Coleção pessoal de profvaler14
Essa gente que ama e desama o tempo todo, pelo menos da boca pra fora, em dezenas de relacionamentos, geralmente é quem quer falar de amor. Sabem o que de amor, esses vira-latas?
São José dos Campos, por sua vez, foi por onde andei desde meu primeiro ano de vida; lugar que criou minhas falhas morais e minha força de vontade em corrigi-las.
Como pode um boato de Whatsapp causar tamanha celeuma? Benê Barbosa diria que, se o estatuto do desarmamento fosse revogado, e vivêssemos como nos bang-bangs de Clint Eastwood, isso não aconteceria. Cada um com sua colt, a bandidagem se cagaria toda. Uma "ameaça" sem pé nem cabeça, como essa, sequer surgiria. O problema é que em nosso bang-bang só os foras da lei têm armas. A gente depende do "xerife" que, assim como nos filmes, é o mais bundão.
Escrever leva tempo. Além do tempo da escrita propriamente dita, há também o tempo de ociosidade, necessário para se compor uma pré-escrita mental, antes de vir bater as teclas.
Senti-me impingido a impressioná-la pela minha capacidade física superior e despertar em seus primitivos instintos a sensação de que sou um macho acasalável, apto a lhe proteger e dar filhos saudáveis. [...] Estufei o peito, ajeitei a postura e caminhei. Sentia-me o Woody Allen quando buscava o filho na casa da Meryl Streep lésbica, em Manhattan. O Woody Allen, com toda aquela testosterona de asmático.
Esse sofrimento preto e branco de cinema europeu existencialista e niilista, apesar de ter um charme, é um porre, depois de um tempo. Aquele ar blasé de inteligentinho que sofre pela insolubilidade da vida e preferia estar morto, sem se matar, esconde, geralmente, uma futilidade pseudo-cult de Lana del Rey, Los Hermanos e Wikipédia do Sartre. É um saco!
Chega dessa geração de bundões, com frases de autoajuda em cada foto do Instagram, dizendo que é feliz, que sempre será feliz, e que a felicidade é o que importa. Na verdade, o fundamental é saber sofrer, que é o estado natural do homem. A felicidade que é o extraordinário. É preciso sofrer bem, como cantava Vinícius de Moraes
Transmutar as “maiores dores” alheias em conto, é homenagear quem as sofre. Só os chatos se incomodam de ter suas histórias roubadas pela literatura.
O escritor deve sempre estar na zona de penumbra; na retaguarda; atrás da fresta da porta, com um só olhinho de fora. Quem faz literatura, sobretudo a realista, nada mais é que um observador; ou, como se diz por aí, um stalker.
Eis o ponto fundamental: O corporativista puxa-saco não sabe o que é amizade. São umas sanguessugas. Relacionam-se, exclusivamente, por interesses mesquinhos. Eu, que não sou puxa-saco, que não agrado ou bajulo, sou um chato, porque sou sincero, e essa é a característica primária do anti puxa-saco: a insuportável sinceridade que possui.
Nos dias atuais, aonde o corporativismo puxa-saquense se tornou, mais que um costume social, um modelo de governo; um método de sucesso, resta ao não puxa-saco, ou ao anti puxa-saco, a doce-amarga realidade das amizades, que tem muito xingamento sincero, mas muito perdão ainda mais sincero. Gostar de alguém, ter amizade por esta pessoa, transcende as mesquinharias egoístas: é um encontro de almas.
A adolescente rebelde, que reclama da mãe. — Personagem freqüente em minhas viagens, ela vai contando toda sua intimidade, não só para seus amigos, mas para todo o ônibus (exceto para os que estão de fone). Diz, e aqui cito suas próprias palavras, que a mãe é “caluniosa”. Acusa a progenitora de ter feito uma festa lindíssima de quinze anos para ela, a filha, somente para se gabar perante a família. Chega ao hediondo de, com a voz esganiçada, levantar a única suspeita que não se levanta a mulher alguma: a da infidelidade. E 'contra' o próprio pai! [...]
São todas iguais: brancas, magras, de nariz afilado e cabelos lisos. Casará aos vinte e três, após um namoro de cinco anos, e não derramará uma lágrima sequer sobre o corpo daquela que lhe deu a vida.
Um espirito mau sussurra em meu ouvido: "Devia ser proibido nadar na fonte". Soprei-o para longe. Que utilidade teriam as fontes, se as crianças não nadassem nelas? Que hajam mais fontes e mais crianças que nelas nadem! Nadar na fonte é a fonte da juventude.
Paro o olhar no olhar da moça do financeiro. É um segundo. Nem isso. É um milissegundo! — Não sei se quando eu a olhei, ela estava me olhando antes, ou, se ao olhá-la, ela pressentiu e me olhou, ato contínuo. Ou, ainda, quem sabe, não nos olhamos ao mesmo tempo? Essas coisas acontecem, não acontecem? Às vezes, sabemos lá o porquê, sentimos um arrepio na espinha, como se estivéssemos sendo espionados, e erguemos o olhar curioso a atento. Infalível! Há sempre um olhar a espreita, nos guardando. — Talvez o olhar dela estivesse a minha espreita. Talvez eu tenha estado a espreita dela. Talvez tenha sido um encontro de olhares tão casual quanto os que acontecem nos ônibus (mas nunca no metrô). Um milissegundo! Jamais saberemos.
Ninguém passava a achar moralíssimo matar o pai e casar-se com a mãe após assistir Sófocles na Grécia Antiga, nem tampouco adulterava após aplaudir o teatro de Nelson Rodrigues, ao contrário. Ver toda a miséria humana no palco sempre causou ojeriza ao público perante sua hediondez revelada.
Há nas pessoas que “preferem os animais, aos homens” um sentimento de repúdio ao gênero humano. Invariavelmente, eles justificam este sentimento apontando as várias e multifacetadas imperfeições humanas. — Porque o homem é mau, é vil, destrói, faz guerras, trai, odeia, e assim vai. Não percebem que muitos homens foram mártires da paz, santos, que construíram coisas belas, que amaram, educaram famílias, etc. Meu amigo Walter que, de vez em quando acerta, e quando acerta, acerta em cheio, disse: "— Não encare como virtude o mal que você não faz, por incapacidade de fazer" e concluiu, "— Louvável é o homem, capaz de cometer atrocidades, mas que não as comete, deliberadamente". Ele está certo! O bicho é "bom", porque, ora, é bicho! Só morde ou ataca por instinto, nunca por maldade.
Vi que, neste instante, uma senhora gorda saiu do portão de sua casa com uma tigela na mão. Olhou para a família ali perto numa mistura de desdém e asco, e assoviou, para que o cãozinho viesse e fosse presenteado com uma deliciosa tigela com sobras do almoço. A família, em especial a criança, olhou a tigela como se quisesse ser um vira-lata. Bem provável, pensaram, naquele instante, que era mais digno ser um vira-lata, que um homem.
Eis o que acontece: A gorda senhora se condescendeu mais com a fome de um animal, que pode muito bem revirar um lixo qualquer, pois é bicho, do que com a família faminta. No dia seguinte, com os vizinhos, deve ter se queixado porque tinha uns “vagabundos” em seu portão. Sequer a criança a comoveu. Talvez ela tenha visto aquela criança de rua, do mesmo modo que o protagonista de O Outro¹, conto de Rubem Fonseca, via ‘o outro’ da história.
Então, percebi que esse tipo de mentalidade, esse comportamento desumano e repulsivo, é mais amiudado do que parece. Com que frequência já não vi, nas redes sociais, esta frase: “Quanto mais conheço o homem, mais gosto do meu cachorro”? Diversas. E as pessoas afirmam isso com a maior naturalidade do mundo.
Eis o que quero dizer: Quem afirma gostar mais do bicho, que do homem, está dizendo que, se eventualmente precisasse optar entre alimentar um semelhante, ou um animal, e disso dependesse suas vidas, alimentaria o animal(!!!)
Nada mais abjeto que o completo e vil esquecimento que se dá entre ex-namorado e ex-namorada [...] É o asco, o lodo, o acinte do homem moderno! — que um ex-namorado tenha pela ex-namorada a mais plácida e translucida indiferença. É preciso ter pelas pessoas relevantes de nosso passado qualquer sentimento extremado: amor, paixão, ódio, ou mesmo a mais sincera e desinteressada saudade.