Coleção pessoal de Pvieira
Às vezes não parece, mas você é adorável, garota. E se o mundo não tem dado a mínima pra você, o azar é do mundo, e não seu.
Traga cigarros, um sorriso improvisado e um pano pra grama que caiba nada mais que nós dois.
(Campos de morango pra sempre)
Embora não fosse muito afetivo, sempre tinha uma frase amena de carinho ou correção, e abraços silenciosos de sobra.
(O que falta aos jovens.)
Nem sempre, por vezes quase nunca, você conseguirá as tralhas materiais que cobiça, o patamar social, ou as pessoas que te fazem bem por perto. Elas podem morrer, afogar-se na inconsciência de um Alzheimer, chafurdar em alguma droga, jogar-se de uma janela alta, ou simplesmente decidir que não querem mais ficar perto de você.
Tudo um dia acaba. Assim como o tênis velho que, de tempos em tempos, abre espaço para um com cheiro de novo. Que continuará ensinando – andar não significa perseguir.
(Tudo um dia acaba)
A favorita do meu MP3 Player para longos percursos é “You Can’t Always Get What You Want”, dos rapazes dos Stones. Você não precisa de análises, conselhos ou guias, quando tudo se resume naquele refrão te dizendo Você não pode ter tudo aquilo que você quer. Mas você pode tentar, às vezes.
(Tudo um dia pode acabar)
Desculpa por agir feito uma diabinha sempre espetando com um tridente nossos ocasionais dias de sossego.
(Eu já sabia)
Acho que é por esta razão que as pessoas tanto associam o amor à mágica. Às vezes alguém me mostra um pouco dele, e depois o faz desaparecer numa cartola. E eu me pergunto: ei, como você consegue fazer isso?
(Eu já sabia)
Talvez eu seja algum tipo de oficina de homens que sofreram maus tratos de algum momento do relacionamento anterior. Quem sabe eu compre um espaço no jornal e coloque um anúncio com a descrição dos serviços oferecidos, pois claramente meu negócio está indo bem. Deveria existir uma parte no meu cérebro, um órgão qualquer, que regule as propagandas enganosas que chegam à tela do meu córtex, que selecione melhor o que vai me tirar o ar, já que que auto-censura nunca foi meu forte.
(Eu já sabia)
Quando há sol e você tem um monte de gente pra conversar, fica fácil de suportar. O brabo é pelas dezoito horas, quando a noite vem.
(Não pode ser verdade)
Na hora, eu quis perguntar se tinha algo a ver com outra pessoa, mas quando estão nos abandonando ninguém nunca menciona nome de terceiros, sempre dizem nada ter a ver com outras pessoas, como se não existisse mais ninguém na cidade. E três semanas depois já estão num relacionamento sério, segundo alguma rede social que você precisará suicidar seu perfil se quiser passar os dias como um cidadão com os batimentos cardíacos moderados e operacionais.
(Não pode ser verdade)
Ela sempre foi assim, a minha garota. Pró-ativa e descrente na força do acaso. Quando sentia algo mudando, se antecipava e mudava tudo ela mesma.
(Não pode ser verdade)
Se você não quer saber a verdade, faça como eu, não pergunte. Apenas abra caminho, sorria e aguente o tranco.
(Não pode ser verdade)
Com as pequenas inúteis discussões diárias a gente aprende que as pequenas mentiras são necessárias.
(Não pode ser verdade)
Fica procurando mudas de Amor-Perfeito e não lembra que no deserto as flores não germinam. Só os cactos. Tudo que você precisa são cactos, mas deseja flores coloridinhas. Você não dá valor ao que tem, só às coisas idiotas que te dão vontade. E mesmo quando consegue, não interrompe as buscas.
(Cactos)
Você vive fugindo de tudo, da intimidade, do carinho, dos domingos, de você e de mim. O que eu quero saber é: por que você ainda não saiu atrás do seu amor de plástico?
(Cactos)
– Tudo bem. Pronto, já te soltei, a porta está aberta. Vai. Pode ir. Anda. Vá atrás do seu homem de verdade. Amores de plástico te esperam. Sorte, garota.
(Cactos)
– Não conte com isso. Não cultive grandes esperanças. Eu quero andar com os pés no chão. Numa areia que não me queime os pés. Cansei dessa vida movediça. Chega de romance de prosa e verso.
(Cactos)
Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor.
(Nunca mais li poesia pra ninguém)