Coleção pessoal de pirafraseando

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O que mantém a harmonia da nossa vida em sociedade é o silêncio dos nossos pensamentos.

Muita gente se surpreende ao ver pessoas tratarem certos animais da mesma forma que se trata um ser humano. No entanto, acha perfeitamente normal ver pessoas tratando outro ser humano como se fosse o pior dos animais.

A humanidade está vivendo um momento de gritante divergência. Estamos nos comportando como a melhor experiência da matéria, mas o pior resultado do espírito.

Quando se cansa de morrer de fome, procura-se desesperadamente por um outro motivo pelo qual valha a pena morrer dignamente.

Dois erros que frequentemente cometemos:
pensar que somos donos do tempo,
ou viver como se fôssemos vítimas dele.

Não nos incomodamos tanto com a miséria dos outros, porque ela nos dá uma falsa impressão de que somos ricos. Já a riqueza de outras pessoas nos incomoda mais, pois ficamos com uma verdadeira sensação de que somos pobres.

O ser humano adorava o sol, a lua e as estrelas. Ficava assustado com o relâmpago, temia o trovão e não conseguia explicar a chuva... Depois que tornou-se devidamente "civilizado", busca explicações de porquê passou a ter medo de si mesmo.

Dizem que a vida é uma obra de arte.
Talvez, por isso mesmo, tão incompreendida.

A lágrima é o corpo querendo regar uma alegria, ou tentando afogar uma dor.

Porque será que na vida real é muito comum de se ver os chamados ‘príncipes’ se transformarem em sapos desencantados?

As pessoas somente deixam realmente de engatinhar, quando, finalmente, conseguem caminhar na direção de seus sonhos.

Antigamente a população de um país era medida pelo número de habitantes; no mundo globalizado, porém, pelo contingente de consumidores em potencial.

A intuição é uma maneira de flertar desinteressadamente com o impossível e sentir-se extasiado ao alcançar o improvável.

O meio da multidão é o cenário ideal que o ser humano contemporâneo escolheu para exercitar a sua solidão.

A poesia nos permite voar para longe,
até que possamos sentir saudade suficiente
para voltarmos para dentro de nós mesmos.

Quando me chamaram de louco eu sorri, e lamentei que muitos ainda estivessem aprisionados pela lucidez.

FAZ DE CONTA

Outro dia mesmo estava me divertindo,
assim meio descuidado, meio distraído,
e pelas brincadeiras de infância atraído.

Vieram outros dias, outras noites,
e, então, o tempo, sorrateiramente,
foi levando para longe de mim, dia após dia,
o pião que fazia girar as minhas fantasias;
as bolinhas de sabão, que eram meu alento,
foram desmanchando-se ao sopro do vento.

O faz de conta, os pés descalços, as ‘partidas’,
o ‘bate-bola’ nos campinhos de terra batida;
as alegres brincadeiras de ‘esconde-esconde’,
me escondiam do mundo adulto, não sei onde.
Enfim, até me dar conta que chegou o dia
de que esconder já não mais conseguia.

Eu não gostei de ter crescido, realmente.
Vez por outra eu me perco à minha procura.
Eu queria ter de novo aquela estatura,
aquela inocência, aquela candura.
Não queira esse mundo de loucura,
onde a verdade se vai e a mentira perdura.
Eu queria ser um menino eternamente.

Na verdade sou criança, apesar da aparência,
e luto para não ser adulto, com veemência,
para não adulterar de vez a minha essência.

O pião perdeu-se num mundo que continua a girar,
as bolinhas de sabão desfizeram-se de vez pelo ar
e nas ruas asfaltadas meus pés calçados vêm pisar.

Mas eu sigo brincando de esconde-esconde, contudo,
com o tempo que insiste em transformar tudo;
faz de crianças felizes, adultos sisudos.

Meu corpo de adulto pelo tempo foi esculpido,
embora me sinta criança, num corpo crescido,
com roupas de adultos, mas espírito despido.

Quanto mais ele muda, mais me contraponho,
pois muda um reino encantado de sonhos,
em um mundo ainda mais infeliz e tristonho.

Cresci e não gostei; isso me desaponta.
Por isso mantenho esse desejo oculto,
insistindo em brincar de faz de conta,
‘fazendo de conta’ que sou adulto.

Para sermos aceitos pela sociedade, é necessário não somente ocultar os nossos defeitos, mas, principalmente, não deixar em evidência as nossas qualidades.

Vestir-se sempre e rigorosamente de acordo com a ditadura da moda é garantia de alegria futura. Você terá bons motivos para rir daquilo que 'tinha coragem' de usar no passado.

... E nas linhas, que no papel se fez,
rascunhar, com leveza e avidez,
os desalinhos da alma, de vez...
Com todas as certezas de um talvez.

(Trecho do poema "Poetar", da coletânea "Marcas do Tempo VIII", de 2006)