Coleção pessoal de ritaschultz

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No sertão das minhas palavras, planto orgulhosas entrelinhas
que o poema escorre abrindo caminho.

Meu coração é um silêncio partido, um retrato sem ruído,
uma desumanidade sem fim.

Teu rosto sem crueldade me move de toda tristeza: eu canto!

Minhas asas desaprenderam a vastidão do céu e perderam-se na rota do teu insensível coração.

Eu quero a imensidão dos campos, a vastidão dos mares,
quero esquecer-me num quadro de Van Gogh
para encontrar-me
na ausência de tua rutilância.

Somos duas figuras arrependidas, lastimosas, que deslizam sem ruídos, e que nunca se encontraram, nem mesmo nos cacos de um vitral!

No ocaso desta hora morta nossas almas recuam
__ figuras sinistras na neblina __
desdenhando-se nas sombras destes movimentos vãos.

A minha vida é imaginar-te esculpido em mármore
__ pálido e assombroso__ nesta tua condição!

Nosso amor foi louco como uma tatuagem;
um grafite em cores quentes escorrendo pelos muros da cidade.

Também eu sei ser pedra entre as flores sob essa chuva que cai e cai.

Eu sei ser chuva e sol e montanha e calor e música e flor e bruma!

Meu coração quer a distância dos teus olhos e
destas tuas brancas mentiras pétreas de aflição.

Eu quero esse amor perfeito que me ofereceste hoje de manhã:
ele cheira a rosas.