Coleção pessoal de PatriciaVicensotti
Por amor se compõe.Se descompõe.Alucina,enlouquece.Percebe,esquece (não)-adormece.Intensifica,fascina.Cede.Anula.Emudece.Morre e renasce.Deseja.Espera,procura.Chora.Respira.Sorri.O amor tem me dado tempo pra pensar em palavras definidas,embora defini-lo seja um ter aprisionado:não se revela por um todo,pois amar é metade da gente e metade do outro.É dependente.Imprevisível.(cruel e inocente).O amor envolve tal como se vê, o amante, como aroma num frasco perfumado:invadindo da tua fragrância os poros da gente.Sentindo.Viciando de querer vivenciar aquilo.É entregar nossa melhor parte:o lado que resta,florido.Por amor ainda tenho sobrevivido,mesmo eu entre ele:joio e trigo,amado e inimigo.Amor Amor Amor!Por acreditar é que insisto,que há de nascer uma manhã diferente,de todas as minhas:onde meu olhar,instintivamente sobre o criado mudo,não recolherá mais os beijos que caem do meu sonhar-te.Vou ter-te(amor).Tão nítido como meu desejo.
17 de junho de 2010
Espinha ereta.Era a postura que tinha,e mantinha,mesmo sentindo o fardo sobre os ombros miudos.Ela só queria voar.Uma volta apenas, num mundo em que realidade lhe tornara distante.Em teu nome de nada,ela escreveu teus desejos,e era assim que esperava,que teus versos tornassem livres,como borboletas,e que um dia alcançasse,descansasse a coluna de sustento,que lhe era a única importancia naquele su-real mundo,de incertezas,que lhe pusera alguma esperança: só viver,dia após dia,com a liberdade de ser o que queria,o que era,com quem quisesse.O sonho daquele voo inibido,pareceu ter sido rogado,divino,para aquela menina que desfraudava rosários,em sonetos,escondida,os pedidos onde só Deus ouvia.E Ele sabia:pesaria.Borboleta não foi feita pra ficar.Fez ela só pra encantar.Mas que embora tão curta vida,da metamorfose despida,ela teve um céu.Foi azul.Num mundo azul,que se descobriu compatível,com tudo aquilo que não lhe era compreendido,mas que quando expressada naquelas rimas,era encarnada como que em duas asas que lhe conduzia.Não era borboleta,nem mais menina.Era alma.Era teu ar.Amar.
Nesse cheiro de mato,nos confins de um destino,é o molhar do orvalho quem vê meus passos.Manhã de serração me cobrindo,apressa um sol por nascer:
é minha vida me chamando pra viver.Não tão só,me arrumo ao espelhar do olhar da criação:é minha saudação,meu café.Em minha volta,nem monumento nem luxo.Sou de alvorada e crepúsculo.Tenho quase nada,mais possuo quase tudo.
Então me declaro pecado,
se querer o que quero,
ferir a realidade.
Meu agir não vem
do que esperam,
mas sim do que eu sei.
Meu amar é atmosférico.
Meu pecar,é nutrir e aspergir,
gota-sentir vermelho.
Se perde coisas,momentos,dedicação.
A gente perde tempo,perde rumo,direção.
Se perde tanto quanto se ganha...
Entendemos mais quando se perde.
O que vem,nem sempre fica...
Só a fé é que explica:
-na perda,o carinho ganho,
dos amigos do coração.
Tem sido a lei do mais forte ou do mais hipócrita? Não faço parte de uma concorrência assim tão sórdida.
LEMBRANÇA
Dos amores vividos,dos desamores surgidos.
Do flerte,cupido.Letras de canções.
Fotos,sorrisos,tempo,amigos.
Da comida,do cheiro,da voz,das histórias.
Lembrança é cena que se revive...
Um retrocesso livre a um albúm da memória.
"Nunca vou pedir pra que entenda,esse inexplicável que você aumenta.De dentro pra fora não é visão.Há coração.E eu sei que você me sente..."
Então ela trazia,protegida naquela meiguice,um toque enigmático.
Talvez nem soubesse,ou tivesse mesmo aquele dom.
Toda vez que ela passava,no silêncio desenhava,desvendava,
colocava um respiro,um sol nascendo,uma melodia.
Mas ela dizia:
-"Shhh...
É pra bem poucos."
E amar é tão simples.Na vida,do pouco é que renasço e faço tão valiosos os meus dias.E são nessas pessoas de gestos e corações sensíveis,as quais acredito e sinto um dom divino.
(Atrás do gosto daquele afeto...)
Num mundo cercado.Um casulo.Um desejo inoportuno. Ainda assim,sem asas,era convicta de que estava perto. Vasculhava então,não nas coisas,mas na alma,um pedaço menos ansioso pra se guardar. Queria se bastar de não mais pensar no tanto que já havia engolido,costurado e tecido pra espantar o medo. Sabia-se dos riscos,e não polpava esperança,que lhe era o impulso,o motivo de ser aquele passaporte. Duas pontes iriam se cruzar,debaixo de um voo de seda,frágil e esperado. E atravessaria um céu inteiro,atrás do gosto daquele afeto.O mesmo céu que lhe duvidava a coragem.Sentirá tão breve, borboleta liberta,e irá entender que uma multidão,(também lagartas), podem até corroer e achar que o conformismo de um casulo vazio é destino.Deixa pensar.Resta pouco pra provar que não existe cárcere,nem carma,a uma alma quando sedenta,encontra sua asa metade,que faz voar.
QUANTO TEMPO AINDA TEM TEU AMOR?
E eu pergunto:quanto tempo terá o meu?
Até o ultimo gole do café, que desce amargo,nas madrugadas que não passam,e que eu te escrevo.Penso:é a última vez!Na cabiceira da cama,no livro,na mesma música deprimente que choro toda vez que ouço?Duraria mais um pouco?É reticências,sempre. Nada se conclui,nada se resolve. Você não volta e eu não vou.Me retorço nas horas,na vontade de desistir.Cada dia seus vestígios são mais fortes,e tão piores.Disfarça, fala,e eu entendo mais.E compreender o que não se quer é como uma lança que rasga mesmo. Não queria ,eu juro que não queria (muito).Se eu fosse menos egocêntrica,ah! Quando você ligasse,diria:"eu estou bem".(Ps:histérica).E desligaria sem querer de me atirar de algum lugar. Quanto tempo ainda tem teu amor?Caso você não compreenda,(porque seus planos são diferentes dos meus),eu fugi mesmo. Não se espante,se ás três da manhã eu chegar insônia,e dispertar o mesmo amargo do café de todas as noites,e causar quem sabe,alguma atitude. E eu pergunto:quanto tempo terá o meu? Reticências...?Mas caso compreenda,(porque ninguém sabe mais dos meus planos do que você),eu cansei mesmo. Não se espante se meu email não chegar,se não te atender,se eu mudar de endereço.Ainda assim,por caridade,talvez,se eu quiser, te deixo algum sinal,só pra não pensar que isso não foi importante. É ,foi,e ainda é. Tão abstrata,essa forma de ficar.Me confunde.Nunca gostei de esconde-esconde,gato e rato,de coisas desencontradas.Então,até o sonho me trazer o real,e me tirar essas dúvidas da cabeça,vou dar um tempo.E você?Vai ficar ou vai correr?Vai salvar ou esquecer?Você ainda tem tempo?Por obséquio,te imploro,suplico:se ainda tem,caro amor,preencha essas reticências(...),por favor.
(APOIO)
De repente aquilo se expande,
e dispersa,me perco num canto.
Eram alicerces,em bando,escorando
um teto,de um chão inseguro.
Era valioso aquele apoio.
Então media um passo do outro,
entre as escoras que erguiam,
tentanto eu, um equilíbrio.
Vezes em vão,
esse cuidado era deslize.
E aí se aprende que,
numa "construção" de pessoas,
se perde e se ganha.
Porém, também se deixa:
Mesmo em uma "obra" mal acabada,
sempre fica da gente,
em algum lugar,
uma história gravada.
MULHER
Eu,mulher,enredo.
Meço,calculo,alcanço o tempo.
Me lanço,de todos os lados.
Perduro,num olhar.
Me rendo.
Me reivento,
sendo aquilo
que mesma escrevo.
Felina ou fada.
Sentimento.
Poder que gera o mundo.
Amor,e mais nada.
MULHER
Mistério
em desejo.
Coragem.
E no medo,fé.
Flor da pele.
Rosa e espinho.
Instinto.
Eterna.
Mulher.
Solidez
Vez em quando me pego pensando.
Sempre e quando mal quero lembrar.
Ressurge nas digitais,fatais,banais,e fica.
E perturba.E modifica.E me acusa:
Foi solidez.
Foi sem surtar de amor,
sem perder o juízo,que estou,
com seu nome vagando em meu sangue.
Distante.
E nesse instante,sozinha e louca.
Eu pensei num poema pra você.
Letras de carinho,
que voasssem pra te ver.
Eu quis te escrever,
linhas,vivas,
que pudessem dizer,
que hoje meu abraço é verso,
mas através desse laço,
entre rimas eu me faço,
na distancia que não
me impede de te ver.
Eu só queria dizer,
que nesse instante,
meu coração
é poema de você.