrigo A. Silva
Minha garota
Quero sentir o calor
Não o do verão agoniante;
Mas o do teu corpo aconchegante
Arrepiando da minha pele à glande
Deitar-me-ei em teus braços
Deixando de lado
Toda euforia de um mundo apressado
Que insiste em deixar-nos cansados
Meu bem
Eu não importaria-me com a tempestade
Desde que você estivesse comigo
Em seu coração
Trancado a sete chaves
Fizeste sentir-me livre
Preso apenas ao amor
Que transborda do teu ser
E que foi capaz de trazer vigor
A quem o mundo despedaçou
Rabiscando só para desabafar.
Hoje o dia foi longo. Perguntei-me quantas vezes me senti assim. Eu olho as paredes que me cercam e vejo-me em alcatraz, é exagero, eu sei. A mentira não esconde de mim mesmo, quem fui, quem sou, e o que virei a ser.
Atrás da tela do computador, tento transcrever a minha dor. Transformo sentimento em palavras, mas eu não sei pronunciá-las. Sou mudo para o amor, surdo para a família, e cego para a vida.
Apesar de estar vivo, sinto-me já falecido. "Viverei até morrer. Pois muitos respiram estando mortos. Mortos pela depressão, pela angústia, vegetando igual uma planta, sem ânimo para nada", disse um pastor que conheci numa viagem.
Essas palavras levaram-me ao pensamento de que ' a vida é para ser vivida, e não corrida', por mais óbvio que isto deva parecer. Sabemos que há muitos indivíduos que não aproveitam a vida de uma maneira intensa. Pelo contrário: vivem correndo atrás de objetos excêntricos, metas infundadas, e não percebem a beleza que é a vida bem à sua volta, passando pelo seu lado e você, inconscientemente, a ignorando.
Tempo malquisto
O hoje é sombrio
Nesse momento, não há sabor
Não foi suficiente o seu labor
A vida o mostrou
Que não existe amor
Onde todos morrem, todos os dias
E ainda assim
Continuam a respirar
A cada amanhecer , o novo estarrecer
Em cada crepúsculo, um mesmo esmorecer
A morte o acompanha
Sem cerimônia, assim segue
Peregrinando por caminhos inférteis
Você já parou para pensar que somos momentos, e nada além disso? Que quando morremos deixamos lembranças, mas só basta alguns anos passarem-se, para sermos esquecidos?
A vida é uma incerta, a única convicção que temos é a morte. Então, que vivamos o agora, antes que o amanhã desapareça.
Amor Morto
Estive num sonho incrédulo
Sem ter-te por perto
Não sentia-me concreto
Faltava-me algo, talvez um remédio
A solidão já estava presente
Diferentemente de você
Que sumiu
E eu nem se quer sei o porquê
Mas tudo bem
Quero ver-te engrandecer
Os dias passam-se
Com, ou sem ti
E eu, estupidamente, continuo aqui
Esperando você
Mas eu sei:
Teu caminho não mais cruzarei
Saudades e lembranças
Foi o que você deixou
Deitou-me no amor
E depois, sem compaixão
Me matou
Dias Ruins
O dia já se foi
E levou consigo
As pequenas alegrias
Presentes em pequenos momentos
Amanhã tudo volta:
A correria; o cansaço
A falta de espaço
Nossas vidas estão perdidas
Neste árduo compasso
E quando a ilustre escuridade chegar
Trará em sua companhia
A excruciante melancolia
Que já se faz presente em meus dias
Tornando-me despido de alegria
Estou no meu habitat
Feliz comigo mesmo
Nada me é estranho
Ando a esmo
Pelo mundo desconhecido
E não encontro-me perdido
Alegre é como me sinto
Sozinho, ou com amigos
Pois meu corpo é meu abrigo
E o nada já é capaz
De trazer-me alívio
Encontrei em mim
O que procurei em você
A verdadeira harmonia
Entre a agonia e o prazer
E eu que pensei que, sem ti
Meu caminho seria de inflorescência
Mas me surpreendi, com o "poder"
Que há em mim
Serenidade
Um dia seremos
Serenos seremos
Alento estaremos
E nossos sonhos
Alcançaremos
Sozinhos não estaremos
Pois teremos o amor
No airoso jardim
Veremos o beija-flor
Colhendo néctar
Expondo vigor
Não podemos desistir
Devemos persistir
Esperar, mas
Empenhando-se
Para
O esplêndido alcançar
Iremos à praia
Deitaremos na areia
Ondas nos baterão
Perceberemos então
O fim
Da escuridão
Verdades Lastimáveis
Doeu
Doeu saber que você iria embora
Doeu saber que você me jogou fora
Doeu não te ver pela última vez
Pesou
Pesou o que você me disse
Pesou minhas atitudes estúpidas
Pesou na minha consciência
Tentei
Tentei me recuperar, para não te machucar
Tentei te querer, sem me afastar
Tentei te explicar, que não sou melhor
Para ti, e para quem está ao meu redor
Mas não foi suficiente
O meu egoísmo te afastou
O meu medo te desconsertou
E minhas promessas de amor
Teu coração liquidou
E agora
Agora me resta aceitar
Que seu amor deve estar pelo ar
Pronto para um outro pulmão respirar
E eu ficarei sozinho
Só eu e meu caminho, repleto de vazio