Coleção pessoal de pensamentosnossos
O CHARME
Acho cômicas as situações em que pessoas julgam ou não a beleza de alguém apenas por “bater o olho”. Caramba! Eu amo o charme. Ele deveria ser mais valorizado, aproveitado, observado. E sabe porque estou dizendo isto? Porque a estética é moldada e levada, o charme não. Aquela coisa da cara pintada, da roupa estilosa, ou da pele perfeita, somem. Mas se tiver charme, pode envelhecer o quanto for, ele vai continuar ali. O charme é o caráter bonito, a inteligência bem exposta e/ou aquele jeito que só aquela pessoa tem de passar a língua pelo canto da boca sem nem reparar. É a forma engraçadinha que ele tem de sair se esbarrando nas coisas e nos outros, pedindo perdão enquanto o rosto fica corado. É a maneira com que aquela mulher se empolga ao argumentar sobre tal tema, enquanto mexe as mãos acompanhando a fala, e lhe hipnotiza. É o olhar que aquele homem tem quando pede desculpas, e lhe amolece. É o extrovertimento de uns, a timidez de outros, é até o jeito de se estressar que dá uma certa pontada de vontade de sair abraçando enquanto ele(a) grita... É aquilo que não se mascara, que vai ser lindo para uns, feio para outros, assim como tudo no mundo, mas que quando belo: não se explica. E esse “não sei explicar” é tudo! É que muita gente que conhecemos e achamos o rei ou a rainha da beleza, quando trocamos convivência, vão perdendo aquela magia toda, já que o jeito não é aquele que nos encanta: o jeito que afaga o cabelo, que sorri, a forma de falar, ou até o conteúdo do que fala, por vezes são de modos que apagam o brilho aos nossos olhos. E aquele alguém que era o morno, o sem sal, com um tempo de conversa, de olho no olho, pode se tornar alguém tão maravilhoso! E em casos assim é que surge o “ele(a) é tão... Não sei explicar”. Ah, quando esta frase aparece! Já enfatizei. Pegue, agarre com tudo, porque não acontece sempre. Quando alguém não nos agrada é tão simples desmembrar os motivos: “ela tem uma voz estridente demais”, “ele não tem um papo legal”, “ela se olha mais no espelho do que olha para mim”, “ele tem uma mania estranha”, etc. Porém, quando existem mil e uma citações sobre alguém que tem charme, nossa! Não saber explicar é a melhor coisa, é aquilo que se goza enquanto olha e se namora só de ver, é o que parece que não será encontrado em mais ninguém, e que na hora de sair da garganta para fora, vira essa frasezinha que carrega um peso enorme de fascínio. E é isto que deveria ser mais apreciado que qualquer coisa mais exterior.
Não estou dizendo que não vamos olhar os rostos bonitos e nem nos cuidar ou que iremos deixar de querer que o outro cuide do aparente também. Faz bem demais olhar e só de olhar de longe, desejar. Porém de nada vale esse desejo se o tempo vai diminuir não só por passar a borracha nos traços bem feitos do corpo, contudo também por não ter aquele “não sei explicar” implícito ali. Analise mais. É no que se vê de perto, só bem de perto, só conhecendo, saindo lá de dentro para fora, e se admira... É no charme, meu caro, que a maior formosura mora.
Desistir não é vergonhoso quando o sentimento existe, mas já não sustenta. Quando lembrar do que lhe fez aguentar até agora já não é suficiente. Quando aquilo está prendendo e retardando a atenção que poderia vigorar em outros focos, estes que internamente estão em alarido por uma chance de ser. Desistir não merece escárnio alheio, contanto que esteja ciente do que está abrindo mão, caso os pontos negativos estejam por chacinar todo o sobejo. Mas só desista nestas condições (se algum dos tópicos citados acima se encaixa em oposto na sua realidade, resista, ainda vale a pena): e não fique criando um ciclo vicioso de idas e vindas. Caso decidir encerrar aquele escopo, deixe ir sem possessividade. Os momentos de revirar o guarda-roupa e ver o que já não serve é sempre necessário, só assim o espaço para novas peças existirá, contudo, não adianta abrir apenas cinquenta por cento das alas, isto só desorienta e ancora, faz com que veracidades sejam perdidas, com que tanto ir como ficar percam partes dos merecidos, com que até as singularidades do seu objetivo passem a perder-se enquanto pensa estar ainda cativando. Caso haja dúvida, tente mais uma vez. E se outro ensaio confundirá ainda mais, somente tire um tempo, isole as possibilidades, coloque na balança, tranque enquanto pensa, não pise e nem abrace: embora esse instante de decisão não deva durar muito tempo (o nome é INSTANTE), não faça a estupidez de deixar algo entreaberto, releia tudo se ainda não entendeu o porque.
Desapegar não significa esquecer, define-se em observar que no fim sobra o necessário, o certo, o seguro…E a ida é feita de sobras bem feitas, que para cada um terá sua particularidade. Desapegar é encerrar de fato, é saber reconhecer quando passou da validade. Desapegar é desistir sem avareza, é encarar a real utilidade. Desapego é saber acenar, fazer revência e entender porque fim. Desapego é saber que é finito se aquele bendito já não era tão sim.
POR ONDE AGORA FOR
Que sua rua encha de flores
Enquanto continuo em zêlo
E que todos os seus valores
Prossigam como modelo.
Que sua cota de amores
Seja muito bem preenchida
E que dos tantos sabores
Leve a nossa guarida.
Que alcance cada sonho
E os que tivemos guardados
Deixa, deixa que eu ponho
Nos meus mais lindos lembrados.
Que não pudemos mais ir por onde
Não houvesse buraco e peso
Mas não pense, você, visconde
Que meu pulso saiu ileso!
Doendo, chora de vez em quando
Dia outro inda será rio
Não de tristeza urrando
E sim do nosso desvio.
Só que quis assim a vida,
A caneta e o maior
E o que sobrou mordida
Foi coisa linda que só!
Lembrarei, para sempre e reticências
Das boas partes e bons dias
Desejando com toda eloquência
Que ganhe de cada "seria".
Sempre daqui em reza forte
Para com o seu caminho
Juro que desejo sorte
E que arranquei espinho.
Aceite, por favor, não amassar papel
E dê a esperança, um quarto de hotel
Que seu norte vai ser lindo
E o meu sul também,
A cada novo bem-vindo
Seu nome um pouco tem.