Coleção pessoal de resartori

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Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te.

Com perdão da palavra, sou um mistério para mim.

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.

Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada.

Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

E que a minha loucura seja perdoada. Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Não quero nunca renunciar à liberdade deliciosa de me enganar.

Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.

A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.

O que obviamente não presta sempre me interessou muito. Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.

Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.

Feliz de quem atravessa a vida inteira tendo mil razões para viver.

Quem diria que viver ia dar nisso?

Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.

Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.

Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.