Coleção pessoal de Poliana16
Aqueles a quem Cristo veio salvar não têm nada de bom que coopere para a sua salvação. E Cristo não olha para eles a fim de encontrar alguma coisa que seja boa neles. Eu ouso dizer que o único requisito para a limpeza é a imundícia. O único requisito para ter um Salvador é estar perdido. E o único meio de chegarmos a Jesus é como pecadores perdidos, mortos e malditos.
Nem devemos raciocinar de uma negação de uma grande medida de graça para uma negação de qualquer uma em absoluto em nós, pois fé e graça não consistem em uma quantia indivisível, de modo que quem não tenha tal e tal medida não a tenha em hipótese alguma. Mas, como há uma
grande diferença entre uma fagulha e uma chama, assim há uma grande diferença entre a menor e a maior medida de graça; e aquele que tem a menor medida está dentro do âmbito da mercê eterna de Deus. Ainda que não seja ele uma luz brilhante, todavia, é uma mecha fumegante, o qual o terno cuidado de Cristo não permitirá que se apague.
Que conforto é esse em nossos conflitos com nossos corações indisciplinados, que ele não ficará assim para sempre! Que porfiemos um pouco de tempo, e sejamos felizes
para sempre. Que pensemos, quando estamos atribulados com nossos pecados, que Cristo está encarregado disso por seu Pai, que ele não “apagará o pavio que fumega” até que haja
submetido tudo. Isso põe um escudo em nossas mãos para rebater “todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16). Satanás objetará: “Tu és um grande pecador”. Podemos responder: “Cristo é um forte Salvador”. Mas ele
objetará: “Tu não tens nenhuma fé, nenhum amor”. “Sim, uma fagulha de fé e amor”. “Mas Cristo não considerará isso”. “Sim, ele não apagará o pavio que fumega”. “Mas esse é tão pequeno e fraco que sumirá e será reduzido a
nada”. “Ao contrário, Cristo dele cuidará, até que haja trazido julgamento com vitória”. E isto já temos para muito conforto nosso, que, precisamente quando primeiro cremos, conquistamos a Deus mesmo, por assim dizer, crendo no perdão de todos os nossos pecados, malgrado a culpa de nossas consciências e sua justiça absoluta. Ora, havendo prevalecido com Deus, o que se colocará contra nós, se pudermos aprender a lançar mão da nossa fé?
Devemos trazer sempre isso às nossas mentes, que aquilo que começa em autoconfiança termina em vergonha.
Deus amiúde opera pelos opostos: quando ele pretender dar vitória, permitirá que sejamos inicialmente derrotados;
quando pretender consolar, primeiramente apavorará; quando pretender justificar, primeiro condenar-nos-á; quando pretender nos tornar gloriosos, humilhar-nos-á no início. Um cristão conquista, mesmo quando é conquistado. Quando é conquistado por alguns pecados, ele obtém vitória sobre outros mais perigosos, tais como orgulho e segurança espirituais.
Quanto mais graça há, mais espiritual é a vida, e quanto mais espiritual a vida, maior a antipatia para com o que é contrário. Portanto, ninguém está tão ciente da corrupção quanto aqueles cujas almas são as mais vivas.
O modo de Cristo é, primeiramente, ferir, depois curar. Nenhuma alma saudável, sã, entrará jamais no céu. Pense que, quando em tentação, Cristo foi tentado por mim; conforme minhas provações serão minhas graças e consolos. Se Cristo é tão misericordioso que não me quebra, não quebrarei a mim mesmo pelo desespero, nem me renderei ao
leão rugidor, Satanás, para me fazer em pedaços.
Esta cana trilhada é um homem que na maioria das vezes está em alguma miséria, assim como estavam aqueles que vieram a Cristo em busca de ajuda, e que através da miséria foi levado a enxergar o pecado que a causou; porque sejam quais forem os pretextos que o pecado faça, ainda que ferido ou quebrado é o fim destes pretextos; ele está sensível ao pecado e à miséria, mesmo à ferida; e não encontrando nenhuma ajuda em si próprio, é levado com incansável desejo a receber ajuda de um outro, com alguma esperança, que ainda que pequena, o eleve de si mesmo até Cristo, embora não ouse alegar qualquer direito presente à misericórdia. Esta fagulha de esperança, sendo atacada por dúvidas e temores que nascem da corrupção da sua natureza terrena, fazem dele um pavio fumegante; de maneira que ambos, a cana trilhada e o pavio que fumega, constituem o estado de um pobre pecador aflito. É a estes que nosso Salvador Jesus Cristo chama de pobre de espírito, Mt 5.3, aquele que vê sua necessidade, e que também vê a si mesmo como devedor da justiça divina, e que não encontrando meios para ser ajudado, em si mesmo ou em qualquer criatura, chora por isso, e por alguma esperança da misericórdia contida na promessa e nos exemplos daqueles que têm alcançado misericórdia, é incentivado a ter fome e sede da mesma.
(...)Quando Deus uma vez perdoa a um homem, Ele jamais o condena de novo. Não é característico de Deus agir sem sinceridade com as pessoas. Se estou em Cristo Jesus, o veredicto de "Nenhuma Condenação" é obrigatoriamente meu, sempre, pois quem pode condenar aquele por quem Cristo morreu? Ninguém, pois, "os que justificou, também os glorificou". Se você confia sua alma à Expiação realizada pelo sangue de Cristo, você está absolvido e pode seguir seu caminho em paz, sabendo que nem morte, nem inferno jamais o separará de Cristo! Você pertence a Ele e pertencerá a Ele eternamente!
Nova vida foi introduzida em nós. Por quê? Porque sem vida não podemos fazer coisa alguma. A primeira coisa que o pecador necessita é vida. Ele não pode pedir vida, pois está morto. Deus lhe dá vida, e o pecador prova que a tem crendo no Evangelho. A vivificação é o primeiro passo. É a primeira coisa que acontece. Eu não peço para ser vivificado. Se eu pedisse para ser vivificado, não precisaria ser vivificado, já teria vida. No entanto, estou morto, e estou em inimizade contra Deus e a Ele me oponho, não tenho entendimento, tenho ódio. Mas Deus me dá vida. Ele me vivificou juntamente com Cristo. Portanto,a jactância é inteiramente excluída, gloriar-me das obras, gloriar-me até da fé. Isso tem que ser excluído. A salvação é inteiramente de Deus.
Já não estamos debaixo da Lei no sentido de que a nossa salvação dependa da nossa guarda e observância da Lei; não mais estamos debaixo da Lei como um sistema que diz: "Faze isto, e viverás". Essa é a situação de quem não é cristão; esta pessoa está "debaixo da lei". Ela afirma que pode justificar-se por suas obras, e a Lei vem ao seu encontro e lhe diz: "Muito bem, se você fizer isso, viverá". Assim a Lei dá os seus preceitos e mandamentos. Diz o apóstolo que não estamos mais debaixo dessa Lei, que não mais estamos na situação em que a nossa salvação seria determinada por nossas ações e por nossas boas obras. A nossa salvação é inteiramente de graça e pela graça.
Oh, um coração para louvar meu Deus
Um coração já liberto do pecado,
Um coração que sente o Teu sangue, ó Deus,
Tão livremente por mim derramado.
A pessoa que verdadeiramente acredita na santidade de Deus, e que reconhece sua própria pecaminosidade, bem como a negridão do seu próprio coração, o homem que acredita no julgamento divino e na possibilidade do inferno e tormento, a pessoa que realmente acredita que ela mesma é tão vil e impotente que coisa nenhuma jamais poderia salvá-la e reconciliá-la com Deus, salvo a intervenção do Filho de Deus, que veio dos céus à terra, a fim de passar pela amarga experiência da vergonha, da agonia e da crueldade da cruz - tal indivíduo acaba por demonstrar tudo o que existe na sua personalidade. Esse é o indivíduo que se inclina por dar a impressão de ser manso, que se inclina por mostrar-se humilde.
Crente! Não busques ainda descanso.
Teus sonhos de repouso manda embora.
O inimigo não cessa em seu avanço:
Portanto, vigia e ora!
Sempre que Deus tenciona exercer misericórdia para com seu povo, a primeira coisa que faz é levá-lo a orar.
Enquanto eu estiver deste lado da eternidade, jamais esperarei ficar livre das tribulações – só espero que elas variem. Pois é necessário curar o orgulho do meu coração; para tanto, elas precisam ocorrer.
Jesus Cristo é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo para muitos. Ele os atinge em seu ponto mais sensível - orgulho: orgulho do intelecto, orgulho da moralidade, orgulho das boas obras, orgulho das façanhas, orgulho do entendimento. Não importa qual seja o seu orgulho; qualquer que seja o orgulho ou a confiança ou a segurança ou o que for que você veja em você, ou qualquer coisa que você possa fazer ou faça pessoalmente, foi reprovado e condenado uma vez por todas pela morte de Cristo na cruz. E todos os homens naturais a odeiam, tropeçam nela; ela é um escândalo para eles. O homem natural quer gloriar-se em si mesmo, e a cruz proclama: "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor", e nEle somente.
A cruz me diz que nada do que eu possa fazer me porá na condição de reto para com Deus, e que toda a minha fé em mim mesmo e em minhas boas obras, em minha justiça, em minhas boas ações, em minhas belas idéias, não passa de "trapo da imundícia", esterco e refugo.
É unicamente Ele que salva. "Quantos foram ordenados para a vida eterna." A sua fé é uma prova que você foi ordenado por Deus. Crer é o primeiro sinal da nova mente que há em você. Para o homem natural estas coisas são uma loucura; ele não as pode aceitar. O fato de que você as aceita significa que você não é um "homem natural"; você se tornou um "homem espiritual", você é um "novo homem". "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus."