Coleção pessoal de portalraizes
PARAÍSO
O brinquedo e a arte são as únicas atividades permitidas no Paraíso. O poeta, o artista, a criança: esses são os seres paradisíacos. No Paraíso não existe trabalho. Existe apenas brinquedo e arte. Recuperar a sapientia é lembrar-se da “filosofia” sem palavras que morava no corpo da criança.
(livro "do universo à jabuticaba")
"Não tenho mais tempo algum, ser feliz me consome".
(De O Pelicano, em Poesia Reunida, página 365, Editora Siciliano – 1991)
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco”.
(trecho extraído de versos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78. Projeto releituras)
“Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia”.
(Trecho extraído de “Matéria de Poesia” do livro em PDF: Meu quintal é maior que o mundo)
O que é bom induz a viver. — Todas as coisas boas são fortes estimulantes para a vida, mesmo todo bom livro escrito contra a vida.
(extraído do livro em PDF: Humano Demasiado)
ADULTOS EM EXCESSO: Guimarães Rosa, escrevendo sobre a infância: “Não gosto de falar da infância. É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, intervindo, estragando os prazeres.
(extraído do livro em PDF: Do universo á jabuticaba)
Escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece uma cor e não uma palavra.
Até hoje eu por assim dizer não sabia que se pode não escrever. Gradualmente, gradualmente até que de repente a descoberta tímida: quem sabe, também eu já poderia não escrever. Como é infinitamente mais ambicioso. É quase inalcançável.
“Não tenho sono: tenho pena: meu corpo na cama serpenteia: tenho dó: notívagos nas sombras de uma eterna noite existencial: crackelando, crackelando, crackelando: que pena: droga de droga: droga de vida: droga, droga, droga: o maldito pulso ainda vive: valente respira: droga de vida: amanhã, com a graça dos céus, com anjos estarei: mas os anjos dormitam com tapa olhos: e de novo, transeunte das trevas, acorda pra sub viver mais um dia: e depois outro... depois, depois, depois. Depois, agora não. Silêncio: o mundo jaz dormente e eu inútil, que pena, vencida pelo cansaço: durmo também”.
(Em sua página oficial no Facebook)
"Uma criança dormindo pede que sejamos apenas olhos, qualquer passo, qualquer palavra, qualquer toque poderá acordá-la. Mas o sorriso dos olhos é silencioso, deixa a cena intocada. Sim, as mãos tocam o rosto... Mas como são diferentes as mãos ternas das mãos que desejam a posse. A ternura não deseja nada. Ela só quer contemplar a cena".
(Em Sobre o tempo e a Eternidade)
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
“A MAIOR IMPOSTURA MODERNA não é sua utopia racionalista, mas sim sua denegação sistemática da infelicidade. Pagamos por esse ônus cada vez que mentimos organizadamente”.
(extraído do livro em PDF: Contra um mundo melhor)
Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras. Sou formado em desencontros. A sensatez me absurda. Os delírios verbais me terapeutam.
” Querias que eu falasse de "poesia" um pouco mais... e desprezasse o quotidiano atroz... querias... era ouvir o som da minha voz e não um eco - apenas - deste mundo louco!”
(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)
“ Era um lugar em que Deus ainda acreditava na gente... Verdade que se ia à missa quase só para namorar mas tão inocentemente que não passava de um jeito, um tanto diferente, de rezar”...
(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)
“Hoje é tudo o que temos: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança”.
(Em “Sobre o otimismo e a esperança” – Concerto para corpo e alma. Página 160 – Editora Papirus – Campinas – São Paulo, 2012).