Coleção pessoal de Poliana16
Todo homem que se achega a Cristo, verá que Ele é capaz de salvá-lo - não apenas capaz de salvá-lo um pouco, libertá-lo de um pequeno pecado, livrá-lo de uma pequena tribulação, carregá-lo um pouco e depois deixá-lo cair - e sim, capaz de salvá-lo até a máxima extensão do seu pecado, e de suas tribulações, até ao mais profundo das suas tristezas e ao extremo da sua existência. Cristo diz a todo o que vem a Ele: "Venha pobre pecador, não precisa perguntar se tenho poder para salvar. Eu não perguntarei quão longe foi em seu pecado; Eu posso salvá-lo completa e perfeitamente."
Mas quando Deus vem ao coração de um homem, o que acontece? Ele vê Deus e à luz disso, vê-se a si mesmo e é quebrantado! Mas não é um arrependimento para morte, embora possa parecer.
Não é um arrependimento para desespero, embora crie um desespero nele. Porque...o que acontece? Na revelação de Deus e nessa revelação de pecado, vem a revelação da salvação de Deus em Jesus Cristo, a graça de Deus. E, então, ele não é deixado em desespero. Não é largado na morte, mas aquele quebrantamento irrompe em regozijo, mas esta alegria representa algo muito importante. Há agora uma transferência.
A sua alegria não vem mais da sua própria justiça, das suas próprias obras ou do que ele pensa de si mesmo, a sua alegria vem de quem Deus é e do que Deus fez por ele. Então, a idolatria é esmagada. E depois o que acontece? Bem, teve um dia cheio, então imagino que vá para a cama. Acorda de manhã e o que ele faz? Tem uma Bíblia. O que acontece? Isto é a vida cristã. Começa a estudar as Escrituras. Começa a conviver com os santos.
Começa a ouvir a pregação e inicia uma jornada na qual, pouco a pouco vê mais... uma maior revelação de Deus e portanto uma maior revelação da sua própria necessidade. E, então, o seu arrependimento está a aprofundar-se, aprofundar-se e aprofundar-se. E depois tem uma maior revelação da graça de Deus na face de Cristo e a sua fé aprofunda-se e fortalece-se.
E depois, a sua alegria irrompe daí até ao final da sua vida, está mais quebrantado em arrependimento do que quando começou há 60 anos atrás.
É um tanto assombroso ver que você é ordenado a ser forte, resistir e lutar contra anjos caídos, e ao mesmo tempo, você é ordenado a fugir com medo das paixões da mocidade. Isto demonstra que a paixão da sua carne e a sensualidade desenfreada da sua cultura é mais perigosa do que uma batalha face a face com o diabo.
Quando o pecado influencia nossas preferências, ele parece agradável e bom. A mente é naturalmente predisposta a pensar que tudo o que é agradável é correto. Portanto, quando um desejo pecaminoso vence a vontade, também lesa o entendimento.
Nunca devemos pôr os olhos ou confiar nalguma coisa que somos ou nalguma coisa que fazemos - nunca! Talvez você foi convertido há 50 anos, e tem crescido na graça e tem se desenvolvido tremendamente, mas eu lhe digo neste momento que, se você confia em alguma coisa que haja em você, em alguma coisa que acaso você seja, em alguma coisa que tenha feito, você, por assim dizer, abandonou a posição da graça e voltou a estar debaixo da lei.
Cuidado para não descansar o fardo de sua alma em coisa alguma a não ser Cristo e Cristo exclusivamente.
Os Cristãos primitivos não tinham muitos privilégios e muitas vantagens dos quais nós desfrutamos. Eles não tinham livros impressos. Eles adoravam a Deus nas covas e cavernas e câmaras superiores, tinham poucas e simples vestes eclesiásticas, e muitas vezes recebiam a Ceia do Senhor em vasos de madeira, e não de prata ou ouro. Eles tinham pouco dinheiro, não tinham doações às igrejas, nem universidades. Suas crenças eram pequenas. Suas definições teológicas eram escassas. Mas o que eles sabiam, sabiam bem. Eles foram homens de um livro só. Eles sabiam em Quem acreditavam. Se eles tinham vasos comunitários de madeira, eles tinham ministros e professores de ouro. Eles “olhavam para Jesus” e notavam intensamente a personalidade de Jesus. Eles viviam para Jesus, e trabalhavam, e morriam por Ele. Mas o que nós estamos fazendo?
Tenham cuidado com uma religião na qual Cristo não é o primeiro, o líder, o chefe, o principal objeto – o verdadeiro Alpha no alfabeto de sua fé.
Deixe que nós, Cristãos, tracemos todos os passos da carreira de nosso Mestre, desde a oficina de carpinteiro em Nazaré, até a cruz do Calvário. Veja como, em toda companhia e posição, pelo Mar da Galiléia, no Templo de Jerusalém, pelo poço de Samaria, na casa Betânia, entre os Saduceus escarnecedores, ou os publicanos desprezados, a sós com os Seus discípulos fiéis, ou cercado de amargos inimigos, Ele é sempre o mesmo – sempre santo, inocente, imaculado; sempre perfeito em palavra e ação. Note que combinação maravilhosa de qualificações aparentemente opostas pode ser vistas em Seu caráter. Atrevido e sem rodeios em oposição à hipocrisia e à auto-justificação, brando e compassivo ao receber o chefe dos pecadores; profundamente sábio ao discutir diante do Sinédrio; simples, para que uma criança possa entendê-lo, ao ensinar aos pobres; paciente em relação aos Seus discípulos fracos; imperturbável no temperamento com a provocação mais afiada; considerado por todos a Sua volta; simpatizante, abnegado, com espírito de oração, cheio de amor e compaixão, totalmente altruísta, sempre com Seu Pai, sempre fazendo o bem, continuamente ministrando aos outros, e nunca esperando que os outros o ministrem – que pessoa nascida de uma mulher já andou na Terra como Jesus de Nazaré? Nós provavelmente nos sentimos humilhados e envergonhados ao pensar que até o melhor de nós é muito diferente do nosso grande Exemplo, e que pobres e borradas cópias de Seu caráter nós mostramos à humanidade. Como crianças descuidadas na escola, nos contentamos em copiar aqueles a nossa volta, com todas as suas faltas, e não olhamos constantemente para a única cópia que não tem faltas, o único Homem Perfeito, no qual até Satã não encontraria “nada.” (João 14:30) Mas uma coisa, em qualquer proporção, temos que admitir. Se os cristãos, nos últimos dezoito séculos, tivessem sido mais parecidos com Cristo, a Igreja certamente teria sido bem mais bonita, e teria feito muito mais bem para o mundo.
Nós temos um Advogado com o Pai, que nunca cochila nem dorme, cujos olhos estão sempre em nós, que está continuamente pegando a nossa causa e obtendo novos suprimentos da graça para nós, que cuida de nós em qualquer lugar, em qualquer companhia, e nunca se esquece de nós, apesar de nós, no ir e vir, nos nossos negócios diários, não conseguirmos pensar sempre Nele. Enquanto lutamos contra Amaleque no vale, Alguém maior que Moisés segura a Sua mão para nós no céu, e através de Sua interseção, devemos prevalecer.
As palavras que Anselmo, Arcebispo de Cantuária, escreveu em 1093 sobre este assunto, valem à pena serem observadas. Elas são encontradas em suas indicações para a visita aos doentes. Singular e antiquado o quanto possam soar, elas são mais sábias, creio eu, que muitas coisas escritas no nosso tempo. Ele diz: “Você acredita que não pode ser salvo por nada além da morte de Cristo?” O homem doente respondeu “Sim.” Então é dito a ele: Vá até ela então, e, enquanto permanece em ti a tua alma, coloca toda tua confiança nesta morte apenas. Não coloca tua confiança em nenhuma outra coisa. Comprometa-te inteiramente com essa morte. Envolva-te totalmente com essa morte. E se Deus o julgar, diga “Senhor, eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e o Seu julgamento, e de outra forma eu não contenderei Contigo.” E se Ele disser a você que você é um pecador, diga “Eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e meus pecados.” Se Ele te disser que você merece a condenação, diga “Senhor, eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre o Senhor e todos os meus pecados; e eu ofereço os méritos Dele para mim, os quais eu deveria ter, e não tenho.” Se Ele disser que está com raiva de você, diga “Senhor, eu coloco a morte do nosso Senhor Jesus Cristo entre mim e a Tua raiva.”
Existe apenas uma fonte de paz revelada na Escritura, que é o sacrifício da morte de Cristo, e a expiação que Ele fez pelo pecado naquela morte sofrida na cruz. Para obter uma porção dessa grande paz, nós precisamos apenas “olhar”, pela fé, para Jesus, como nosso Substituto e Redentor, carregando os nossos pecados em Seu próprio corpo, e lançando todo o peso de nossas almas Nele. Para aproveitar essa paz habitualmente, nós temos que “diariamente olhar para trás”, para o mesmo ponto assombroso do qual começamos, diariamente trazendo toda nossa iniqüidade a Ele, e diariamente lembrando que “o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.” (Isaías 53:6). Isto, eu me atrevo a dizer, é o caminho Bíblico para a paz.
Onde está o homem em toda a Inglaterra, o melhor e mais santo entre nós, seja velho ou novo, que não deve confessar, se estiver falando a verdade, que as suas melhores coisas estão agora cheias de imperfeição, e a sua vida é uma sucessão constante de deficiências? Sim: quanto mais velhos ficamos, e mais desejamos a luz do dia perfeito, mais vemos nossa própria grande escuridão e nossa multidão de defeitos, e mais propensos ficamos a chorar, “Impuro! Impuro! Deus, tem misericórdia de mim, pecador.” Nós precisamos de paz.
Venham para Jesus: Ele não veio salvar o sábio aos seus próprios olhos, mas buscar o que estava perdido. Venham para o Cordeiro de Deus: ele tira os pecados do mundo; e mesmo que seus corações sejam cheios de iniquidade eles serão mudados.
ó miseráveis pecadores, apesar de seus corações serem enganosos acima de todas as coisas, e perversos, apesar de que não haja saúde em vocês, eu digo que Deus lhes ama excessivamente. Ele tem dado Seu unigênito Filho para padecer por seus pecados; e agora todo aquele que nEle crê não perecerá, não será condenado, tem a vida eterna. “Quem pode ser salvo?” Todos, eu respondo, que desistem de suas iniquidades, e se lamentam por elas, e põem sua inteira confiança em Jesus Cristo. E quanto a esses corações enganosos? Arrependa-se e creia, e Deus os lavará no sangue da cruz, e fará como se fossem novos, e os criará de novo em justiça e verdadeira santidade; e os preencherá com o Espírito Santo, e colocará amor onde havia ódio e indiferença, e colocará paz onde havia dúvida e ansiedade, colocará força onde havia fraqueza. Certamente seu pecado é abundante, mas você descobrirá, somente se você tentar, que a graça é ainda mais abundante.
Jó pensou que conhecia seu coração, mas a aflição veio e ele descobriu que não o conhecia. Davi pensou que conhecia seu coração, mas ele aprendeu pela amarga experiência quão tristemente ele estava enganado. Pedro pensou que conhecia seu coração, e em pouco tempo ele estava se arrependendo em lágrimas. Oh, orem, amados, se amam vossas almas, orem por alguma compreensão da própria corrupção de vocês; os mais santos de Deus nunca perceberam completamente a extrema pecaminosidade do velho homem que estava neles.
(...)Atente para a aplicação geral de nosso Senhor: “Qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado”. Grave estas palavras - “Qualquer que a si mesmo se exalta”. Forte ou fraco, rico ou pobre, jovem ou velho, não importa; pois Deus não faz acepção de pessoas, “qualquer que a si mesmo se exalta” e não à livre graça, que confia total ou parcialmente em sua performance e justiça própria e não inteiramente em Jesus Cristo, ainda que vá à Igreja duas vezes ao dia, siga a letra dos Dez Mandamentos, pague todas as suas dívidas, e ainda que seja sóbrio, moral e tenha um comportamento decente, todo aquele que se exaltar será humilhado e condenado quando Jesus Cristo vier para o julgamento.
Por outro lado, “qualquer que a si mesmo se humilha” como um pecador diante de Deus e se achega a Cristo, ainda que tenha sido o pior dos pecadores, mesmo que tenha quebrado todos os mandamentos, e tenha violado o sábado, ainda que tenha sido um beberrão, ladrão, adúltero, extorsionário, qualquer que tenha sido o seu pecado, se agir como o publicano, ele “será exaltado”, perdoado, lavado, santificado e justificado por causa de Cristo, e herdará um lugar juntamente com Davi, Manassés, Maria Madalena e o ladrão da cruz no eterno reino de nosso Deus e do Cordeiro.
É perigoso pensar que, porque eu sei alguma coisa, eu me tornei aquela coisa. Pensar que, porque eu consigo comunicar uma idéia, eu tenho me submetido àquela idéia e que eu consigo viver no contexto daquela idéia.