Coleção pessoal de PensamentosNebulosos

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É de se apostar que toda idéia pública, toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria.

Cada dia é uma vida inteira. Começa ao amanhecer, e morre com o por-do-sol pra renascer com a aurora.

As pessoas deveriam ver o pôr-do-Sol pelo menos uma vez por dia.

Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno voo e cai sem graça no chão.

Com perdão da palavra, sou um mistério para mim.

Nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamantes, e de vibração parada.
E o Deus? Não. Nem mesmo a angústia. O peito vazio, sem contração. Não havia grito.

"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?

Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.

Fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.

⁠O silêncio me deprimia. Não era o silêncio do silêncio. Era o meu próprio silêncio.

⁠como é frágil o coração humano –
espelhado poço de pensamentos

Nuvens passam e se dispersam.
São essas as faces do amor, pálidas irremediáveis?
É por tanto que agito meu coração?

Eu falo com Deus, mas o céu está vazio.

Devo conseguir que você devolva a minha alma; Estou matando a minha carne sem ela.

Talvez quando nos encontramos querendo tudo, é porque estamos perigosamente perto de não querer nada.