Coleção pessoal de RodrigoGael

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⁠Liberto dos nobres e gentis
que, como viajantes errantes
passearam no meu reduto
Cobriam-se de brilho. Porém, baço
Falsos, pérvidos, fraudulentos
Gentis e nobres que se devoram
Mas em nome do interesse próprio
Fingem a todos amar

⁠Não se deixe prender, a olhar sempre para perdas do passado, porque, senão, perdes também o futuro.
Rodrigo Gael - Portugal

⁠Ao descobrir da tua partida, para mim, precoce, é impossível não voltar no tempo em que a juventude banhava nossos corpos e avançávamos rumo as noites de POA, ou, nos encontros em tua casa para mais um chimarrão com uísque...
André Marchiori, espero poder voltar a te encontrar, em casa, quando a minha travessia por cá também terminar.
Até já, grande amigo. Isto do tempo passa muito rápido.
Nos encontraremos na eternidade.

⁠Hoje já não te espero, como antes
Não sinto a tua falta, como sempre senti
E te trazia pra mim, em noites de escuridão
Nas muitas conversas com teu espectro
Conversas em dias de chuvas intensas
Hoje vives no meu passado
Ancorado no meu coração
Em um espaço que brilha
Assim reza na história do nosso passado
Tumultuado, enérgico, intenso, inteiro
Feliz!

Rodrigo Gael - Portugal

⁠Algumas pessoas não temem sonhar, outras não sonham por temer perder.
E tu? Vais te atirar à aventura de viver ou ficar retido no medo de tropeçar no caminho dos sonhos?

⁠Se te apresentam Deus como um padrasto, por certo Ele tem um péssimo seguidor.
A vida «per si» implica ser divino. Triste são os pregadores de verdades.

⁠SE...
Se não me tivessem apostolado
Se não me tivessem queimado pensamentos
Se apenas por pensar diferente não me condenassem a pena do proscrito
Se não me tivessem tentado colar num cárcere religioso
Se não boicotassem os meus desejos
Se em nome do que creem, libertassem
Se não tivessem pisado o meu sonhar
⁠Eu teria acreditado mais em mim
Seria mais pleno
Por certo seria mais pacífico o meu voo

⁠É certo que enquanto lá fora o sol brilha, cá dentro, pensamentos inversos confundem meus passos que vagueiam nem sempre seguros

⁠Há cérebros que são verdadeiros infernos pessoais
Atordoam - Desestabilizam
Amarram o pensador ao seu próprio demónio!

Silêncios não percebidos, só se pode ouvir quando um cristal se parte.

Éramos dois mascarados despidos de alguma pintura em busca do nada, ou talvez do mais...
Do que há no outro que nos sirva como resposta aos nossos anseios.

⁠Boneco feito de nadas

Com as mãos cheias de nadas
Acordo dum sonho dorido
Tentando repor em meu mundo
Pedaços inteiros de nadas
Acordo e durmo
Durmo e acordo
Nas mãos trago todos meus nadas
Sozinho e sem nada
Atravesso outro dia
Querendo montar peça a peça
Desse meu monte de nadas
Meu coração que é tolo
Insiste e bate por nada
Lá dentro do peito essa dor
Que continua, doendo por nada
Sem nada acordo dum sonho
E tento dar vida ao boneco
Feito de montes de nada
É meu coração, esse tolo
Que sofre por nada e por nada

Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa
Rodrigo Gael - Portugal

⁠AS CEM CADEIRAS

Á mesa do bar que é sábado
Cem cadeiras dispostas ocupam o vazio salão
E uma só sendo usada
Sou eu que bebo sozinho
Mais uma cerveja sem álcool
Que triste sina essa minha
Boémio de noite, perdido no dia
E hoje o que só me restou
São cem cadeiras dispostas em todo o salão
Inertes guardando fantasmas
Lá fora o sol brilha
Cá dentro o negro atordoa
Noventa e nove me olham
E uma só ocupada


Rodrigo Gael - Portugal
Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa

⁠Pelas ruas da cidade
Lentamente continuo
Me buscando bar em bar
Se há momentos que é difícil suportar
Continuo navegando
Me buscando bar em bar

⁠Sinto teu gosto despido de máscaras
Nos dias em que vivemos o sonhar
Ansiando sentirmos este eterno sabor
Tomado na boca
Sentido na alma




Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa

⁠Queria você no Chiado
Por horas a fio guardar o meu medo
de outra vez de perder






Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa

Queria tanto você
Nas nossas noites em Campo d’Ourique
Quando em vão tentávamos suster madrugada

Arq. Biblioteca Nacional de Lisboa

⁠A juventude precocemente ferida
Insiste em mostrar-me primeiro, a dor que me escurece o caminho
O vazio no peito, num ápice cobre o sol que em minha frente
Ora se desvanece

⁠O QUE FUI

O que fui, ficou parado na vida
Meu sorriso aberto, um dia chorou
A saudade de mim, em mim agora atordoa meu ser
O vazio me mata

Caí, e gravemente feri-me
O pesadelo acordou, já não sonho
Na cama vazia eu busco refúgio
Meu chão é meu hoje, não tenho amanhã…
Perdi ilusão

Hoje proclamo o dia da perda, não mais ouço meu grito
A vida é nefasta em mim, não creio em mais nada

A lua apagou lá no alto
O brilho do sol não volta amanhã aquecer meu viver
A cidade é vazia

O veneno não me consola, me isola e me salva do nada
Omitir pra viver, me disseram

Eu não quero

Quero ser livre, quero ser eu, e já não posso

No vento forte caí, queria poder levantar
Bater a poeira e voltar a viver
Mas…Já não posso fazer

O meu tempo foi ontem, o passado levou

Meu espelho já não mais pode me ver
Parti, fui embora de mim
No dia que a ti me dei por inteiro

E hoje por detrás dos trapos em que me escondo
Vivo estou, na letargia do tempo
Tempo que em mim parou
Nas profundezas do pântano
Que todo meu ser mergulhou

⁠Hoje em mim a vida pousou no deserto

O ar é vazio

Em vão meu peito avança pro nada

Estou só

Morri e não vi!


(Rodrigo Gael - Portugal)