Coleção pessoal de PietroKallef
Jogaram terra sobre mim. Esperem! Ainda estou vivo, pode parecer que não, mas estou. Infelizmente estou.
Me sinto triste essa semana, é o luto de meu nascimento. Pra quê existir? comemorar? Quero terminar essa existência o mais breve possível, porque já sofri o suficiente para aprender que viver é uma grande mentira.
Esperei uma ligação, uma mensagem subliminar, uma importância, uma carta, um recado dentro do livro, um coração desenhado com nossos nomes dentro na carteira da classe em que estudávamos, um adesivo de apaixonados encontrado envolto no chiclete, uma árvore riscada com nossas iniciais, uma tatuagem secreta, uma poesia de amor deixada no espelho, uma foto cortada com minha face, uma rosa despedaçada na busca das respostas de um bem ou mal me quer, uma mão que tape meus olhos e me surpreenda no final do dia, um beijo roubado e prensado na parede, um olhar que possa me despir sem me tocar e uma frase que contenha a palavra "amor" ao menos uma vez por semana. Só fiz apenas essas exigências, que escritas parecem muitas, audaciosas e um fardo pesado de expectativas empenhadas, mas, quando se ama de verdade tudo isso não se pede - vêm, surgem, brotam do âmago, se expoem e libertam, sem achar bobeira ou um roteiro a seguir, porque, o amor é descarado, destemido e aventureiro e o que se mais quer é demonstrá-lo e esfregar na cara dos incrêdulos que ele existe em mim e talvez em você.
Levante as mãos ao sol e peça liberdade para sentir, viver, ouvir sem preceitos, agir sem preconceito e acreditar pelo simples fato de acreditar. Ignore os pessimistas e diga o restrito e necessário, menos é sempre mais. Mova seu corpo para a direita e bruscamente para a esquerda, faça o seu próprio ritmo e saia do óbvio. Ande sobre as ruas e caia sobre novos obstáculos, deixe a rotina enlouquecer querendo te cessar. Chore lágrimas sinceras e cante a sua canção preferida sempre que a paciência lhe faltar, transporte-se para dentro de si quando a saudade bater e o desespero atingir seu ócio. Procure a paz nos animais, objetos e vegetais, exceto em pessoas, essas são inferno e corrosão, seja puro. Destrua sua moradia a qual crê que lhe protege e refaça tudo novamente e verás que sobrará peças no encaixe, que agora sua base sustentará sem tais, sem precisar, há muitas coisas e detalhes desnecessários, abstenha-se. Recicle-se, e beije seus pais e amores, sem nenhuma certeza do que será amanhã e depois de amanhã e o ano que vem. O real e paupável é o hoje, o agora. Nada de projetos, apenas projete-se sobre o mundo e divirta-se.
ABRIL
Amar não é o
Bastante e nos
Resta apenas
Ignorar os medos e os receios para
Libertar o coração que clama por uma sincera paixão.
Terminei algo que nunca começei, disse palavras revestidas de impressões cruéis, deduzi sem ter provas, atirei pedra e me devolveram flores, entristeci todos e a mim mesmo, reagi com imaturidade e prepotência, ergui minha cabeça a tal ponto que não enxergava mais o passado e velhos amigos, andei desesperadamente sobre os trilhos que construí sozinho e que no final não me levaram a lugar qualquer. Te privei da pequena água e me mandaram chuva forte, gritei por ter perdido enquanto muitos choravam em silêncio, não quis escutar enquanto você falava e acabei ficando sem audição por longos anos, rezei pelo meu individualismo nos momentos em que muitos pediam por todos os seres humanos, chamando-os de irmãos. Escondi minhas imperfeições certo do imediatismo, mas, fui consumido pelo egocentrismo trivial. Falaram sobre novos tempos, dias melhores, um amanhã curador e até um travesseiro consolador - onde pusera a cabeça pesada. Cantaram hipocrisias de um final repleto de remissões e que assim os pecados desapareceriam, acreditei que ali tudo terminaria e descansaria em paz, porém, percebi que tudo havia me deixado e nem percebido tinha. Levantei as mãos e ajoelhei ao seu perdão. Permitiria me deitar ao chão? Mereço nada e um pequeno pedaço de solidão, não faça por mim e sim por você - alguém melhor que determinado "eu".
Feri princípios, ignorei o concreto, fingi não ver o plano real de um cartesiano, esqueci palavras que me destruíram por alguns instantes, me curei da chaga venosa, implorei um beijo, entreguei o meu todo, declarei os mais sinceros sentimentos, declamei Cecília, preparei o café amargo, levitei seu corpo sobre o meu e ali permaneci quieto para não te acordar. Fui cego e deixei de ouvir o receio alheio até que fosse suportável para você. Eu nunca pensei em como me livraria desse amor, desejava apenas ter o toque, o cheiro, a saliva, o olhar e os cabelos sobre meu corpo. Procurei no jardim o trevo da sorte, fiz figas, rezei, prometi e cumpri, fiz análise e greve de fome, mas nada teve efeito sobre você. A porta ainda continua entre aberta, para não dizer escancarada e lhe transparecer desespero e solidão, mas, é bem o que representa. Antes, migalhas de você, hoje lembranças. Quando ouvir a nossa música e sentir uma palpitação ou uma vaga recordação, volte e me cubra de luz, somente luz. Infelizmente fui feliz e isso é péssimo.
Se um dia houver tempo pra arrepender, me arrependo de não ter dito tudo que estava tão explícito pra mim, mas tão nas entre linhas para você. Arrependerei até o fim o começo de um sentimento que queria que fosse nosso, só nosso.
Pérolas são escondidas em conchas. Quando estiver pronta a concha se abrirá e dará o seu valor a quem realmente merecer recebê-la.
Agora é quase o outro dia e já bate às janelas dos meus olhos um efeito substancial que alguns chamam de sono
e talvez a melhor saída seja eu me render a desfalência, pois, é somente o que eu tenho. Quem sabe assim, eu consiga sonhar com você e com tudo o que eu desejaria viver, para que no fim, próximo ao despertar tardio, eu possa rabiscar o desenho da sua face que se fixou além da minha mente, foi na alma e coração, foi recordação.
Escolhas
Parei e pensei, mas desisti de seguir por alguns instantes, depois continuei a pensar por várias outras vidas tudo aquilo que decidi abdicar para te ter durante certos tempos de vivência. Não dá mais pra te ver partir aos domingos. O abstrato tornou-se real aos meus olhos querido, muitas visões conturbadas me fizeram perder o certo e objeto, e o que ganhei? Falsas flores, risos indigestos, palavras insinceras e um "eu te amo" que veio de qualquer lugar, menos do coração - esse onde eu queria que sentisse. Soprei a janela do nosso 13º antigo ócio - que alguns chamam de apartamento, tudo que dizia ser tudo e fiquei com nada julgado agora como meu tudo, meu recomeço. Certos garotos, dentre outros garotos, são como eu: crédulos. Acreditei pelo encejo de crer o que seria pra sempre, mas sonhos em conjunto podem ser individuais se percebido de perto e dentro do que se guarda entre lágrimas e beijos. Junte tudo o que for meu e leve consigo, parece clichê tais palavras - que seje, apenas me deixe com este abajur de cor pardo e o tapete velho ao solo, refletirei por aqui. Fecham-se a temporada de caça aos amores, abre-se um lindo sol que reluta a me iluminar aos dias de sábado e mostrar que existe vida após você. Esse planeta passa a girar em torno da minha vida a partir de hoje, a partir de todos os dias. Quero esquecê-lo e me lembrar de que há uma alma habitada no mais simples e inocente "ser".
Guarde esta canção, amarre seus instintos no porão, dizer que não me ama é palavrão, vou te esperar, mas sei que pra isso, deverei me esquecer de uma vez por todas.
Deixe-me apoiar na sua força e libertar a minha sombra, estou precisando mostrar quem sou pra alguém, antes que eu desista.
Hoje talvez signifique alguma data desagradável para comemorar, eu necessitava desabafar às minhas palavras, elas não me julgam, apenas cedem suas formas em meio ao ninho de palavras cruzadas que me atravessam feito o vento, invisível. Andei pela cidade pequena e chorei desesperadamente por grandes sintomas de ausência, deixei que as lágrimas escorressem por todo o rosto, para expor a todos cada cicatriz, mas ninguém me parou para perguntar se estava tudo bem, passei - despercebidos. Comprei um cigarro e começei a fumar, eu precisava adquirir novos hábitos, bebi uma "doses" de whisky, tonto estou, errante sou. Quem esbarrou sobre meus ombros, foi você? E por que não me pegou no colo e levou pra casa? O seu cheiro ainda está lá querido, feito brisa que inalo às margens da esperança de um retorno. O chão está alto, pareço flutuar e assim finjo embreagar, pois, viver na lucidez é tortura e me obriga a ver o quanto deixei de ser, isso agora é poesia? ou hiprocrisia? assumo: sou. Deleite-se sobre minhas inverdades e deseje apenas a verdade ao longo desta existência, faça isso por você, somente. Quando resolver libertar-se da vã reflexão e permitir que os sentimentos lhe conduza me encontre no Parque Guimarães Rosa, como da primeira vez, no mesmo tapete verde que nos cobria, não conseguimos sair de lá ainda, não é mesmo? Presos sobre certas convicções. Escurece e a melancolia das próximas horas me dilacera, parte em partes, assim, retorno pela ponte de madeira e noto quanta água há a minha volta. Piso fundo que nem sinto a quantos pés estou, de longe as lanças da Igreja do Bom Jesus parece me recompor a paz, comprovando que tudo tem um certo fim, era o dia do seu casamento. Corri pelos fundos, não estava para arruinar e sim para prosseguir, eu precisava ver com os olhos que me roubou. Tocam sinos, minha marcha fúnebre embala, me retraio e lhe vejo: feliz e realizado. Aos céus grãos de arroz, latas de refrigerantes vagabundos rastejam sobre o mesmo chão, inóspido e cinzento, abraço forte a noite e me convido a fugir sem nenhum vestígio ou memória. Voltei descalço sentindo os estilhaços de velhos tempos, tropeçando sobre os mesmos buracos que cavei contigo, passei pela àquela nossa árvore riscada com nossas iniciais e adormeci ali mesmo, sem perceber. No dia seguinte, onde eu estava antigo amigo? Mendigando não por pão, mas por amor, o seu amor. Já é hora de colocar um ponto final nos vários finais que imaginei à nossa história, melhor, minha.
Posso escolher em que momento vou me deitar, mas, não posso decidir qual a hora exata para abrir meus olhos novamente, fraquezas me enfraquecem e injustiças me padecem. Quero decidir pelo menos isso!
O silêncio são para os omissos e o seu ponto de vista é apenas mais uma opinião em meio a tantas outras, assim, como isso que digo.