Coleção pessoal de raymotta
Raptaram meu sorriso e até hoje não consegui recuperar. Já espalhei panfletos, cartazes por todo lugar. Espero eu que um dia, o encontre e volte a sorrir. Mas de uma forma verdadeira, sem que eu precise fingir.
Eu disse “Coração, não se apaixone!” mas ele ignorou. Fez o contrário do que pedi, e facilmente se apaixonou. Agora, que sofra o tolo. Quem mandou desobedecer. Mas que egoísta é o coração! Ele bem que sozinho podia sofrer! Dependo dele, e se ele sofre, também estarei sofrendo. Que teimoso! Que tolo! Que bobo! E agora , o que estarei fazendo? Acredito eu que agindo da mesma forma que ele agiu : serei teimosa, irei ignorar aquilo que ele instituiu. Que se apaixone, que ame, que sofra, faça comigo o que quiser. Continuarei como sempre, fingindo que nada está a acontecer.
Se até mesmo o céu que é tão lindo, brilhante e cheio de vida de vez em quando amanhece nublado, não espere de mim um sorriso e simpatia nos dias em que eu acordar de mau humor.
Me responda também essa pergunta : e se você ficasse cego, continuaria julgando as pessoas pela aparência?
1: Éramos amigas…
2: Sim, éramos…
1: Muita coisa aconteceu, né?
2: É, muita coisa…
1: Costumávamos fazer planos, lembra? Insanos…
2: É sim, bem lembro…
1: E aquelas nossas risadas? Cara, as melhores!
2: Concordo…
1: E mesmo tristes, estivemos juntas hein!
2: É,né…
1: Hoje somos o quê?
2: Meras…”desconhecidas”…
Fico imaginando como você está. Onde você está e com quem está. Fico imaginando e criando cenas, pessoas que talvez nem mesmo existam. E me encho de tristeza, de medo. De te perder, de me esquecer. Fico imaginando o que faz agora. O que fez durante o dia, o que planeja para a noite. Fico imaginando o que fez quando não estive vendo. Imagino o que diz agora, se está ouvindo uma música, eu preciso saber. Não, não preciso. Mas quero. Quero demais. Assim como queria - e quero – fazer parte de tudo o que você faz.
Tenho uma inimiga. Talvez a pior inimiga que alguém pode ter. Essa inimiga é cruel, perigosa. Ela espera muito de mim. Ela cobra muito de mim. Para ela, nunca sou o suficiente, nunca estou e provavelmente nunca estarei boa o bastante para que ela me olhe e se orgulhe de mim. Ela nunca está satisfeita comigo, com o que faço. Se erro, ela faz questão de jogar na minha cara meu erro , de ecoar na minha cabeça que eu errei. Essa minha inimiga já me prendeu. Me deixou ali, amarrada, enrolada com uma corrente de medos, de anseios, de frustrações, de sonhos irrealizados. Minha inimiga me prendeu com tanta força, que meus braços e minhas pernas doem ; meu corpo está todo marcado. Sufocou, e sufoca. Aperta, machuca. Minha inimiga quer que eu seja perfeita, mesmo sabendo que a perfeição humana não existe. Quer que eu agrade a todos, mesmo sabendo que é impossível. Minha inimiga está me enlouquecendo, me deixando vazia , fria, chata. Inimiga minha, ingrata. Ela acha que não posso errar. Ela acha que não posso cair. Ela acha que tudo deve sair assim como no roteiro criado por ela. Ela, ela, ela. Inimiga, comigo briga, me insulta, brinca e critica. Ela bem sabe que as palavras que ela mesma disse ainda residem em mim, não consigo apagar o que meu coração não esqueceu. Prazer, minha inimiga sou eu.