Coleção pessoal de ritaceduardo
Ciclo
Sou flor que desabrochou por encanto
E por tempo se quedou.
Gravo em mim a semente da lembrança.
Acrescida de esperanças
Acolhida em outras estâncias
O meu ciclo se renova
Renascendo em esplendor.
Rita Eduardo
Des(caso)
Ostra lacrada
Horizonte sem vislumbre
Liquidando o ser
No descaso dos dias nulos.
Sonho ultrajado
Demasiado desatino
No torpor em frenesi.
Pérola ferida
Substância afetada
Sem valor
Inacabada
No meu mar de ilusões.
Rita Eduardo
Ermo
Chega a ser dor
esse amor;
latejando as horas vagas.
Compondo o tantos dos dias,
por acúmulo da saudade,
intransponível...
sem abrigo,
sem morada.
Queria ...
tão somente a despedida,
em teu sentir
deixar gravado
O tanto de mim,
que permanece
nesta paz, tão almejada.
Vou seguindo por caminhos imprecisos,
sem destino,
diluindo as minhas mágoas.
Te buscando nos recantos esquecidos,
um alívio para alma.
Rita Eduardo
Desértica alma
Tempestade de ilusão
me encobre a visão
Sede de oásis
onde deixei meu coração
Busca frenética
por abrigo
entorpecendo a razão
Memórias tolas espalhadas
que me foge pelos vãos
Pensamentos e delírios
repousando a solidão.
Friagem
Vim te buscar nas lembranças que ainda restam
Uma friagem alardeava a manhã sombria
e o vazio precisava de abrigo.
Revi fotografias, reli conversas
palavras tão calorosamente ditas...
Numa suave despedida.
O frio passou...
Abriguei todos os resquícios de nós dois
nos "meus porões",
na gaveta onde guardo as memórias mais queridas.
Só volto lá;
se a saudade me chamar
Outro dia!
Raio X
Minha contemplação tem seu nome
Na fresta da luz que me desperta
a obra Divina em mim realiza
a vontade de viver.
Meu silêncio tem seu nome
O lugar onde respiro macio
e encontro repouso a paz
para todos meus desvarios.
Minha respiração tem seu nome
onde cada partícula do meu ser vibra,
na frequência da tua vida na minha.
Transbordamento
Transbordo inteira
quando você chega
desprendendo palavras cálidas
que gotejam pela pele
me fazendo ensandecer.
Transbordo inteira
na ânsia do seu querer
atiçando os meus sentidos
deixando úmida a carne
despertando o meu viver.
Transbordo inteira
quando fecho a pauta do dia
e uma lágrima retida
não tem espaço para correr.
Varzeamento
Silêncio é tudo que tenho
Palavras em retidão
Num grito interno pungente
Dilacerando a razão
Perdida na escassez das cheganças
Dos momentos ungidos
de êxtase e sublimação
Só a mim resto, contida
Nas lágrimas retidas
Varzeando a solidão.
Correnteza
Ainda não estou pronta para ser dreno
Ainda posso alcançar a outra margem
Deixei para traz muitas paragens,
tantas paisagens...
Prossigo o meu curso sem alarde.
Deságuo em tantos lugares
Posso ser foz
Posso ser lago
Posso ser riacho
E levo comigo tantos cenários...
Contornando os obstáculos
Enfrentando meus percalços
Seguindo em frente...
Sou remanso
Sou intensidade
Sou profundidade
Até alcançar o meu Mar !
Semente
Fui flor que cumpriu seu tempo
De beleza exaltada
Viçosamente encorpada.
Agora sou semente
De essência inalterada
Protegida,acautelada
Buscando na Luz
A redenção!
Meu céu
As palavras de nada servem para traduzir sentimentos
Nem mesmos os sentidos são eficazes, constantemente
Chegam mais perto, um olhar , um toque,
tantos sentires
Mas ditar o que vai na alma, é efluir.
Hoje não vou me apegar nas palavras do sentir
deixa-as soltas no espaço-tempo do pensamento
Apenas permito você ficar
No meu silêncio.
Aconchegado no lugar reservado a ti
De onde ninguém,
nem mesmo você, pode tirar de mim...
Perdão
mas não o deixo partir
pois você é o 'meu céu'
Aqui!
DUO
O recipiente em que nos locupletamos,
entre o real e o imaginário,
Inundou na torpidez de urgências distintas.
Brando amor.
Inquietante paixão.
Dia a dia
Gota a gota
Inevitavelmente...
Transbordou!
Refúgio
E quando a noite vem,
tudo fica mais latente.
No vagar das horas insones,
pensamento tem destino permanente.
Encontro a paz perene
nas lembranças indeléveis.
Almejando voltar no tempo,
e fazer tudo diferente.
Só a alma voa longe...
Te buscando em outro espaço
Neste sonho adormeço,
abrigando os meus cansaços.
Poderia dizer que falta tudo
do absurdo que não supro
A substancialidade da visão que não deslumbro.
Poderia dizer que me falta você
Mas não sei dizer
Se em nada me encontro
Como poderia saber?
Utopia
Não era amor...
Era a casa em que habitava
a minha poesia
Decorada com a minha mobília mais bonita.
Enfeitada com simplicidade e harmonia.
Com janelas se abrindo
para abraçar o dia
receber sol
Primaverando a vida
no jardim do meu olhar.
Não era amor ainda...
eram esperas aflitivas
das horas corridas
levando no semblante
a alegria,
esperando te encontrar.
Amor ?
não era ainda...
mas doía a despedida
que a noite acolhia
para em sonho te amar.
Temporal
A tempestade já se distancia,
o seu rugir que ensurdecia os sentidos,
já não assusta mais.
Foi necessária para dissipar a poeira
que encobria os dias
ressequidos de emoções.
O que ficou foi um vento de paz
de alma lavada
coração aberto
solo fértil,
para um novo
florescer...
Fletida
Solidão anunciada
Preterida
Cumprindo etapas
Reunindo forças
Sorvendo vida.
Silêncio profundo
Roga paz que vinga
Desfazer as dores
Criar asas
Preparar o voo.
Fotossíntese
Clara luminosidade
irradiando o ser.
Flor plantada,
no relicário do coração.
Alimentada e nutrida,
devolvo-te respiração profunda.
Simetria perfeita.
Fotossíntese se cumpre...
Temperanças
Ditas a melodia do meu coração
O equilíbrio das estações,
às vezes estou inverno,noutras verão.
No semblante do dia,
levo em mim estampada na face,
a emoção.
A tênue sintonia se define:
se você vem...
ou não !
Kirlian
Um olhar seu bastaria,
que pudesse fotografar
minha aura colorida.
Por trazer em meu semblante,
a paz que irradias,
a magia refletida.
O sentimento mais puro,
trago no olhar,
toda Vida que circunda
onde tudo se ilumina...