Coleção pessoal de PatriciaVicensotti
Havia nela,algo maior do que
qualquer conceito,supondo.
Tinha a amplitude de quem ousa;
era um passo mais além...
Tão além do que se via,
não era só carne,verbo;
era a inconstante percepção.
Sem tema.
Em construção...
Menina...
Seu sorriso ensina
o caminho até você.
E pra que entender?
Ela é feita de nuvens,
sonhos e mistérios.
Só de quem crê.
Olhos que no pouco muito dizem.
Forma de amor tão sublime,
que toca onde não se pode ver.
Tenho pensado em você com tanta saudade.
De repente tudo mudou:
as conversas se calaram,o tempo se alongou.
Me preciptei,por amor.
Julguei com ironia tuas desculpas,
cobrei demais tua ausencia.
Olhei só pra minha necessidade.
Te joguei fora por orgulho,
mas o que dói é que você ficou,
percorrendo minhas idéias
numa tormenta que não cessa.
Procuro nos restos de Setembro,
um tempo menos seco,
para ver se me desencontro com você.
Queria cair desse céu negro,
e que fosse fatal o esquecimento.
Menos sofrimento se tirasse você daqui de dentro.
Mas o que faço se eu só te espero?
Não tem graça por onde eu vou.
Nenhum olhar me diz mais nada.
Nenhum beijo tem teu gosto.
As vozes são vazias...
As tardes ficaram presas neste quarto.Vaga.
Estou sem notícias suas,quero que saiba:
-não fique tão longe assim.
Tomo sua falta que desce nas notas
dessa canção,tão sincera como
meu pedido de perdão.
-Eu errei.
E me dói tudo.
Minhas vestes se perderam pela casa á procura
dos momentos que não mais encontrei.
São trapos de alma que rasguei.
É o coração batendo sem significado.
Eu te guardei com tanto cuidado,
que perdi onde deixei.
E agora te quero por onde passo.
A saudade é o amor que fica.
É esse descompasso.
Queria você agora.
Ainda faço tanto num abraço...
Te prometo nesses versos
Enquanto eu viver,
A vida será esse
Meu perpetuar,
Os momentos de você.
PENSANDO
Agora,tão certo,pairo
nessa imensidão que obtenho.
Desnudo ter que caço,sem haver.
Me acompanha,a ilusão,numa passagem
lúgubre,que faz querer viver.
Seio ardente em brasa semi-morta - você -
que sem esforço põe a acender.
Estou silêncio de fazer o vento falar,
sobre tal força que há aqui,no meu pensar.
Me atiro na proposta desse tempo,
no meu infante segredo,
que revelo nesse lido poetar:
Estás quase aqui,como nesse retrato.
Imóvel.Abstrato.
E o imaginar,vai formando na retina
do meu olhar,uma ponte a ligar,
dois mundos mudos,divididos
entre muros,que impedem tocar.
Não o pensar.
-Te lembro...
Um respiro,e sou
o instante imprevisto:
de algodão me visto,
macia e solta
como um riso.
Cantarolando,
risco o caminho
onde passa
Bem-Te-Vi
de mansinho.
O simples.
O sol.
Um dia azulzinho...
QUÍMICA
Espero sim.
Mesmo nas contradições.
Na inquietude dessa urgência:
-A química.
Cavando na alma,um espaço,
alinhado a tua forma.
Vou te ver caber,sem sobras nem falta.
Num juramento:
"Além da vida,além da morte".
Nosso nome,em cortiça,eternizando.
Vou ter você,ingênuo,inteiro.
-Em mim.
Eu falo de encher a vida,
de melodia,desse meu canto,
a qual você é a poesia:
De amor,como no primeiro amor.
Se me fosse concedido um pedido agora,
mesmo assim com tanta coisa urgente dentro de mim,
eu escolheria você.
Eu desejaria algumas horas e se muito fosse,
me alegraria com os minutos.
Um sorriso não ocupa muito
e um abraço é tão simples.
Eu diria em pouco tempo,
o que meu coração declara o tempo todo:
-Te amo!
E aquela distancia seria uma lembrança,
de quando num desejo me fiz vento lhe toquei.
Mas em oração,meu amor é pensamento e me leva...
-Deus,eu e você.
Essa coisa de querer o amor do meu jeito,tal qual argila que se esculpe,tem me entendiado tanto.É que não tenho moldura,nem forma alguma.E espero assim tão vaga,um completo do meu eu.
MÃE
Há quem pergunte,que poderes são estes? O de trazer teu mundo num ventre?Haverá quem mais entenda o valor de um sorriso? Ou quem mais se desespere com a lágrima de um filho? Haverá,será,quem também consiga enxergar além dos olhos?Um clarear no escuro.Um estar perto,sem estar junto.O jeito de olhar que diz tudo?Existirá um perfume mais doce,uma voz mais suave,um colo mais protetor? Haverá Senhor?De todas as criações divinas,ser MÃE é a Obra Prima. Projeção do amor,encontro de duas vidas, sem data definida e nem tempo pra acabar.Ser mãe é eternizar.
"E naquele instante percebi que meu coração passava a bater fora de mim..."
Só entendeu a maturidade,quando a desordem passou a ser dentro. Entre feridas sem sopro,um amor ardendo, sem consolo,sem brinquedo. Num mundo,num canto,tão dela,os sonhos reais sobre um conto de cinderela.
QUIETUDE
Tem instantes em que nada me é mais adequado,
que os rumores de um silêncio,acordando certos
sentidos,como um clarão,no obscuro de dentro.
É uma sutileza que me amansa,essa pausa de
nada ouvir,onde tudo me ordena.
DIGERINDO
Três noites e quatro dias,regurgitando.Sim,como um animal grotesco,que as vezes sou,fazendo voltar de dentro de mim o que vejo indo,sem que tivesse tido o gosto que eu quizesse provar.São 5:30 da manhã,e eu aqui mastigando um banquete vasto de mim mesma.Apenas aceitando,neste exato instante,miseráveis maços de palavras secas,sem eu siquer ter uma voz a me defender desse gosto ruim.Veja que se paga um preço pra viver aquilo que não se quer perder,embora nunca tido.Sem outra opção,a casa dorme.A vida também.Adianto que o que me ocorre agora,não lhe acrescentará em nada.Serão meras letras,insignificantes.Um certo remember sobre o que me passa então,mas não se torna passado.Essa embora,de forma franca,como nunca tinha sido.Sem personagens nem capricho.Sem qualquer cuidado.Chegou minha vez.E será ácido.E será extenso.
Quatro dias já disse,que isso tem me incomodado.Um frio interminável na pele e na víscera.Dentro, muita coisa acumulada a querer a saída de emergência,e é óbvio,ao que me parece,será por minhas mãos: papel e caneta.Porque decidi que essa "digestão" seria rústica,reclusa,solitária,pois fermentaria ações até o termino dessa escrita.Impulsiva talvez.E assim não quero.Me sentei em paz aqui,porque minhas situações sempre foram só minhas.Ninguém nunca soube,além somente do que achassem,as coisas que sinto.Esse é meu luxo:uma individualidade religiosamente reservada.É certo que sigo uma postura que nem me agrada tanto,mas me sinto até privilegiada pelos bons modos.Fui moldada a boa-moça:de bordados perfeitos,comportamento recatado,poucas palavras,olhar sempre baixo e dotes culinários impecáveis.Esculpida a um destino que não era pra mim,e nem eu sabia.Sempre achei que essa fosse a sina de uma mulher.Minha mãe me ensinou,então achei que era mesmo assim.E nunca foi.Mais sempre obedeci.Aos 29 anos é que escrevo com o pesar de 60,e direcionada unicamente pra minha vida.Aos 60,direi sobre esse momento,e como sempre meu tempo irá se desencontrar.Hoje não redijo pra ninguém,pela primeira vez.Sou eu o foco,e que não se espalhe,porque o pecado dessa rebeldia,me consumiria a "menina casta",e não é boa hora pra isso,porque estou apenas digerindo,ainda.Uma leve quentura subtamente me ronda,e instantaneamente é abafada,porque não posso sentir.É coisa de gente sem pudor.E eu tenho pudor nesse corpo esquelético e frio.Os desejos passam.Basta não pensá-los muito.Então eu mudo de música,mudo minha sintonia,já que de ar,também não posso.Os sonhos,ah esses me disseram que só foram feitos para admirar,porque voam fácil,fácil.Então me agarrei em borboletas,porque um dia também me contaram que elas representam a alma e a imortalidade.Decidi: se sonhos a gente de longe admira e voam,vou ser borboleta.E assim sou:totalmente irreal.Tomada a uma espera interminável por algo que me transforme.Dentro de uma casca.Mas disfarço com essa ingênuidade tola,o "se" não acontecer,"se" não der certo,"se" eu me arrepender.É,viver é pra quem tem ousadia,e eu sempre fui mirrada demais,sempre curva.Não olho nos olhos do grande amor da minha vida,porque nem sei se tão grande é.Tenho medo de na pupila dele,ver a menina que ele desmancha,por cuidado de perder.Então só olho na altura do pescoço,onde deito minha amargura e mais ninguém vê.Nem ele.Não é triste.Só é estranho quando duas almas inversas resolvem se amar.Parece amor platônico mais não é.Parece sofrimento,mais é contradição.É agonia de não poder se livrar de uma barreira que se impõe entre os dois.Os pensamentos se debatem,e ainda assim não conseguimos achar que podemos viver distante desse conflito.Existe um amor dissimulado,mudo,louco,egoísta,e que nem assim dispersa aquele encanto de quanto nos tocamos.Mesmo sem solução,mesmo não compreendendo um ao outro,nossa razão emudece,e somos desajuizados mais vez.É sincero tudo isso.Minha vida está enraizada em pessoas,que daqui a uns 20 anos eu sei que vou culpá-las pela minha pequenez,embora sendo a culpa toda minha.Mas será assim,pressinto,pela minha falta de coragem (assumo).Coragem é falar sobre isso.Eu já escrevi coisas que não eram minhas:vivi dores horrendas,amores impossíveis,saudades absurdas,já esnobei e depois arrependi,dei indiretas pontiagudas por alguém que nunca soube quem foi.Quem escreve sempre diz que sabe,mas eu nunca escrevi,só lamento.Não me pediram,deixo claro: senti porque eu quis.Porque tudo o que é dolorido eu absorvo como esponja na alma.Talvez na ânsia de sarar para alguém minha própria dor.Isso parece fugir do contexto,mas faz parte, explico:Certa vez uma moça caiu no meu destino e foi como um flash back,literalmente falando.Era meiga também.Era melancolica como eu.Nunca falava,mas mal sabia que só em teus movimentos,eu a entendia.O que eu tinha a ver com essa moça,que eu nem via,só percebia?Nada!Mas meus dedos passaram,involuntariamente,a ser confissões da alma dela,como que em uma ligação de outras vidas.Ela respirava e eu escrevia.Ela murmurava e eu criava sobre o que já havia.Foi inspiração pra que eu entendesse que o que eu vivi um dia, era por mais complexo,a pomada na ferida dela.Porque alguém a via,nos mais sublimes detalhes e assim eu voltava alguns anos atrás e me entendia também.Tudo eu explicava,menos o mistério do porque que tanto nela eu me via.Acho que porque assim como eu,ela amava mais o teu desejo do que a si.Digo,que em outra ocasião,essa mesma moça será personagem minha,numa humilde pretenção de um pressentimento que me veio agora.Será Lírica.Como o espírito dela me soa.E eu me descreverei,regurgitando assim.É improvável que eu mude,assim nesse silêncio todo,e que esse mal-estar nunca mais volte.É provável que eu dobre essa folha a qual escrevo e a esqueça dentro de um livro,e depois de um tempo jogue fora,como tantas vezes já fiz.É visto que tenho me esquecido um pouco: as traças das ultimas promessas confessam,que viver não é só se contentar com o mísero, que por ventura me ofereçam,mais sim buscar dentro das vontades e possibilidades o sentido de ser feliz.Mas eu sou feliz de um jeito esquisito.Tenho de Deus todas as coisas que preciso,mas faço disso uma explicação vaga pelos anos as quais vou desistindo de crescer,ou melhor : de ser!Admito porém, a fissura sobre as coisas que não eram e nem são pra mim.Essas sempre foram minhas voltas de "montanha russa",porque tudo o que eu não podia e não posso, coincidentemente,ou acidentalmente,sempre foram o que eu mais quis.
Um enjôo me toma,e essa coisa que volta de dentro,sei que é um tempo engasgado num passado querendo deixar de ser resto,para ser meu próprio fermento.Engulo-o amargo,com dois cubos de gelo:eu e ele.
Sem mais,
"VIAGEM"
Eu decidi sair por aquela porta,querendo encontrar todo tempo perdido e guardar-los num espaço que coubesse minha prepotência.O que eu quero,eu quero.Não mudo,não substituo.Tem que ser assim ( ponto).Não consigo ser feliz batendo de frente comigo.Pode parecer egoísmo,mas só depois de tanta "sede",daquela que te senta no meio da noite,mas te limita um passo que seja,pra que se levante, já sentindo uma certa fraqueza,do que não sei o que,sufocada como um trago de cigarro após um jogo perdido,já totalmente vulnerável,foi que me fez entender que minha saciedade não era do nada .A vontade de sair por aí inventando assunto com a primeira pessoa que surgisse,sem olhar pro lado,nem ficar imaginando aquele "vulto" o tempo todo comigo, já eram sinais vitais de que seria: um certo amor (in) próprio.Uma incompatibilidade,digamos,casual.(Acontece!).Foi ficando estranho.Comecei a crescer numa ânsia,como se ela fosse me secar por inteira.O sangue já era água,fria,que vazava do fundo dos olhos e escorria um tracejado de um caminho,sinuoso e salgado,terminando na haste de um dedo,interrompendo.Tudo diminuindo por dentro,ficando apertado e transparente.Visivelmente compreendido e insuportável.Não ia caber mais ninguém,logo se via.E eu tinha que sair também.Mas o que fazer com o medo?Deixar de abrir mão dos meu valores, é como se eu adquirisse mais centímetros nas pernas,descobrindo que posso alçancar um pouco mais alto e tocar o distante.Como criança, quando coloca o salto da mãe e fica imaginando o dia de caber nele,sabe?Mas ter que readquirir forças,abrindo não só mão,mas mente,coração,uma vida já costumada aquela situação,foi o mais difícil.É assim que estou saindo para uma viagem,daquelas que se passa um bom tempo só planejando.Me despedindo de um comodismo pra finalmente ter esse encontro comigo,numa estação,num banco,num vasinho de violeta no canto,numa conversa sem hora marcada,num domingo sem obrigações,ou num dia sem nada.Só eu e eu mesma,num abraço de quem a muito tempo não se vê.E vou ficar falando comigo,num belo chá ,relembrando sonhos, projetando o futuro.Idéias frenéticamentes soltas,como os passos que quero ter,em torno daquilo que mereço,mesmo que inseguro,como se amarrados numa linha de pipa.Nem que eu me arrebente toda,preciso saber como é voar.Ser absoluta,e me casar com meu lado mais interessante.Quem dera?Já é hora!Meus filhos nascerão dessa viagem: Felicidade,Liberdade e Realização.Quer carona?
Estou brotando marcas de um novo tempo.
Realista,contraditório e infinitamente
propício ao meu desejo.
Libertação.
Eu distraio essa realidade com situações ainda que dispersas,adicionando á saudade,uma dose de um bom momento existido.Vou assim entorpecendo minha necessidade.Te penso de todas as formas (extremas),numa timidez que me enclausura,esperando um resquício de sorte que seja. Como um dia,ou dois,terminando novamente,agora teria que ter a qualquer custo,alguma coisa tua.Pois com sobras diversas minhas, num conjunto me agrido,tentando entender a qual teria que ter sido.Precisava só áquela que nos olhos te pusesse um brilho.Mas com todo desejo e uma esperança por dentro,eu reinvento (no pensamento),um momento a sós com você.Pra que nele,cheguem tão mais leve teus dizeres,e pra que eu te veja me ver sem tanta pressa.Um dia pode ser que aconteça...
ESPERO A MINHA VEZ
Então escrevo,guiada pelas estrelas do longe.Por devaneios e pensamentos,que vão e vem,e me fazem ininterrupta,agora.Apesar de tudo que tenho vivido,são acontecimentos que vem me amadurecendo,e nem sei se eu mudaria.Hoje não sei.Porque ainda assim,é bonito olhar o que sinto.Mesmo sem ter,eu tenho,entende?Melhor que não tivesse tido,pra que não fosse tão ínvio.Chega a ser interessante minha tolerância.Tenho falado de coisas repetitivas,mas é só uma fase (eu creio).Uma situação,um foco,um momento.Ando obcecada por um só desejo,em meio a outros.É que esse me completaria mais (eu acho).E completa dele,não precisaria de tantos.Compreende?É,isso é mesmo complicado pra quem não sente.Mas vou mudar.Vou colher-te na tua estação e não na minha.Que não demore muito,mas ainda assim te dou tempo pra mudar -Está vendo?Começo a falar com ele (sentimento)- Então continuo:Deixando claro,nesse jogo,que todas as chances ainda estão ao teu favor.As vezes preciso assim,te expor,te tirar do teu anonimato,não pra causar comoção,mas pra que perceba o gigante,sedento que pusera em mim.Me defendo com minha calma.Me amordaço,pra só falar á alma.E assim que tem sido meus dias:um silêncio jus de digitar.Temperamental.Ando tão sensível,mas todo amargor faço clandestino,porque sei que sou doce.Então,por hora,nada posso,mas também nada é o fim.Vou levando como dá:recebendo bem a falta,que não deixa de ser companhia.Né?É forte demais pra desistir,e eu frágil demais pra suportar.Estou numa balança,instável,deixando acontecer.E ela está me movendo pra coisas que nunca senti.Será qual meu destino?Olha,eu estou tentando,mas se um dia tudo der errado,você leva isso contigo:não importa o quanto foi ausente,porque até assim você foi lindo.