Coleção pessoal de risomarsilva

81 - 100 do total de 330 pensamentos na coleção de risomarsilva

'O ÚLTIMO SUSPIRO'

Serei perfume
Ardentes fragrâncias
O tudo bagunçando esperanças
O último suspiro...

A vida no leito
Tantas dores cíclicas
E eu só quisera abraçar desconhecidos
Remisso nos sonhos...

Olhares ao redor
Substantivando o vil futuro
Tudo prematuro!
deleite acabado...

A vida dá voltas,
e o tempo nos ensina maravilhas....

'DEUS'

Deus é 'interpessoal'.
Arquétipo imprescindível aos homens.
Arquiteto nos jardins privados.
Moldando passagens,
ínfimo na sua pomposa majestade...

Deus é 'gabarito'.
Flutuando com suas respostas.
Ritos e arritmias criando vastos monumentos.
Energia em versos,
sentimentos...

Deus é 'vereda',
inesperado.
Folhas que caem despercebidas.
Terra prometida,
chuvas ácidas...

Deus é 'humanitário',
plantando bondade nos corações dos homens.
E os homens,
com definições patéticas,
criando desaires...

Deus é o 'mundo'!
onde tudo caminha para guerras,
Invólucros homens corruptos,
corações de pedras,
microscópio...

Deus é 'criação dos homens'.
Latifundiário.
Comandando cenários.
Literário quando o assunto é,
salvação...

Deus é 'humano',
sicrano desmedido.
Inevitável no hora da morte,
no amanhecer.
Sublime quando o objeto é remissão...

Deus é 'interior',
pintado nas galerias presumidas.
Sabor imanente,
hermético.
Prognóstico dos homens...

'O TEMPO DO MUNDO'

Acordo às seis da manhã,
e quando olho p'ro mundo,
já é madrugada nas horas que passam...

O relógio pouco importa.
Raios já ultrapassaram-me.
Estou sem cordas vocais...

Sempre pela manhã.
Dou um abraço no filho pródigo p'ra que ele não se perca nas veredas.
O abraço ficara pendurado no caminho...

Olho para os lados,
e sempre vejo ela,
cabelos brancos no tempo...

E a vontade é sempre abraçá-la.
E falar-lhe do amor que explode na alma.
Mas não tenho...

Sou arte mal acabada.
Que pragueja as rotinas que vêem ao despertar.
E o grito sempre ecoa calado...

No rio o grito abafado.
Com suas tralhas penduradas.
Sem peixes para alegrar o sorriso...

Apaguei os fogos que surgira.
E adociquei a salada de alecrim.
Com certa pitada de paixão...

Mas o tempo escorrega pelas mãos.
Como o rio inerte passando à minha frente.
O mundo vai ficando propenso...

Desmedido quando a vontade é amá-lo.
Desbrotar-lo-ei ao extremo.
Se seguir estrelas vãs...

Temos todo o tempo do mundo.
Mas a vida é passageira.
Tinha dez anos e agora sessenta...

Nem tudo se sustenta como desejamos.
Tínhamos tantos planos.
E um amor na janela...

E agora só dores sequelas.
A porta sempre aberta.
O vento trazendo as cinzas...

Lembrei-me quando menino.
Subindo montanhas.
Pegando pescados...

Sem medo dos rios.
Ou do tempo distante.
Sendo abraçado por todos os lados pela mãe...

As esperanças terminam.
Como as relvas queimadas.
Não há brotos nas terras disfarçadas...

Apenas o tempo que se perdeu.
Não se sabe como.
Talvez na escassez...

Ou na breve lucidez de se tornar imortal.
Na falta do pão para alimentar a alma.
Nas palavras não ditas ficadas p'ra trás...

O amanhã será passado.
Perdido na criança que se alegra.
Serei pó nos nascimentos que virão...

Imortalizado nos filhos.
Não mais a figura que poucos viram.
Talvez a roda não deveria ser dentada...

Espalhando águas.
Jorradas pela manhã.
Nessa ilusão que um dia morrerá...

'HOJE É O DIA'

Hoje é o dia para mudanças.
Plantar esperanças no peito distorcido.
Olhar para o mar e abraçar o infinito...

Olhar às cegas para o sol,
e esquecer do amanhã.
Sem proposições e sem beleza...

Aniquilar a tristeza a ferro e fogo.
Desdobrar-se em melodias.
Esquecer as fadigas do dia a dia...

Hoje é excepcional.
É o tempo escorrendo nas mãos.
Sejamos menos banal e mais irmãos...

O tempo não pára.
É roda dentada encaixando-as uma a uma,
transcorrendo clara como a lua paira...

O hoje se vai sem que percebamos.
Na loucura da correria,
estamos menos humanos...

Com palácios,
mas sem teto para os abraços.
Sem laços para as verdadeiras amizades...

Tudo depende de vontade.
De estraçalhar o presente em liberdade.
Aumentar o tempo enquanto há tempo no hoje...

Hoje é o dia!
Para despertarmos a isso.
Pense nisso como as águias...

Fitando as miragens e montanhas ao longe.
Não existe rainha.
Tampouco rei...

Somos todos plebeus,
Pena não vislumbrarmo a tempo esses fatos.
O hoje tem que ser lembrado...

Não jogue ao lado uma história.
Pense nisso!
E tente ser feliz propagando sorrisos...

Não perca o curso das águas.
Esqueça as mágoas.
Difunda esse mar que existe em você...

NAS NUVENS [PRAÇAS]

Um dia ficara adulto e percebeu não ser criança.
Semelhante aos demais,
a vida lúgubre.
Passou a andar rude nas praças.
A olhar para o céu,
'bestiado' porque as nuvens nunca caem...

Talvez elas declinem nas suas formas várias - pensara!
Exuberantes e tão tempestuosas.
Nuvens de poeira e algodão doce ficadas para trás.
Como a vida metaforizada,
nuvens levadas ao ermo...

A praça estar vazia.
Nos céus,
nuvens de orações e tecnologias.
Sem perceber,
as praças caíra no esquecimento,
surrupiadas e expostas nos ventos,
sem ar...

Tudo perde a graça ao olhar para o céu sem granizos.
E todo o tempo as nuvens sempre caem em chuviscos.
Das praças mirando ao alto,
as nuvens já são tão repetitivas.
Menos as células abaixo,
enferrujadas envelhecendo sorrisos...

As pessoas só veem aqui [praça] por algum tempo,
quando tem a liberdade de fitar os olhos nas suas tempestades.
Após,
se aprisionam em outros espaços caóticos,
nuvens de areia impactando-se...

Na praça há multidões,
chuvas ácidas.
Nas nuvens,
simplórios corações dualistas.
Seres matando expectativas sem antes abraçá-las...
Sempre se olha para as nuvens asfixiando conquistas.
E as praças em preto e branco,
já não tão mais otimista,
lembra saudade e solidão...

A minha felicidade cabe num olhar apaixonado e numa caixinha de cerveja...

GRAMÁTICA

Fi-lo obliqua,
substantivada.
Substitui-lhe pronomes.
Ei-la agora objeto indireto,
intransitiva.
Complemento nominal.
Verbo sem ligação.
Voz passiva...

'VETUSTO'

Aprendi tanto.
Borboleta voando em lugares.
Ubiquidade avistando publicações do paraíso,
juntando amontoados de aprendizados.
Plantei dores,
sem jamais esquecer das pitadas de esperanças no olhar.
A fé cultivada virou bonança em plena tempestade...

Sonhei tanto.
Sonhos imperceptíveis que ainda alegram a alma e o coração.
Há um tempo em que os sonhos chegam ao fim,
perpetuando a linha azul do horizonte,
e as estrelas perdem o brilho.
Tudo fica sem sabor...

Sorri tanto.
[Sorrisos verdadeiros,
outros faz de conta.]
Se o amanhã não mais abrir as cortinas,
e as lágrimas caírem,
lembre do sorriso que lavava o coração,
e deixava o dia mais colorido...

Vivi tanto.
Mas as estações são passageiras aos oitenta.
Outras vezes demora na dor.
Vi netos,
bisnetos.
Filhos agarrados na compaixão,
mágoas em tantos corações...

Já esqueci quase tudo.
Agora só abstrações,
os flashes veem para apaziguar a dor.
Quarto escuro e seus muros.
Perdido não apenas no cansaço,
esperando a hora de um abraço ou do sono infernal,
sem tantas crenças no por do sol...

E quando eu ficar mais velho, que minhas dores sejam acalmadas pelo verde e o ar puro que ainda restam...

'AMAR PORQUE...'

Quando se ama,
colhe-se as mais belas riquezas.
Doação sem trocas ou reparações...
Aprende-se [o eu] na mais bela essência.
Ser 'menos eu',
'mais doação'... .

Amar é,
não se importar p'ra vírgulas,
ou ponto final...
É despertar,
abstrato como o infinito.
Concreto na alma...
Amar é,
ter esperança,
bonança nas tempestades...

Sorriso,
quando tudo parece perdido.
Sinônimo de bem-querer...
Amar porque,
é dádiva.
É renascimento...
O amor e suas sementes,
plantadas em todas as estações.
Sem subjeções...

A finalidade do amor,
está nas pequenas ações.
Amar simplesmente por amar...
Porque é intrínseco aos humanos,
à moral.
Amar sem ser banal...
Amar mostra magnitude,
esperança e atitude.
Vamos amar até o final dos tempos...

'PALHAÇO'

Seu universo,
controverso.
Alegria de palco.
Levando alegria,
sinestesia.
Exteriorizado...

Escondido,
nos seus malabarismos,
absorvendo aplausos.
A comédia terminou,
a face congelou,
vida real...

Falta elementos,
tudo fingimento!
O cômico não é angelical.
Ego indignado,
tudo abarrotado,
Ele transformara-se...

Comédia da vida sem alma,
sem calmas,
Particípio.
Sem séries,
nas suas imterpéries.
Sem gesticulações no espelho.
O palco é agora colinas,
e as tantas neblinas,
fez do palhaço homem...

'ESPARTILHO'

O espartilho,
vazio.
Ninguém vê condolências,
tampouco adiposidade.
Sem castilhos,
sem brio.
Amordaçando consciência,
vislumbrando fatuidade...

Há barbatanas,
melancolias.
Lâminas cortando o abdome,
exíguo.
Ah Juliana!
Vê essa travessia.
Não dê tanta atenção para os homens,
para quê tantos castigos?

Afrouxas o corriqueiro,
delgado.
Já és esbelta,
graciosa.
Coração em jasmineiro,
delicado.
Seguras a fisberta,
e não deixes cair a rosa...

'PORTA'

A porta não está deserta,
há fantasmas fazendo-lhe companhia.
Indivíduos mórbidos,
cada vez que é entreaberta...

Atrás dela,
as faces e as dores.
Com seus condolentes personagens,
gritos sem cores...

A porta é áspera,
e não abri com facilidade.
Por mais que se tente,
é tristeza aparente e saudade...

Mas a porta há de enfraquecer-se,
nas suas microbactérias.
E os pequenos olhares terão lugar definido,
com suas reconstruções e artérias...

Ela é passagem,
caminho bucólico.
Não precisas mais ocultar-se,
nem cantar canções melancólicas...

Teus segredos já fora definhados,
tenta seguir a razão.
Ser alegre na intuição,
escultando as pessoas de tenra idade...

Somos alguém,
com nossas portas esquartejadas,
algumas dolosas,
nas suas formas diferenciadas...

Porém,
somos vigor e podemos mais que ela,
aflingi-mo-los eis as sequelas,
e as esperanças baterão à nossa porta...

Não evitas o mundo,
nem tenta ser abstrato!
Abre todas as portas sem receios,
e não será mais refém desse quarto...

'TE DESEJO O MELHOR, CARO IRMÃO'

Que o amanhã seja melhor que hoje,
e suas esperanças já engavetadas sejam libertas.
A 'liberdade' tem sido tua inimiga,
privando-te de viver razoavelmente a vida,
de sentir as tantas fragrâncias expostas ao nosso redor.
Olha a tua dor como aprendizado e algo passageiro,
lembrando que tu a compartilha,
sem que percebas...

Não se precisa daqueles enormes castelos vistos nos filmes de ficção para ser feliz.
Precisamos cultivar apenas um: o nosso castelo interior.
Que ele seja simples,
aconchegante e de bom grado.
As construções da vida começam com um pequenino tijolo,
depois,
se tiveres foco,
virão as próximas etapas...

Não esqueces de acolchoar a cama [para que ela fique quente] nas noites geladas.
Não te entristeces se sentires muito frio.
Levantas as mãos e pede lençóis.
A 'jogada' estar em dar o primeiro passo,
o primeiro abraço verdadeiro.
A labuta tem que ser diária,
para confortar a alma.
Se o quarto sempre escurece,
janelas deverão ser abertas para que a luz da lua nos ampare,
sem medos ou receios...

Não quero te perder para a ignorância,
nem tampouco para o mundo negro.
Ando triste ao ver esses olhos vendados,
culminando falência de órgãos.
Lembras que,
há como contornar quase todas as situações desarmoniosas da vida e mudar uma história.
Não te fixas em reescrever o presente tão sofrido focado no passado.
Te fixas num novo recomeço.
Vira a página calmamente e sem pressa.
Vê que ela estar em branco,
precisando das tuas mãos com novos pincéis e outras tintas.
Não há erro em recomeçar uma nova história,
uma nova vida...

'MEU COLEGA DE QUARTO'

Ele sempre chora.
E perde as estribeiras.
Clama pelas razões que lhe sustentam.
Tem o coração do tamanho de um trem,
viajando por vilarejos,
perfeccionado o amanhã,
diferente do hoje...

Sonha com os pretextos,
esquecidos nas janelas.
Tem o coração remendado de razões banais.
Ele sofre,
como o copo quebrado,
perfurando a pele,
fragmentando abraços...

Tolo,
esquece bicicleta nas ruas,
fotografias no chão.
Espera sorrisos que não vem.
E aguarda esperança nos diálogos trazidos pelos ventos.
O presente fez-se maré,
e todos não entendem...

Ele é reflexo,
vidro polido.
Com suas lágrimas intermitentes e diárias.
O quarto está escuro e não se pode vê-lo.
Queria não sê-lo,
e não desejar-lhe imagens diárias.
Meu colega de quarto,
o espelho,
tão singular,
transparente,
sempre foge de mim...

TRABALHA A DOR

A TV na vitrine
Casa emprestada
O operário é um cisne no lago
Asas quebradas
Vendendo força de trabalho

Poder na produção
Não pode cansar [de domingo a domingo]
Manufatura em excesso
Recebe migalhas
Declínio no preço...

Ideologia de igualdades
Sutilizados pelo empregador
O sofisma é aparente
O empregador abastece cidades
Com o suor do trabalha a dor...

Monta todas as TV's
Sem descanso no trabalho
Tem suas aparentes metas
Acorda no alvorecer
Assim como borboletas...

Tentando voar com amarras
Sonhando com a imensidão sem limites
Almejando casulo melhor
Mas é apenas robô mecânico
Mero historiador sem história....

Metamorfose agridoce
O capitalismo é uma sucessão da miséria
Mas permanece como se não fosse
Eis a sorte do trabalha a dor:
Explorado por bactérias...

E eis que o trabalha a dor
Continua sem a TV que tanto sonhara
Sem seu feudo para apaziguar o suor
Utopizando a vida genuína
Falácias de quem vence a dor...

LAR DOCE LAR

Nas ruas,
o barulho tardio.
Pessoas atônitas,
andando de um lado para o outro.
Há crianças perdidas.
Observa-se penumbras.
Pássaros voando sob telhados...

Tudo à céu aberto,
cheiros triviais,
desses sentidos no aconchego do lar.
Em flash back,
as feridas vão se abrindo,
uma a uma...

A percurso será longo,
como a acre canção que não finda.
A chegada cortante,
como o rio e seus talha-mares.
Lentamente,
tudo fica longínquo...

Ventos formam alusões,
e o infinito distorcido aparece.
A metrópole dá lugar a paisagens exuberantes.
A cidade vai encolhendo com seus arranha-céus.
O coração distante,
bate descompassado...

Os olhos molhados agradecem,
na esperança que as telas se reiterem,
e os quebra-cabeças regressem um a um como antes.
A saudade vai sendo esquecida.
E o doce lar vai abraçando seu tirano,
serenamente...

'TEMPO, AMOR E MORTE'

Era tão apaixonado. Inclinado por que o tempo não passava. Agora abestalhado, tudo relampeja. Contagem regressiva para os pulmões. Coração pragmático e tão irreal. A vida vai ficando no tempo, abstrato como o ontem...

O Senhor 'Tempo' trouxe tantos amores. As dores só após as partidas [que são muitas] e quando os olhos inclinarem. Dizíamos: 'temos todo o tempo do mundo e um amor para balançar a sorte.' Hoje, reduções vitais, recortes ...

Domingo. Oito da manhã! O amor está dormindo, ainda não acordou para alegrar o lar. Viverás até quando nessa cama? A madrugada ventura calafrios. Sem brio, presos num trânsito ininterrupto e fugaz...

Aprenderemos a lidar com a morte? Nessa recusa do próprio tempo, tínhamos sentimentos e amor, mas com o tempo, quase tudo esvaiu-se pela terra. Mudou. São as leis da natureza sentidas na pele...

No tempo de escola, aprendemos que tudo 'nasce, cresce e morre'. Faltou ensinarmos a amar, coragem para a aceitação do tempo e nas seguidas mortes que nos vêem. Pensava-se: é apenas uma questão de tempo...

Aprende-se: o amor é imortal! Sem nunca termos nascido para tal. O amor vai andando de mãos dadas no tempo. Até que a morte nos separe tênue. Nascemos com o choro e morremos agonizando. Precisamos aprender a viver e aprender a morrer pacificamente. Aceitar o amor no seu tempo, como se fossemos imortais...

'RIBEIRINHA'

Vejo o infinito passear nas águas.
À minha frente há paraísos.
Escurece.
É hora de ascender lamparinas ou olhar vaga-lumes,
desmitificando a escuridão...

O peixe está na brasa.
Crianças alegres estão a brincar,
sem ter pressa de chegada.
Sou morada a ver navios,
com suas guloseimas distantes...

Sou acenos,
canoas cortando rios,
a caçula trouxe um pote de doce.
A mesa está farta.
Cantaremos músicas populares para agradecer.
E para que o amanhã seja feliz como o hoje...