Coleção pessoal de RenataCapitu

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Me desculpem os que amam praia, adoram o sol. Eu gosto da chuva. Tempo "feio" como dizem, tudo nublado, céu fechado, bem escurinho. Olho para janela e nesses raros momentos vejo que faço parte em alguma coisa desse mundo. O barulho da chuva, o cheiro de terra molhada que ela provoca são para mim de uma beleza e uma significação meio doida de explicar. Banho de chuva então? Liberdade total. Alma lavada. Acho que gosto tanto da chuva porque para mim é a representação do céu chorando. O sol, como já disse anteriormente em algum texto, não combina comigo. Já a chuva...Ah! a chuva. Sinto como se fossemos uma só. Lágrimas de dor e alegria por todos os lados. Celebração da autêntica solidão que os tempos nublados nos trazem. Eu gosto disso: Legitimidade.
Claro que o sol é lindo e legitima para mim uma alegria perfeita. Mas eu não sou perfeita, nem tão alegre assim. Entendo-me melhor com a chuva.

Olho o rio da vida passar por mim. Não há muito o que fazer. Toco nas águas com vontade de recuperar algo, mas meus olhos tristes sabem que não há o que encontrar. Tudo foi levado, mas eu ainda estou aqui. Quem sabe em ruínas, mas ainda estou aqui. Ruínas também são preciosas. Guardam histórias, resquícios de épocas que não voltam mais. Talvez eu seja ruína. Quem sabe eu guarde em mim todos os ventos que já movimentaram o rio da minha vida? Quem sabe eu me reconstrua de novo?

Eu acordo, tomo um banho, me ajeito. Mas no fundo eu tenho uma preguiça do mundo. Uma vergonha de me mostrar, de sorrir livremente. Tudo bem. Deixa estar. Creio que um dia ainda serei diferente e daí quem sabe eu chego lá...Lá? Não sei onde é.

Não posso ficar desanimada, triste, fatídica. O ano apenas começou e muitas coisas ainda estão por vir. Sei que na maioria das vezes escrevo coisas não tão alegres, quem sabe até pessimista. Mas estou falando apenas de mim. Sei que não posso esperar tudo sentada, a vida não vai mudar com as minhas lamentações, com as minhas frustrações, com o remédio que eu tomo pra não ver e ouvir mais nada. É preciso reagir. Eu sei que a vida é valiosa e que tem onze meses pela frente pra que eu me surpreenda. Pra que eu venha aqui dividir muitas alegrias, grandes, pequenas, não importa. Que a vontade de viver e superar sejam minhas palavras de ordem. Que a fé tome conta de todo meu ser sem que eu possa evitar e que o destino prepare uma terra fértil para minha felicidade brotar. Hoje só quero cantar, falar, escrever coisas alegres. Hoje quero a cada minuto nascer de novo e de novo e quantas vezes for necessário. Hoje eu quero a benção de todas as energias positivas percorrendo minha alma, minha mente e meu corpo. Hoje, eu quero ser mais feliz que ontem e amanhã vou querer o mesmo.

Lembro do dia em que era perfeita. Em que não haviam marcas de dor em mim, em que minha alma era intacta. Lembro de quando o sorriso era franco e os olhos mais vivos. Eu sequei e isso foi há algum tempo atrás. Primeiro tive que sofrer todas as dores, todas as perdas, toda vergonha e humilhação até entender que após isso eu não iria morrer. Eu que quis, que procurei a morte em sólidos "confetes" brancos, não a achei. Hoje estou aqui. Não tão seca quanto antes. O verde natural da planta que eu sou nessa natureza feroz que nos cerca volta aos poucos. Não. Eu não estou curada, mas estou melhor. Se vai cicatrizar eu não sei. Mas não sangra como antes.

Eu só quero duas coisas meu Deus... Amor e Felicidade, mas que venham com muita paz. Guerra, eu não quero mais.

Quero acreditar que eles estão por aí. Quero acreditar que não esqueceram de mim, que me espreitam pela janela, que suavizam meus dias e que uma hora tornarão o peso de meus ombros mais leves. Quero voltar a acreditar em anjos. Que eles existem e sabem de mim. Que voam alegres em volta de mim e que quando estou triste como agora, triste de doer por inteira, eles também estão aqui. Podem ficar em silêncio, eu aceito. Não precisa de sinal, eu aguento, mas peço que fiquem, que entrelacem suas mãos junto a minha e não me soltem, não me deixem andar mais tão só. Tão só que nem estrada há, nem há nuvens, nem vento também. Não me deixem por aí. Não me deixem por aqui assim.
Anjos, criaturas inocentes...Se façam eternamente aqui presente.

Será que isso passa? Não passa. Será que melhora? Que alivia? Que suporta? Ando pra lá e pra cá dentro de mim e não encontro saída. Escorrem pelos dedos todas as minhas expectativas. Eu não sei o que fazer com isso. Eu não sei o que fazer de mim. Solidão de mãos dadas...A cada dia levantamos a nossa casa, cada dia ela fica maior. Eu tão só.