Coleção pessoal de PQT
Vivo através dos reflexos,
o não palpável se torna um
mero detalhe quando o assunto
é fantasiar. Para te encontrar,
basta imaginar.
Eu não sou o que escrevo,
sou o que imagino através
da escrita.
Apenas um contador de
histórias que distorce a
realidade a sua vontade.
Um poeta? Um canalha?
Só sei que carrego junto a
mim um universo idealizado,
que por fim torna-se um
sonho realizado.
No mundo da fantasia o limite
é só mais uma ilusão para quem
tem medo de imaginar.
E desse encontro só
sobrou um conto sem ponto.
Por isso, escrevo saudade
vazia em uma pequena poesia.
Versos tão tangíveis que posso
senti-los em minhas mãos.
Instantes que se dissolvem
em horas a ponto de não perceber
que o dia já está para amanhecer.
Quando me dou conta do que dizer,
acabo por escrever minha sina:
O tempo não comprou passagem
de volta, hoje sou eu sem você.
Lembro do primeiro beijo.
Mas me bastava o instante
antes dos teus lábios
tocarem os meus.
Do último eu não lembro
bem, mas se eu soubesse
que acabava ali, teria feito
tua boca de refém.
Vi o amor tão distante quanto
a fumaça que meu cigarro
exala, que acaba com uma
última tragada vazia, intoxicada.
Não há hora melhor pra
te tragar em minha mente,
o desejo latente então toma
forma, as horas que pareciam
paradas, começam a se
movimentar.
Ascendo mais um,
e a fumaça que via longe,
me mostra de perto
dias maisencantadores.
Poetizo-te hoje, na esperança
de te encontrar de novo.
A fase da minha existência
na qual vivia pela
inconsistência, parte do
processo de amadurecimento
da consciência.
Dou de cara com a presente
realidade e, por um momento,
vem a saudade que em breve
voltará, sem mais nem menos,
em outra ocasionalidade.
Fugi do amor para viver
em um mundo mudo
cheio de silêncio que fala.
Forjado por memórias
de um pretérito
mais-que-perfeito.
Como era bom poder amar,
deixar o amor nos tocar.
Me faz pensar se
ainda existe um jeito.
Fantasiei nós dois no incessante exercício de pisar no real,
sou o eu lírico do meu mundo irreal ideal.
Éramos como um barquinho de papel, moldados do início ao fim para velejar apenas em uma rasa poça d'água.
Nunca tinha parado para pensar no real significado daquele pedaço dobrado de papel. Outrora era só mais uma folha em branco, guardada junto a outras 500 iguais em um pacote.
Não entendia o que ele representava quando o ganhei de uma pessoa especial e continuei sem o entender quando o queimei junto a outras lembranças de um passado não tão distante que, apesar de sombrio, guardava em uma parte especial da mente.
Pedaço esse que tinha a forma de um coração, dobrado uma parte de cada vez, construído assim como se constrói o amor.
Hoje, escrevendo essa carta, me pego a imaginar no que pensava enquanto o dobrava, o que sentia? É um exercício inútil de mais para me aprofundar, pois existem tantas possibilidades que não caberiam em uma carta e nem se quer em um livro de mil páginas. Mas se eu fosse resumir, acho que amor.
Tu me deste em minhas mãos o fruto de um sentimento, eu o guardei por tanto tempo, por tantos invernos onde podia sentir a gélida mão da solidão pesar sobre meu peito, guardei até mesmo depois de não fazer mais sentido algum tê-lo em minha posse.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado.
Lembro-me que por cima de tantas dobras, havia ali uma flor que também nunca soube identificar, mas apesar disso, me pego pensando em como foi colher no jardim. Penso até no real propósito disso! Poderia apenas ter me dado aquela dobradura que eu iria amar de todo modo, mas para você não foi o suficiente, desceu as escadas de casa, andou por algum jardim e escolheu uma flor, uma única e específica flor! Por que aquela? E não outra qualquer?
Enfim, já disse para mim mesmo que não posso pensar de mais nessas coisas, pois eu vou longe, tudo o que eu preciso agora é de manter os pés no chão e o mais importante: a cabeça no lugar.
Nunca entendi o significado daquele papel dobrado, mas se eu me permito imaginar, posso então lembrar de todas às vezes que me olhou e sem dizer nada eu sabia que tudo o que queria, era poder amar.
Amor… Esse que se foi com o vento, levado sem dó pelo tempo.
Amor era o que aquele pedaço de papel representava.