Coleção pessoal de Otocco

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O mar

⁠Da brisa leve e suave
As ondas me levam ao seu encontro
Mas nesse mar que me atraí
Não há água e nem um cais.

Apenas uma linda mulher
Que com seu belo sorriso desperta
Os pensamentos mais puros e sinceros
E os transformam nestes versos singelos.

Me perco na imensidão que é o teu corpo
Como em alto mar se perdem os tolos
Que navegam sem rumo e remos
Marinheiros guiados pelos ventos.

Vindos de lugar algum
Indo para lugar qualquer
Teus seios se tornam ilhas
As mais paradisíacas.

Ilhas quais sempre penso
Em fugir e ficar para sempre
Pois em terra firme a vida
Já não me ilude nem fascina.

⁠Tua sina

Me perdoa pobre coração
Eu jamais te quis assim
Dilacerado e em pedaços
Que não podem mais serem costurados.

Me perdoa por nunca te defender
E nem fazer o que te faz bem
Por não me importar com os sinais
Talvez por isso hoje não chores mais.

Me perdoa por ser tão egoísta
Não te alimentar de fé ou crenças
Não te dar nem esperança
Muito menos confiança.

Me perdoa viver por viver
Não te fazer bater acelerado
Ansioso, de nervoso e excitação
Sou uma besta, concordamos nisso então.

Me perdoa pobre coração
Sei que pensa que o problema é meu
Mas te devo perdão, pois habita em mim
E queria sinceramente que fosse feliz.

Perdoai-me pobre vítima indefesa
Quão grande é o teu significado
És o motor de vida, o mais belo órgão
Que vive confinado em um corpo
Como em um calabouço
Cheio de amargura e solidão
Em uma batida depressiva
Teu sofrer é como de mãe
Só entendemos quando perdemos
Tua sina.
Tua minha vida.

⁠Coração

Se meu coração pudesse falar
Ele diria que deseja parar
Se ele pudesse me afrontar
Ele o faria sem pestanejar.

Se meu coração sentisse angústia
Ele me daria taquicardia
Me diria para tomar sempre
Uma dose de nitroglicerina.

Se ele pudesse me controlar
Me faria ir até um rio me afogar
Não me deixaria uma noite sequer chorar
Nem por um instante amar.

Sangraria meus olhos, cortaria minha alma
Desistiria-me de lembranças
Me faria apenas viver
Das lambanças que eu bem sei fazer.

Mas o meu coração é tão mal
Que ele apenas me deixa viver
E fazer dele tudo o que eu esperava
Que ele fizesse por mim.

Por dentro de dois mundos

⁠Meu quarto escuro habita em mim
No meio de todos sempre só
Já se tornou habitual não saber o que é nós.

Como mudar-se de mim?
O alívio se torna um vazio existencial
Que absorve metade do potencial.

Meu bem está em qualquer bem
Que eu cause a pessoa de bem
A distância do que procuro é equivalente ao não saber
Do que eu preciso ou quero
O final é sempre o mesmo
Mesmo que não tenha final.

Sou passageiro de histórias
De pessoas que precisam
De capítulos em suas vidas.

Vejo mas não enxergo
Escuto mas não ouço
De tudo que posso ser
Sou apenas um pouco.