Coleção pessoal de PensandoComOCoracao
Quando a pessoa desconsidera o ego, fica mais leve.
Alguns recursos para realizar essa transformação:
.Escutar mais os outros do que a si mesmo.
.Colocar sua energia em questões que beneficiem o grupo: uma ação cultural, uma iniciativa solidária, uma festa-surpresa...
.Parar de falar de seus problemas, já que isso implica repeti-los também a si mesmo, o que só os reforça.
.Em vez de se preocupar, se ocupar.
.Ser útil aos outros: nada traz mais satisfação nem reforça mais a autoestima.
Cada pessoa se encontra em um estágio diferente de evolução espiritual, portanto age dentro de suas limitações.
Todos damos o que temos – seja muito ou pouco – segundo nossas possibilidades. Cada um está onde tem de estar e oferece o que pode oferecer. Por isso, não há nada a perdoar. No máximo, podemos ajudar os outros a avançar um pouco em seu caminho para o crescimento pessoal.
Na realidade, quem age mal está pedindo nossa ajuda. E, na escola da vida, não há ofensas, apenas lições. Então deveríamos agradecer a esses indivíduos a oportunidade que nos dão de sermos melhores e nos tornarmos úteis. Ao ajudar, crescemos espiritualmente junto com a pessoa.
Se alguém o fere, o trai, ou o magoa, agradeça, pois essa pessoa está lhe ensinando a importância de perdoar, de confiar e de ser mais cuidadoso em relação às pessoas a quem você pode entregar seu coração.
Vejam, senhores, vocês observam um pôr do sol encantador, uma bela árvore num campo, e logo que olham alegram-se completamente, inteiramente, no entanto, retornam a isso com o desejo de deleitar-se de novo. O que acontece quando voltam com o desejo de alegrar-se novamente? Não há alegria nenhuma, porque é a memória do pôr do sol de ontem que está agora fazendo vocês voltarem, que os está impelindo, incitando-os a alegrarem-se. Ontem não havia memória alguma, só uma apreciação espontânea, uma resposta direta, no entanto, hoje estão desejosos de recobrar a experiência de ontem, ou seja, a memória está interferindo entre vocês e o pôr do sol. Portanto, não há nenhuma alegria, nenhum esplendor, nenhuma plenitude de beleza. Novamente, vocês têm um amigo que lhes disse alguma coisa ontem, um insulto ou uma cortesia, vocês retêm essa memória, e com essa memória vocês encontram seu amigo hoje. Realmente não encontram seu amigo – carregam a memória de ontem, que intervém; assim, continuamos cercando a nós próprios e as nossas ações com memória, portanto, não há nenhuma inovação, nenhum frescor. Essa é a razão pela qual a memória torna a vida cansada, enfadonha e vazia.
Nossa vida é uma sucessão de demandas por conforto, por segurança, por posição, por plenitude, por felicidade, por reconhecimento, e também temos raros momentos de desejo de descobrir o que é a verdade, o que é Deus. Portanto, Deus ou a verdade tornam-se sinônimos de nossa satisfação. Nós queremos ser gratificados, portanto, a verdade torna-se o fim de toda busca, de todo empenho, e Deus transforma-se no último lugar de descanso. Movemo-nos de um padrão a outro, de uma gaiola a outra, de uma filosofia ou sociedade para outra, esperando encontrar felicidade, não apenas a felicidade no relacionamento com as pessoas, mas, também, a felicidade de um lugar de descanso onde a mente jamais será perturbada, onde a mente deixará de ser torturada pelo seu próprio descontentamento. Podemos colocar isso em palavras diferentes, podemos usar diferentes jargões filosóficos, mas é isso o que todos queremos – um lugar onde a mente possa descansar, onde a mente não seja torturada por suas próprias atividades, onde não haja sofrimento nenhum
Certamente há alguma outra qualidade que seja essencial para a felicidade. A felicidade não é um fim, não mais do que a virtude. A virtude não é um fim em si mesma, ela proporciona liberdade, e nessa liberdade há a descoberta. Portanto, a virtude é essencial. Com efeito, uma pessoa não virtuosa está escravizada, em desordem, deslocada, perdida, confusa, entretanto, tratar a virtude como um fim em si mesma ou a felicidade como um fim em si mesma tem muito pouco significado. Portanto, felicidade não é um fim.
O amor, naturalmente, é uma coisa muito cuidadosamente guardada, embora usemos a palavra muito fluentemente, muito facilmente – amor pelo país, amor pela verdade, amor pela vida e muitos, muitos amores de que falamos; e eu penso que ele não tem nada a ver com isto.
E ação, certamente, não é uma questão de certo e errado. Só quando a ação é parcial e não total, é que existe certo e errado.
E investigar a ação é necessário, certamente, porque todo viver é ação. A ação não é departamental, ou parcial; é uma coisa total. Ação é nossa relação com todas as coisas: as pessoas, a natureza, as ideias, as coisas. A vida não existe sem ação. Mesmo quando você se retira para um monastério, ou se torna "sannyasi", ou eremita no Himalaia, está ainda em ação pois está ainda em relação. E ação, certamente, não é uma questão de certo e errado. Só quando a ação é parcial e não total, é que existe certo e errado.
Mas muito poucos de nós são sensíveis – sensíveis ao pôr do sol, sensíveis à criança na rua, sensíveis à beleza de um rosto, sensíveis a uma ideia, um ruído, a tudo na vida. Certamente só uma mente humilde, uma mente que não nega ou aceita - apenas tal mente é sensível ao todo. A mente não é sensível se não tem humildade; e sem humildade não há exploração, investigação, compreensão. Mas humildade não é uma coisa a ser cultivada. Virtude cultivada é um horror, não é mais virtude. Então, se pudermos, com esse natural sentimento de humildade no qual existe sensibilidade, examinar toda essa questão da ação, então talvez muita coisa será revelada de que não estamos cientes agora.
A mente que está pensando em termos de parte nunca pode perceber o todo. No todo a parte está contida, mas a parte nunca fará o todo, o total.
Sem entender com compreensão o completo significado de ação, estar meramente interessado com uma forma particular de ação me parece muito destrutivo. Se estamos interessados apenas com uma parte e não com o todo, então toda ação é ação destrutiva. Mas se pudermos entender ação como uma coisa total, se pudermos sentir nosso caminho nela e captar sua significação então esse entendimento da ação total provocará a ação correta no particular. É como olhar uma árvore. A árvore não é apenas a folha, o galho, a flor, a fruta, o tronco ou a raiz. É uma coisa total. Sentir a beleza de uma árvore é estar consciente de sua totalidade – sua extraordinária forma, a profundidade de sua sombra, o tremular de suas folhas ao vento. A menos que tenhamos o sentimento da totalidade da árvore, apenas olhar para uma única folha terá muito pequeno significado. Mas se temos o sentimento de toda a árvore, então cada folha, cada galhinho tem significado, e somos sensíveis a ele. Afinal, ser sensível à beleza de alguma coisa é perceber sua totalidade.