Venha fatigado que eu te revelarei a doçura do repouso em minhas mãos.
No vento, pássaro arrogante no grito, esvoaçando no azul,
desdenhando a pedra, ignorando a ponte: voai!
Quando a lua se enfurece, o meu rosto insensato, quieto, sorri serenamente para o abstrato.
Saudade é respirar o sacrifício da ausência.
Saudade é um silêncio vasto entre duas guerras.
Saudade é a penumbra entre a sombra e a luz.
No branco infinito ficou ancorado esse absurdo apagado: a saudade.
Saudade é uma linha tênue numa sombra trêmula e desigual.
Um silêncio escondido sem direção.
Mistério é palavra bruta vincada na face. Talvez um moinho de vento sentado num banco à beira-mar.
De corpo inteiro, dormi serena no vento.
Acordei teu cheiro.
Escorre na sombra do vento o córrego.
Amanhece água outra vez.
No telhado ventos memorizam o instante. Nunca esqueço os pingos do silêncio.
Qual a linguagem do teu silêncio terno?
Que língua é a tua, amor meu, se até a dor das distâncias é bem-vinda?
Ao se despencar a alegria, a terna saudade eterna.
Amor perfeito: qual foi o teu?
Eu quis sorriso, palavra. Nem fome, nem sede.
Qual foi o teu?
Meu canto, ferida aberta, em verdade asas no tempo.
Qual foi o teu?
Sonhei a memória do homem: o meu rosto acordou impassível.
Qual foi o teu?
O salmo da manhã escuto e guardo-me na eterna calmaria,
que de todo terror me podem aliviar.
A rosa vermelha também fica pálida no arrastar do dia.