Coleção pessoal de RafaelAguirra

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Está bem perto, posso sentir
Estou convicto, está aqui
Por um instante, pensei ouvir
Parei um pouco, voltei a andar
Por um instante , te ouvi falar
Como um sussurro, como um trovão
Falou bem perto, ao coração
Se fez próximo, se fez presente
Aos meus sentidos, a minha mente
Como calor, como canção
Me escorei, nas tuas mãos
Por um momento, perdi o tempo
Foi como vento, soprando lento
Levando longe os meus tormentos
E então cessou, evaporou, se fez silêncio
Escorregou por entre os dedos
Amorteci todos os medos
Pra não sentir a solidão
Me perguntei, aonde está?
Cade a sua manifestação?
Perdi meus muros, e me senti sem proteção
Estava andando, estou caindo, estou sem chão
E quando só, sem direção
Eu percebi, que está aqui, que sempre esteve, não o perdi
Que já não sinto, que já não vejo
Que não dependo de sentir, dependo apenas de seguir
O que em mim se fez eterno, se fez brotar
Se fez morrer, ressuscitar, se fez espera até voltar
Sobrou em mim o caminhar,sobrou em mim convicção.

Me sinto só, afligido como jó, a noite chega e minha mente é um branco esperando escurecer.Me sinto triste , me sinto pesado, apoiado no próprio cansaço, a dor é uma laço que enforca a alma. A intensidade me faz parecer profundo, mas me sinto raso como uma piada. Me sinto fraco como um doente e exausto como um fim de dia. A negatividade vem como um exército pronto para atacar e a sinceridade vem como estratégia contra o inimigo. E sinto que a esperança e a perseverança estão em algum lugar próximo a percepção mais distante. Meus devaneios me levam a um tempo totalmente perdido e meus anseios desvanecem no sono, em sonhos longos e confusos. O meu corpo sente a angústia de ser carne, sobre a qual os meus ossos não se responsabilizam.É assim que me sinto e é assim que concluo que somente quando tuas mãos são também meus muros, posso descansar seguro.

As vezes a melhor maneira de se comunicar é ficando em silêncio,as vezes o melhor ensaio é falar sem pensar, é mais natural e mais verdadeiro.
Espoe de uma vez a falsidade das máscaras, e deixa cair a pesada aparência.
Toda espera é melhor suportada se sem ansiedade não esperar nada,
todo encontro terá reencontro se a espontaneidade for priorizada sem ser planejada,toda companhia será com efeito bem acompanhada se não for cobrada,pois toda decisão deve ser tomada sem hora marcada.
Estive pensando em perplexidade, como vem os anos, como vem a idade,
como sempre mudam as dificuldades e as facilidades passam despercebidas.
Como os ambientes são insignificantes ou pelo menos não tem a importância que dávamos em outra época, as vezes não nos tocamos nem que o mundo caia sobre nós, nem que um raio caia em nossas cabeças, vivemos em nossa zona de eletricidade estática e quando nos sobrevém uma descarga elétrica, literalmente entramos em choque.O tempo mostra a ineficácia dos objetos e sua ausência de valor como prêmios, e como as dificuldades são semelhantes para todos, até mesmo para grandes gênios.Estive pensando que penso demais e por isso é difícil ser firme e seguro, preciso aprender que os dias nunca são iguais, preciso aprender a dar passos no escuro, construímos muros ao nosso redor e chamamos isso de segurança, pensar no futuro, mas nada disso está em nossas mãos, é preciso entregar a força do braço a quem deu a força, para o que eu encontrar ser o que eu procuro. A minha esperança precisa sofrer uma mudança de rumo.

Sobre a superfície residem todas as minhas desculpas
Sobre os meus passos, toda minha hesitação
Pra onde apontam os meus olhos, todos os meus bons motivos
Sobre os meus movimentos, todo o meu cinismo
No âmago do meu coração, toda a minha confissão
Sobre os meus pensamentos, o máximo de mim
Por entre os edifícios, abismos sem fim
Sobre a minha pele, a poeira da estrada
Sobre a minha lentidão, uma longa caminhada
Todos em minha volta em uma jornada rumo ao nada
Sobre toda a cabeça uma sentença traçada
Sobre todos os olhos uma escolha ofertada
Sobre toda consciência uma loucura confessada
Sobre toda vida a surpresa de uma morte já esperada
Sobre toda morte uma certeza incerta
Há um construtor, muito além do horizonte
Construindo uma ponte que nos leva até a fonte
Que esclarece as confusões que nos tiram o sono
Abre as portas do abrigo, faz cessar o abandono
Sobre a sua superfície, toda a razão de ser
Sobre os seus passos, a certeza de um abraço
Sobre os teus olhos todo o saber
Sobre os teus movimentos todo poder
No âmago do teu coração, o teu perdão
Sobre os seus pensamentos, o máximo de elevação
Por entre as nuvens, morada sem fim
Sobre a sua pele, o sangue derramado por mim
Sobre a sua lentidão, o reter da sua ira
Todos distantes de ti em uma jornada rumo ao nada
Não há como concluir, essa história terá fim no final da caminhada
No completar da verdade, no inicio da eternidade.

Um dia vamos nos encontrar, matar a saudade, contar novidades
Abraços longos, passos lentos, sem pressa e sem medo de algo dar errado
Um dia haverá um grande dia, que nunca termina
Espero que todos estejam por lá
Ao menos aqueles que escolhem entrar
Vislumbres agora, visões incompletas enquanto demora
Esperando o tempo em que a hora marcada deixar de ser hora
Um dia sem noite com sonhos reais
Crianças brincando com os animais
E uma luz que ilumina um reinado de paz
Não haverá lua, não haverá sol
A luz será tua, eterno farol...

Hoje estou bem, hoje sei, cada dor que senti, já passou e passei, resisti
Na memória circulam lembranças do que já vivi,
E passam por mim como se eu fosse uma estrada a ser percorrida,
É uma corrida que ainda não chegou ao fim
Menosprezei o que se aperfeiçoou em mim
Como alguém que não tem voz,dublando um não, dublando um sim,
Impotente, inocente procurando coerência
Sem nenhuma concorrência para ser tão infeliz
Pisando leve e devagar, aguardando tropeçar
Estagnando e afundando, sem limites pra pensar
Divagando, atravessando a fronteira do sonhar
Tomando distância, e guardando energia pra poder voltar
É necessário que o mundo caia, para que eu caia de joelhos
E a tua mão segure a minha e me ajude a atravessar o mar
Quando tudo desmoronou, me resgatou dos escombros
Quando não tinha mais forças, me carregou em seus ombros
Quando já não tinha vida, me soprou folego novo
Geminou em terra morta, fez chover em plena seca
Me acordou de um pesadelo, fez curar minha ressaca
Eu que estava como cego,martelado como prego, ensurdecido pela dor
Tua graça fala alto ao ouvido do perdido, ao rendido ao teu amor

Compreendido em minha complexidade, para ser simplicidade em amor
Lutando contra a dificuldade, da vaidade em querer evitar a dor
Não há como ser livre de escolher um caminho, não há como fingir ainda estar sozinho
Nas várias liberdades que há para ser, que na verdade prendem o modo de crer
Estou entregue a graça de poder viver, já que é de graça e não por merecer
Não escolhi crer por algum saber, mas sim, por ter sido escolhido.

O privilégio de honrar a fé...é em si uma honra. Somos automaticamente honrados quando temos a consciência de que a grande recompensa está na oportunidade de perseverar. Viver pela fé é deixar que toda e qualquer circunstância produza perseverança, experiência e paciência em nós.

Se me canso, não descanso; pois sou manso, quanto tenso. Sou nervoso como rato e como gato violento. Sobretudo sou descaso, do acaso ou com o tempo. Se existo fui criado, não destinado ao relento. Sou destino já traçado e espalhado pelo vento.

Foram tantas tentativas no silêncio, tantas dores lançadas contra o vazio
Tantos socos contra a parede, assimilando tudo o que é oferecido como oferta barata pra aquecer o ambiente frio
E todos os efeitos frustrando o meu ser,tornando cada vez mais imperfeito
As doses desse mundo mal habitado, amortecendo os sentidos
Sem saber que estava tão perto, em busca de melhor abrigo
Até cair de joelhos, até cair abatido,
O que você tem? Porque está caído?
Minhas próprias pancadas me deixaram ferido
Acorrentei a mim mesmo, me mantive retido
Minhas ilusões de soluções a muito já haviam partido
E próximo a beira do precipício, me encontrou
Me mostrou o eterno sacrifício, me curou
A tua revelação revela a mim mesmo, agora posso me enxergar como sou
A tua restauração começa por dentro,agora posso confessar como estou
Me mostrou o que um observador finito não é digno de ver
E é por isso que é por graça e não por merecer.

Foi como flutuar, depois de estar com os pés presos ao chão
Por tanto tempo que nem posso mensurar
Me fez levitar, a alturas que eu não posso calcular
É doloroso admitir, é doloroso se entregar
Mas a dor cura, alivia, ilumina a noite escura
Abre caminho, da lugar, a um novo jeito de sorrir, um novo jeito de chorar
Me fez mudar, me enxergar, me fez lembrar minhas lembranças com um novo jeito de olhar
Realinhou as esperanças a um outro caminhar
Não é a mesma direção, são novos rastros no meu chão
São novas formas de pensar, excluiu tudo sem salvar
Ficou pra trás, ficou pra lá, fez tudo reiniciar
Deu nova chance de nascer, de aprender a mergulhar
Mas dessa vez sem me afogar, pois o teu mar não é daqui
Ele foi feito pra nadar com outro folego, outro ar
Ele flui de outro lugar...

Seriam dias tristes se não fosse a consciência, ela traz conteúdo a tristeza mais inconsolável. Seriam dias curtos se não fosse a resistência, ela traz disposição tornando o ser cada vez mais incansável. Seriam apenas teorias se não fosse a experiência, dando uma rasteira ao que parece inabalável.

As vezes não consigo ver além da minha suposta incapacidade de lidar com meus problemas, pequenos, afinal não são nada de mais e nem de menos pra ninguém além de mim. As vezes falo comigo, com o nada, mas acima de tudo sem saber falo contigo. Afinal o que eu procuro está na tua essência, afinal só estou aqui por tua paciência, sou uma consciência em crescimento, uma experiência em andamento, uma imperfeição assumida, em mim se faz necessário uma restituição do significado da vida, da identidade perdida, um desdobramento do labirinto imaginário sem saída, um fato único e isolado no universo esperando a consciência plena, aguardando o momento do fim de todas as preocupações terrenas, sou tudo isso e nada sou sem aquele que a si mesmo se revela...

Já estive bem pior, no fundo de qualquer lugar, quando nada te encontra, nem você quer encontrar.
Já estive bem mais longe de mim, já joguei tudo pro ar, já vi as consequências tomarem conta das circunstâncias,
Já fui criança, já dancei conforme a dança, e quando você cansa, se esconde e espera tudo passar, e então nada te alcança.
O que é uma aliança? O que é um compromisso? São noções um tanto vagas pra alguém que vive omisso.
São tantos os precipícios, tantos caminhos, tantos sentidos, poucos indícios de que algum seja verdade.
Já estive com a mente, o coração e o corpo bem longe da realidade, atualizado acerca de todo tipo de meias verdades e completas mentiras.
Mas na sinceridade encontrei o ódio, e do ódio venho a necessidade do amor, venho como sede, venho pela dor.
E da dor de viver geram-se as cicatrizes, da tristeza de ser geram-se os primeiros passos.
Do convívio maduro com as divergências geram-se os primeiros laços, e do amor compartilhado os melhores abraços.
O isolamento emocional é como alguém que se alimenta das próprias lagrimas, o final é previsível, pra quem quer estar sozinho.
Como a sede que a água não mata, é a certeza de andar mesmo que esteja cansado, é a certeza do caminho.

Então é isto, aqui estou...
Será só isto, o que eu sou?
Além de mim, pra onde vou?
Dentro de mim, há mais alguém.
Alguém que é, alguém que vem,
Então é isto, pra ele eu vou...
Se em mim está, nele eu estou,
Me trouxe aqui, me encontrou,
Me fez sorrir, porque chorou,
Me fez viver, porque morreu,
Perfeito amor, a mim doou,
Perfeito ser, a mim se deu,
Distribuiu amor e graça,
Marcando a todo ser que passa,
Senão pra ti, pra quem eu vou?
Pra eternidade me encontrou.