Coleção pessoal de REGISLMEIRELES
LIBERDADE, COISA DO AMOR
Se não se tem o coração do amante,
mutila -se o seu corpo no leito;
Torna-se algoz do outro,
na fragilidade do corpo
e morosidade de espírito;
Torna-se opressor de quem não tem força
para defender-se e fazer valer
só o que deseja a alma.
Se acreditares que do amor se tira forças...
Que nele está escondido os segredos para a felicidade?
Então, deixe livre a quem juras amar;
Ofereça a liberdade como prova de amor,
Como elos - somente a esperança.
No amor a conquista ou a reconquista
é o que dar o jeito;
A conquista do coração, da alma.
A liberdade de se deixar decidir
vale mais que qualquer algema.
6 - A ESPERANÇA DO AMOR
Na dor aparente incurável da perda de um grande amor,
Por pouco, por meias palavras...
A esperança da reconquista é alimentada;
Quer apostar-se ser momentânea a partida do amado,
ainda, que seja na verdade o fim do romance,
nisso não se acredita...
Celebra-se cada segundo...
Em devaneio se crer, que cada dia
está mais perto do amado o regresso;
Não se consegue contar os dias que passam;
Apenas, se tenta descansar e se acalmar.
Suporta - se a morosidade do tempo;
Que pela ansiedade se eterniza;
Na pressa que tem o coração
e pela insanidade da paixão,
parece que os dias param e as horas não passam.
No amor o que se faz por um dia...
Celebra-se por mil anos;
Um segundo como um tempo suficiente
para se fazer coisas, coisas felizes;
Que perdurarão para a eternidade.
O AMOR NAS VEIAS
Quem disse que o amor acaba nunca amou;
Barafundou-se na paixão;
Pois, o amor é uma essência,
e impregna na alma dos amantes;
Viaja como o sangue nas veias até o coração.
Pelas feridas de sua alma,
o amante obstinado evita externar
seus verdadeiros sentimentos;
Quando não é correspondido no amor,
se sufoca conveniente a voz no coração
que o nome do amado parece gritar.
São algemas do amor as frustrações sofridas;
São grades as decepções nas tentativas da conquista;
São águas que afogam os desejos não realizados;
E se transformam em muralhas
os desencantos, nos encontros negados.
O amor fica ali no coração, em algum lugar,
pronto para renascer, e disponível a despertar;
Um amor que renasce ao ouvir a voz do amado no pedido de perdão;
No abrir dos braços, projetando o afago.
Renasce no sussurrar de novas promessas
E na renovação de alianças;
No silêncio, onde se ver no olhar a esperança.
Esse amor renasce como lágrima que é traiçoeira;
Que do nada, e às vezes, por nada mareja;
Um amor verdadeiro não morre e nunca acaba.
COMPANHIA IDÔNEA
Procuro em ti, mesmo não sendo o óbvio,
o sentido para a minha vida;
Recorro as tuas virtudes,
e me nego enxergar os teus defeitos evidentes;
Quando encontro - os finjo não vê-los, os justifico;
Pois, entreto-me em ver a tua beleza em que me encanto.
Nas noites que a tenho ao lado no leito,
recuso-me adormecer e optante nem dormito;
No travesseiro silencioso,
na visão do teu corpo inerte sob os lençóis,
nos teus devaneios dos sonhos,
teu mundo decifrar, busco.
Quando falas, perco-me no mover dos teus lábios
e mergulho no mar de tuas palavras;
Vivo dos relatos de tuas histórias;
Das tuas experiências amargas vividas, sinto as dores,
E as trago em mim como cicatrizes na alma,
por querer entender teu modo de vida.
No teu olhar distante, distraído,
exponho - me no raio de tua visão:
Pois quero capitar teus sonhos
e desvendar teus anseios,
a fim, de surpreende-te nos desejos do teu coração.
O que busco em troca?
O que barganho?
Confesso não saber dizer...
O que certamente sei,
é onde encontro o meu contentamento:
Que é no teu sorriso, na tua alegria;
Na tua espontaneidade no jeito
que me quer por perto
e na tua prazerosa companhia.
ACREDITO NO AMOR
Quero acreditar no amor que nunca morre;
No amor que nunca acaba;
No amor que a saudade
seja a testemunha de sua existência,
ainda que a distância os amantes separa.
Teimo acreditar no amor verdadeiro;
Ainda que tenha sido ligeiro;
Que exista a entrega dos amantes
sem reservas, um ao outro por inteiro.
No amor que duas pessoas una;
Mesmo não sendo amor à primeira vista;
Que faça as histórias de duas vidas
confundirem-se como se fosse uma.
Vivo por acreditar no amor,
que a convivência seja mútua, duradoura;
Que leve a pensar-se sempre em duas pessoas,
mesmo estando presente só uma.
Que sempre se acredite que sozinho,
um, tenha valor neutro;
Que mesmo tendo valor do ouro,
ainda que equivocados da realidade,
se pense: nada vale um sem o outro.
Insisto acreditar no amor
que o tempo não tenha influência;
Ainda que os sentimentos mudem
no contar dos dias vividos;
Que este amor se intensifique;
Que seja cuidadosamente polido;
A fim, de que conscientemente
não reclamem os amantes,
que por estarem tantos dias em companhia
não se contem os dias, como um tempo perdido.
SOMENTE POR AMOR
O que vale a pena é o amor em troca do nada;
Pois, nada vale o amor que se paga.
Nada vale o amor que aos choros se implora.
As lágrimas não alcançam o coração,
nem o molha e nem o amacia.
Não vale a pena o amor que se exige;
As afeições não brotam de palavras.
Por mais lindas que elas sejam...
O amor só brota dos gestos que se exibe.
Não vale a pena o amor que se cobra;
O amor é sentimento que não se negocia,
nem é mercadoria que se troca.
Só vale a pena viver um amor em troca do nada;
Um amor que não se explica,
um amor que nada pede
e que ao amado não explora.
O amor que vale a pena é aquele que nasce
de sentimentos que não se espera muito,
além da doce e desejada companhia.
O amor que vale a pena,
é aquele que quando pensa-se está morto,
num instante renasce mais forte;
Ainda que se pensasse não mais existir,
ressurge do nada, mais relevante.
FUGINDO DO MUNDO
Ainda irei descobrir,
Como esconder-me do mundo.
Seja debaixo de uma mesa...
Ou ter a cabeça sob de mil travesseiros.
Às vezes, o mundo sufoca a gente.
E nas suas ponderações insanas...
Trai e engana...
Oprime pelo prazer de ti oprimir.
Penso que fugir do Mundo é:
Esconder-me de todos;
Fechar os olhos...
Viver num quarto escuro.
Viver e não existir.
Apenas andar por aí.
Ver e fingir que não viu;
Ouvir e parecer que não escutou...
Viver e não existir.
A CRIANÇA INTERIOR
Ah, que criança atrevida!
Essa que mora dentro de mim.
Não se convida, ela vem...
Pelo menos uma vez no dia.
Ah, que criança mimada!
Essa que mora dentro de mim...
As vezes, prega-me peça bestas.
Fazendo-me chorar, mesmo sem querer.
Ah, que criança sapeca!
Essa que mora dentro de mim...
Apaixona-se, diz que ama.
E a culpa e minha?
Criança? Que onça!
Uma desculpa, por culpa?
De quem não cresceu...
Então, que brinque a criança!
AS VERDADES DA HISTÓRIA
Pode-se contar muitas histórias;
Pode-se conta-las do meio pra frente;
Ainda, contar-se pela metade...
Mas, é difícil ocultar o princípio,
E fugir-se das consequências do fim.
Toda história tem suas trutas,
Tem seus meios secretos...
Seu tempo de enleios,
E sua estampa de encanto.
Um personagem que é herói,
Outro que é o vilão, o atoa.
Alguns são encontrados no acaso,
Muitos não têm nomes...
E a maioria é obscura.
DONOS DA VERDADE
Que sejam todos santos,
Que sejam corretos em seus atos;
Donos de suas verdades...
E defendam suas versões.
Que sejam obstinados,
Que sejam humanos evoluídos...
Talvez, até possuídos;
Eu quero ficar no meu canto,
Ser o dono das minhas culpas...
Quero chorar as minhas lágrimas.
Quero render-me à minha consciência;
Viver a realidade de cada dia.
Alimentar nostalgia por alguns segundos...
Ser o dono apenas de mim mesmo,
E ás vezes, poder me esconder do mundo.
BATALHAS
Eu travo minhas batalhas,
Grandes batalhas todos os dias.
Eu quero ir ali, ali na esquina.
Ir perto daqui e voltar...
Voltar ao meu lugar.
Eu vou, mas me persegue uma sensação triste;
Aquela persistente sensação que talvez não retorne.
Penso que se tiver sorte....
Não encontro com a morte,
Um encontro que não marquei.
Mas, talvez inerte volte sem saber o que aconteceu.
Difícil jeito de viver!
MEU CHÃO
Gosto de pisar descalço.
Ficar de pé no chão;
Gosto de ter um punhado de terra
O resquício do que sou...
Ainda serei natural.
Em grãos de areia, na praia,
Ao pisar me sinto forte;
E com poeira na mão...
Fica a sensação interior,
de controle sobre mim mesmo.
É de pulsar forte o coração!
MATURIDADE
Percebe-se que amadureceu
Ao concluir que tudo terminará como começou :
Nas mãos de alguém:
Dependentes de outros seres humanos;
Na sorte dependente dos pais...
E depois dependente dos filhos.
Nasce vivo, mas nu...
E morto, nada se saber.
Quem não depende de alguém:
Não tem dono;
Não tem amores...
Não é ninguém!
- TRAÇOS
Tudo que eu faço é uma obra única:
Ainda que os traços sejam imitações;
Ainda que sejam rascunhos
E sombras...
São obras!
Minhas obras e não sobras!
A ARTE DE OUVIR
Há aqueles que aprendem;
E também aqueles que apenas ficam sabendo;
Por isso não podem assimilar
Os significados das coisas que lhes ensinam.
Quem fica sabendo, inventa o resto;
Inventa o que não presta.
Quem aprende, vale a pena...
São ricos em certezas,
Vivem suas vidas na riqueza,
Nas riquezas do saber.
A verdade dos fatos dos outros?
Está sempre na sua realidade;
Realidade que as vezes não se respeita...
Se diz que é treta!
Se me colocar com julgamentos?
Interpretarei como um juiz.
Se me colocar como amigo?
Ainda, que em silêncio estarei ao lado...
Mesmo no perigo.
Se me colocar sem refletir?
Culpo tudo e todos.
Em nada passo pano morno,
Sou insano!
MEU EU POR MIM
É claro que um dia pensei:
Se todos fossem igual a mim...
O mundo seria melhor!
Não mudei meu pensamento;
É verdade, que ainda penso:
Seria bem melhor...
Hoje apenas desconfio:
O chato é que eu teria de viver
sempre comigo mesmo.
Eu não me aguentaria...
Não me envergonho;
Sei quem sou...
Só preciso de alguém que me faça lembrar isso.
Lembrar-me do chato que sou.
NOSTALGIA
Que sejam as coisas como antes;
Alegro-me porque eu estive lá...
Lembro-me de tantos bons momentos,
Os quais reviveria com prazer.
Que o desejo de querer voltar no tempo,
Não seja por que não quero estar aqui.
Traga-me, a alegria viver o hoje,
De lembrar-me destas coisas amanhã...
E desejar voltar pra cá.
Tenho lembranças ruins...
Mas o que me incomoda mesmo...
É desejar estar num passado que fui feliz,
por estar triste hoje...
Então trato de lançar âncora no presente...
No porto da felicidade.
QUE ANDE A FILA
É certo que a fila anda!
Porém, tenho que saber o meu lugar...
Atinarei no que espero alcançar;
Quem sabe compensa o tempo de espera?
Não se segue gente às cegas.
Escolhe-se e se posiciona na fila...
Se a fila anda, anda;
Mas não é o mais relevante;
Se sou feliz no meu canto...
Fica-se feliz? Que ande a fila.
EMPATIA
Já se sabe que "o amor encobre multidão de pecados".
Não há barreira, religião, cultura...
Classe social, status...que vença o amor
Não se é contraditório no amor.
Contradizem-se quando se é politicamente correto .
O amor é verdadeiro, sincero...
Assumido em suas responsabilidades.
Mesmo tendo as consequências mais improváveis.
Então, se quero abraçar, apoiar a alguém,
Ainda não concordando com os seus erros, abraço.
Isso, não me faz falso, escolhi!
Tento não justificar... Agarro!
Apenas o defendo por mim.
Senão quero, devo considerar...
A minha empatia e afetividade.
Percebo que para alguém que amo, o ato de "teimar",
Recebo como a virtude da "determinação", "perseverança".
Já aos que não tolero, nos mesmos atos:
Os tachos de causas " inúteis", "perdidas".
E encontro as justificativas...
Negativas e convenientemente.
Coisas que em uns admiro, tomo por exemplo.
Já em outros, repugno e desprezo.
Nisso é que considero a minha racionalidade
Imparcialidade,
e sinceridade em lidar com as pessoas.
Na verdade o que atino
é o que eu sinto...
Procurar ser verdadeiro nisso:
Para comigo mesmo, ser eu.
A questão seria:
O que tenho e o que quero contigo?
Amar-te?
Desprezar-te?
Ajudar-te?
Entender-te?
Trocar de lugar contigo?
Por isso o amor, não é contraditório...
É o jeito de amar que confunde...
A gente.
SEM DESCULPAS
Ah, morte...
Não se acanhe sempre te esperei.
Não quero justificar...
Se é a hora?
Não quero desculpas para a causa.
Não é ruim, ter que morrer...
Acho difícil é não ter existido;
Ou existido sem ter vivido.
Meu medo, não é por partir.
Tenho medo da despedida;
Tenho medo da dor, dores fortes;
Minhas lágrimas ardem...
Medo de deixar os meus amores.
Ah, morte...
Chorei a vida inteira...
Pelas palmadas, perdas e amores.
Nunca me com acostumei com a vida;
Existi, vivi e amei...
Nunca deixei de sofrer...
Chorei as lembranças das perdas;
Chorei diante das bruscas mudanças...
Até chorei de alegria, a alegria também doía.