Coleção pessoal de PequenaBorboleta
Eles me ensinaram que o certo era um corpo magro, eram roupas não muito curtas, mas também não muito compridas e disseram que o rosto devia ser fino, pernas sem celulite e bumbum sem estrias, me instruíram a ter o toque leve... Me ensinaram tudo menos a me amar, me olho no espelho e penso que eu não queria estar ali, por um momento sinto minha alma flutuar para fora do meu corpo, o lugar que eu mais devia gostar de ficar que era dentro de mim é o lugar que mais me machuca.
Acho engraçado como as coisas funcionam, nada fica inteiramente no seu controle, uma o hora ela se desvia e você apenas tem que lidar com isso.
Eles cortaram minhas asas, mas eu era muito teimosa, então libertei minha alma para poder voar livremente.
A minha liberdade ninguém tira, sempre acharei um jeito de tê-la comigo!
Eu odiava sentir, evitava qualquer demonstração de afeto por questões de segurança, a frieza era o meu abrigo, mas era estranho porque os meus sentidos gostavam de mim, pegavam-me desprevenida e eu me via, de repente, amando o perigo... O perigo me trazia vida!
Era intenso quando seus lábios tocavam meus lábios, dava para ver as faíscas saindo a partir do nosso atrito.
Eu não sei mais definir EXATAMENTE o que eu sinto, só sinto o vazio me enchendo e eu tenho medo de transbordar esse vazio.
Eu não devia ter sentido tanto sua partida, as vezes fico pensando... E se eu estivesse ficando apaixonada? Você ir embora foi libertação ou menos uma história de amor que não acabaria bem?
Uma nova fase se inicia, não vou mais temer ou permitir que entrem, vocês vão sentir muito pela perda de quem eu era, provavelmente vão desejar nunca terem me conhecido, não se enganem... Eu não sinto mais nada, não me lembrem de quem eu era, pois essa pessoa está enterrada.